A ESCRITA DA HISTÓRIA, ENSINO E FORMAÇÃO COMO EVENTOS E PRÁTICAS DE LETRAMENTOS
Primeiras
palavras
As práticas de
oralidade, leitura e escrita estão circunstanciadas por alguns aspectos desse
letramento. Rojo [2008], em diálogo com Street, aponta a “heterogeneidade das
práticas sociais de leitura, escrita e uso da linguagem em geral em sociedades
letradas e tem insistido no caráter sociocultural e situado das práticas de
letramento” [p. 582], concebendo assim “múltiplos letramentos que variam no
tempo e no espaço, mas que também são contestados nas relações de poder”
[STREET. 2003, p.77, apud ROJO. 2008, p. 582].
Buscamos pensar as
práticas de letramento circunstanciadas pelas relações de poder que constituem
a identidade sócio-histórica da universidade e de suas seleções culturais que
se desdobram no currículo. Dessa maneira, compreendemos práticas de letramento
como ações individuais ou coletivas marcadas pelo uso da leitura e da
escrita. Assim, as pessoas estão
permeadas pelo situado de tais práticas e pela valoração e compreensão que
essas ações possuem em suas dinâmicas sociais e culturais. Em suma, as práticas
de letramento estão inseridas nas atividades cotidianas da vida, e não somente
na escola e no trabalho, sendo tratadas de formas múltiplas por seus vários
usuários [BARTON, 2007] e ocorrendo de formas distintas de pensar e fazer a
leitura e a escrita em diferentes situações socioculturais [STREET, 2003].
Podemos compreender a história como uma prática de letramento, pois é
desenvolvida mediante um conjunto de atividades que envolvem a língua escrita e
que estão circunstanciadas e regradas por campos discursivos que impõem uma
estética enunciativa.
Eventos
e práticas de letramentos
“O passado já passou,
e a história é o que os historiadores fazem com ele quando põem mãos à obra. A
história é o ofício dos historiadores [e/ou daqueles que agem como se fossem
historiadores]. Quando os historiadores se encontram, a primeira coisa que
perguntam uns aos outros é: “No que vocês estão trabalhando? Esse trabalho,
expresso em livros, periódicos etc., é o que você lê quando estuda história.
Isso significa que a história está, muito literalmente, nas estantes das
bibliotecas e de outros lugares [...] A história [historiografia] é um
constructo linguístico intertextual.” [JENKINS, 2009, p. 25-26]
Jenkins [2009] nos
auxilia na tessitura do argumento que temos como fundante deste artigo, isto é,
que a história e o ensino de história são práticas de letramentos. Como
prática, a escrita da história se materializa em alguns suportes textuais, tais
como, livros, revistas, enciclopédias, dicionários, relatórios e etc. Estes
suportes se compõem de eventos de letramentos que se constituíram na cultura
escrita.
Os eventos de
letramento são atividades particulares em que o letramento tem um papel e podem
ser atividades repetidas, as práticas de letramento, no entanto são modos
culturais de utilização do letramento aos quais as pessoas recorrem num momento
letrado [STREET, 2014]. Existem eventos que não se circunscrevem ao uso da
palavra grafada, mas se materializam em outras possibilidades e modalidades de
leitura e escrita.
O conceito de práticas
de letramento é construído por Street [2014] em diálogo com o conceito de
eventos de letramento desenvolvido por Heath [1982]. Segundo Street [2014], o
termo ‘práticas de letramento’ descreve “especificidade dos letramentos em
lugares e tempos particulares” [STREET, 2014 p.18]. Isto significa dizer que as
práticas de letramento se referem às situações cristalizadas no interior de uma
cultura ou de uma sociedade do uso da língua escrita.
Os eventos de
letramento tal como afirma Heath, entretanto, se referem a “qualquer ocasião e
que um trecho da escrita é essencial à natureza das interações participantes e
seus processos interpretativos” [HEATH, 1982 Apud em STREET, 2014 p.18].
Portanto, os eventos de letramento se realizam no momento em que nos utilizamos
da língua escrita em uma situação social.
Ainda segundo Street:
“O conceito de
“práticas de letramento” se coloca num nível mais alto de abstração e se refere
igualmente ao comportamento e às conceitualizações sociais e culturais que
conferem sentido aos usos da leitura e/ou da escrita. As práticas de letramento
incorporam não só “eventos de letramento”, como ocasiões empíricas às quais o
letramento é essencial, mas também modelos populares desses eventos e as
preconcepções ideológicas que os sustentam.” [STREET, 2014 p.18.]
Isso significa dizer
que os eventos de letramento que se repetem e assumem uma configuração própria
no interior de uma sociedade, como ler um livro ou escrever uma carta se
constituem como prática de letramento. A realização destas práticas inseridas
em contextos específicos de produção se estabelecem como eventos de letramento.
Assim, entendemos o
letramento como um conjunto de práticas e eventos do qual nos utilizamos da
língua escrita em variadas situações em diferentes contextos sociais, tal como
afirma Lemke [2010]:
“Um letramento é
sempre um letramento em algum gênero e deve ser definido com respeito aos
sistemas signos empregados, às tecnologias materiais usadas e aos contextos
sociais de produção, circulação e uso de um gênero particular.” [LEMKE: 2010
Apud in ROJO: 2015]
Deste modo, no
interior das instituições de ensino, de forma generalizada, vão se construindo
eventos e práticas de letramento inerentes à interação social vivenciada nesta
esfera de atividade humana; e neste sentido, assinalamos que o ensino de
História, tal como o de qualquer outra disciplina, se constitui enquanto
prática e evento de letramento à medida que promove a construção de práticas
letradas específicas ao contexto que se realiza primordialmente no espaço da
sala de aula. Da mesma forma, a escrita da História se estabelece como prática
de letramento experenciada e construída através dos tempos, posto que se
desenvolve como prática social de leitura e escrita.
Retornemos à citação
inicial dessa seção, ao chamarmos Jenkins para o debate e colocando, em
destaque a citação, estamos nos restringindo somente à cultura letrada
circunscrita aos textos escritos, mas destacamos que com os novos suportes que
a tecnologia nos municiou na atualidade, esses possibilitam outros eventos que
Jenkins não indica em seu texto.
Estes outros suportes
– blogs, vlogs, sites, canais no You Tobe, Podcast e etc. – são lugares também
de construção e divulgação da histórica em suas múltiplas facetas. Trazendo
para o campo discursivo da história letramentos outros que os historiadores têm
ocupado gradativamente.
Este ocupar outros
lugares exigem outras formas de produção letrada e um diálogo com campos
discursivos antes não vislumbrados como legítimos até então na história. O
historiador é chamado a dois movimentos fundamentais na atualidade: 1.
Considerar outras formas de fontes e assim diferentes processos de análise
antes inexistentes; 2. Outras formas de escrita e públicos distintos para a
historiografia vigente têm se debruçado e expressado a materialidade do ofício
do historiador.
“As práticas de
leitura e produção de textos [incluindo-se também as formas legitimadas de
falar sobre os textos] são também específicas de um determinado grupo
sociocultural ou profissional. Essas práticas estão determinadas pela situação,
pela instituição e pelo contexto social mais amplo” [KLEIMAN; MORAES, 1999, p.
93].
Os historiadores ao
escreverem seus artigos, verbetes de dicionários, resenhas e outros tantos
eventos consagrados pela academia transitam por um campo discursivo
profissional. Esses eventos de letramento não são de domínio exclusivo do
historiador, há outros profissionais que utilizam esses gêneros textuais; entretanto, não podemos negar que a história assim como
outros lugares de fala e escrita marcam uma identidade sociocultural que se
materializa na estética de sua escrita, isto é, nas práticas de letramento
construídas.
“... a história no
entanto, não se pode duvidar disso, tem seus gozos estéticos próprios, que não
se parecem com os de nenhuma outra disciplina. É que o espetáculo das
atividades humanas, que forma seu objeto específico, é mais que qualquer outro,
feito para seduzir a imaginação dos homens. Sobretudo quando graças a seu
distanciamento no tempo ou no espaço, seu desdobramento se orna das sutis
seduções do estranho “ [BLOCH, 2001, p. 44].
Bloch [2001] já
anuncia essa escolha discursiva e a identidade que o campo usa para legitimar o
que escreve, e assim produzir uma identidade cultural letrada profissional
própria. Podemos em diálogo com Bakhtin pensar a palavra que constitui a
historiografia como carregada de valores semióticos e ideológicos [BAKHTIN,
2003].
A prática letrada que
constitui a escrita da história possui uma face profunda de sua identidade
branca, letrada e elitista. Marcada pelo “...princípios sobre os quais continua
se apoiando essa velha senhora europeia que chamamos de história [GRUZINSK,
2000, p. 387]”
A história traz assim
modos de escrita que constituem esse lugar social que ocupou e ocupa, isto é,
uma prática letrada que vem marcada pela sociedade ocidental, burocrática e
industrializada. Um letramento dominante [STREET, 2014], que exige
tradicionalmente de seus produtores e leitores uma imersão cultural de caráter
hegemônico e urbano.
“...O texto do
historiador aparece, em primeiro lugar, como um texto pleno. Essa é a
consequência de sua própria construção, de sua criação de enredo. Ele possui
sua coerência própria, sua estrutura, que constitui, por si só, uma
argumentação e indica as teses que pretende demonstrar. O plano de um livro de
história é, a um só tempo, o esboço de uma narração e o de uma argumentação...”
[PROST, 2008. p. 236]
Prost [2008], ao
apresentar que um livro de história em um só tempo é narração e argumentação
está anunciando como este campo discursivo constrói suas práticas letrada e
assim estabelece valoração e validez.
Ele exibe o significado do letramento para uma parcela da sociedade, a
nosso ver a parte dominante que como já apresentamos tem uma face bem definida.
Porém, pessoas distintas possuem compreensões diferentes e práticas distintas
de construção do passado.
O modelo de letramento
de escrita da história indicado por Prost não pode ser generalizado ou tomado
como único, entretanto, não podemos negar que ele possui uma aderência e
aceitação em uma grande parte da academia. A escrita da história dominante se
constitui assim uma identidade letrada e uma forma de compreender o passado e o
tornar inteligível. Existem, porém,
outras possibilidades de construir narrativas e assim construir outros
passados. Nesse sentido, podemos afirmar que a historiografia vigente deve ser
compreendida como um modelo de letramento dominante na história.
Como modelo dominante
da história é uma prática de letramento, e possui suas marcas do campo e
elementos semióticos e ideológicos:
“Um signo não existe
apenas como parte de uma realidade; ele também reflete e refrata uma outra. Ele
pode distorcer essa realidade, ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um ponto de
vista específico, etc. Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação
ideológica [isto é: se é verdadeiro, falso, correto, justificado, bom, etc.]. O
domínio do ideológico coincide com o domínio dos signos: são mutuamente
correspondentes. Ali onde o signo se encontra, encontra-se também o ideológico.
Tudo que é ideológico possui valor semiótico” [BAKHTIN, 2002, p. 32]
A escrita da história
se constrói neste espaço semiótico, que o valor está em disputa de sentidos e
validade. Nesta perspectiva, a narrativa do passado possui um acabamento
ideológico no campo discursivo que o constitui.
“Todo enunciado
concreto é um elo na cadeia da comunicação discursiva de um determinado campo.
[...] Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos
enunciados precedentes de um determinado campo [aqui concebemos a palavra
“resposta” no sentido amplo]: ela os rejeita, confirma, completa, baseia-se
neles, subentendendo-os como conhecimentos, de certo modo os leva em conta.
Porque o enunciado ocupa uma posição definida em uma dada esfera da
comunicação, em um dado assunto, etc. é impossível alguém definir sua posição
sem correlacioná-la com outras posições. Por isso, cada enunciado é pleno de
variadas atitudes responsivas a outros enunciados de dada esfera de comunicação
discursiva” [BAKHTIN, 2003, p. 296-297]
Na história,
percebemos a palavra como múltipla, polissêmica e intersubjetiva, de
constituição híbrida, contingenciada pelo tempo-espaço sócio-histórico e
permeada pelas disputas de poder. As palavras, muitas vezes, ao serem
proferidas, obliteram o significado primeiro erguido e se transformam em um
signo diferente, constituído no processo de significação. Ao mesmo tempo, o
sentido só se torna compreendido por seus ecos com o passado, isto é, o signo
só é reconhecido porque reflete um significado agregado em seu enunciado e
pertencente ao seu “campo de criatividade ideológica” [BAKHTIN, 2002, p.33]. O
espaço da história, dessa maneira, em uma “arena polifônica”, em uma “arena de
luta”, em que se confrontam as realidades dos atos argumentativos perpassados
por questões de orientação ideológica.
Retomemos o que
afirmamos no início desta seção, isto é, que a história é uma prática de
letramento, que sua escrita se estabilizou em eventos socialmente aceito por
seu campo discursivo. Desta forma, a historiografia, ação do historiador, ou
melhor produto do ofício do historiador, se constitui em uma cultura letrada.
Tento esses elementos como princípio, afirmamos que a história, sua escrita e a
historiografia são práticas de letramentos dominantes, isto é, um letramento
calcado em um campo discursivo que se constituiu na sociedade ocidental
[STREET, 2014].
Acreditamos ser
fundamental compreender essa dinâmica de produção de letramento na história.
Compreender a história como prática de letramentos de caráter dominante é
fundamental para o desdobramento desta no processo de ensino e na formação de
professores e nas práticas cotidianas escolares da história ensinada.
Palavras
finais e seu desdobramento para pensar a formação de professores
“...O modelo
ideológico alternativo de letramento oferece uma visão com maior sensibilidade
cultural das práticas de letramento, na medida que elas variam de um contexto
para outro. Esse modelo parte de premissas diferentes das adotadas pelo modelo
autônomo – propondo por outro lado que o letramento é uma prática de cunho
social, e não meramente uma habilidade técnica e neutra, e que aparece sempre
envolto em princípios epistemológicos socialmente construídos...” [STREET,
2003, s/p]
As práticas de
letramento são sócio-historicamente situadas, impactadas pelo tempo-espaço que
constitui a academia como lugar de ensino das técnicas de leitura e escrita,
isto é, não se pode compreender as práticas de letramento como algo exterior ao
currículo em seu sentido lato. As práticas de letramento acadêmico se
constituem no tempo-espaço em que os modelos de letramento estão sempre em
disputa por supremacia e legitimação.
Graff [1990] afirma,
de forma enfática, que a moeda corrente da escola é o letramento. Isso
significa que os processos de ensino e aprendizagem estão marcados por essa
concepção grafocêntrica de sociedade e ensino [MORTATTI, 2004]. O autor também
denuncia a concepção difundida na sociedade em relação ao letramento:
“O alfabetismo, na
minha opinião, é profundamente mal entendido. Essa é uma consequência natural
da duradoura tirania do “mito do alfabetismo”, o qual, juntamente com outros
mitos sociais e culturais, tem tido, naturalmente, suficiente base na realidade
social para poder assegurar sua disseminação e aceitação...” [GRAFF, p. 32,
1990]
O princípio do mito do
letramento é que o domínio do código proporciona ao letrado um trânsito
competente pelos múltiplos textos existentes. Entretanto, nessa perspectiva, as
práticas tradicionais difundidas pela academia “não avaliam as implicações
conceituais que a questão do [letramento] apresenta, e ignoram – muitas vezes
de forma grosseira – o papel vital do contexto sócio-histórico [GRAFF, p. 32,
1990]”. O mito do letramento é profundamente difundido em diferentes setores
sociais e muito presente no senso comum acadêmico. Geralmente, a compreensão
que diferentes atores da universidade possuem em relação às práticas letradas
se baseia nessa premissa, isto é, a de que todos os sujeitos alfabetizados são
capazes de ler e escrever com autonomia qualquer texto, independente do campo
discursivo pertencente.
“Estudos recentes têm
mostrado, por exemplo, que quando se trata de conseguir emprego o nível de
letramento é menos importante que aspectos de classe social, gênero e etnia: o
baixo letramento é mais provável um sintoma de pobreza do que uma causa”
[STRETT, 2014, p. 34]
Essa concepção
perpetua práticas letradas que não percebem a peculiaridade dos diferentes
atores e de suas bagagens de letramentos. Ao conceber que todos os sujeitos
alfabetizados possuem o mesmo grau de letramento, ignora-se que campos
discursivos distintos possuem estética e relações diferentes com a palavra oral
e escrita, a formação de professores está calcada em uma prática letrada
dominante e como tal não percebe a dimensão cultural que são trazidas por estes
professores-alunos.
Graff [1990, 1994],
ainda, salienta a necessidade da compreensão acerca destes contextos dos atores
letrados, visto que a palavra possui valores e sentidos distintos em contextos
diferentes. Bakhtin ajuda no entendimento dessa questão:
“... classes sociais
diferentes servem-se de uma mesma língua. Consequentemente, em todo signo ideológico
confrontam-se índices de valores contraditórios. O signo se torna a arena onde
se desenvolvem a luta de classes. Esta plurivalência social do signo ideológico
é um traço da maior importância. Na verdade, é este entrecruzamento dos índices
de valor que torna o signo vivo e móvel...” [BAKHTIN, 2010, p. 47]
Os participantes da
comunicação, em sua dinâmica social, são ativos na produção de enunciados
escritos e orais que, ao serem apreendidos pelos distintos atores, ganham a
acentuação própria do sujeito que os compreende, marcado pelo mundo que o
constitui e por sua subjetividade em ato. “A palavra da língua é uma palavra
semialheia. Ela só se torna ‘própria’ quando o falante a povoa com sua
intenção, com seu acento, quando através do discurso, torna-a familiar com sua
orientação semântica e expressiva” [BAKHTIN, 1998, p. 100].
A palavra, na
História, possui uma carga de sentidos e significados tecidos em processos
sócio-históricos e disputas políticas e de poder [AZEVEDO, 2015]. Nesse
sentido, ao proferir a palavra no espaço de formação dos professores de
História, o sujeito carrega em seus enunciados – sejam orais, sejam escritos –
uma série de palavras semialheias que trazem em si marcas das disputas e dos
valores que as adensaram de sentido.
Os enunciados orais e
escritos, no processo de ensino e aprendizagem, muitas vezes são naturalizados
e revestidos do senso comum com base no mito do letramento. Esses eventos
enunciativos constituem práticas de letramento planificadas e
descontextualizadas do lugar socialmente constituído o que materializa a
formação, produzindo, assim, a manutenção do status quo e o afastamento de
camadas sociais que não trazem consigo essa palavra como uma bagagem social
constituída, nem trazem uma palavra também significada de outros sentidos
considerados incorretos pelo campo discursivo universitário.
Referências
Drª Patricia Bastos de
Azevedo é uma mulher trabalhadora e mãe. Professora UFRRJ, mestre em Educação
pela UFF e Doutora em Educação pela UFRJ. Professora da graduação nos cursos de
História e Pedagogia. Professora do corpo permanente do Mestrado Profissional
em Ensino de História e do Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em
Educação Contextos Contemporâneos e Demandas Populares. Líder do Grupo de Pesquisa
Currículo, Cultura e Política e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Oficinas da
História.
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Olá Patrícia, parabéns pelo texto. Até onde entendi, você identifica na História uma prática de letramento própria, aceita dentro do seu próprio contexto e que não pode ser desconsiderada quando se pretende ensinar a disciplina. Minha formação é História, não Educação, mas penso que o direito de acesso ao passado é um direito de todos e muitas vezes, na ausência de fontes confiáveis, as pessoas acabam consumindo esse passado por vias questionáveis, filmes, mídias digitais, etc. Uma vez que o discurso histórico é muitas vezes inacessível (mas os historiadores dispõem da metodologia histórica para a produção do conhecimento), qual sua opinião sobre o assunto?
ResponderExcluirAss: Gisele Oliveira Ayres Barbosa
Olá, agradeço sua intervenção, também sou historiadora de formação, e minha pesquisa está no campo do ensino de história.
ExcluirO passado é mediado por suportes orais, escritos ou imagético. O campo discursivo que constrói a narrativa do passado pode se aproximar mais das condutas científicas do fazer história ou não. Os filmes, livros, gibis, blogs, etc. também produzem narrativas sobre o passado e influenciam a compreensão de seu público. Como campo discursivo a história produzida na academia possui algumas marcas próprias e identitária, e constitui uma cultura letrada. Ao ensinar história o professor deve saber que ele está letrando seu aluno neste campo discursivo, neste sentido a prática pedagógica deve considerar esse princípio e construir possibilidade de compreensão, entre elas aproximar este aluno do campo de cultura letrada que a história se constitui.
Mas destaco que existe também uma cultura juvenil que muitos professores desconhecem e ao desconhecerem tem dificuldade de fazer aproximações, analogias e metáforas. E a história as vezes parece incompreensiva para alguns.
A metodologia histórica para produzir historiografia está também impactada pelos suportes tecnológicos e letrados que possuem, neste sentido toda historiografia é um produto de uma prática letrada que é impactada pelas relações de força e poder.
Espero ter conseguido responder sua questão.
Sim, e acrescentou outras ponderações. Obrigada!
ResponderExcluirBoa noite! Seu trabalho é maravilhoso! Como se faz para associar a marca identitária ao letramento? A senhora citou alguns exemplos acima. Mas em sala de aula?
ResponderExcluirLuciane Pires Felipe