Richard Batista Silveira


APRENDENDO HISTÓRIA COM OS CONTOS DE FADAS: DIÁLOGOS TRANSVERSAIS ENTRE ENSINO DE HISTÓRIA E LITERATURA INFANTO-JUVENIL




Segundo Arroyo (2011) “literatura infantil“ é uma publicação destinada às crianças, que antigamente aconteciam de maneira primitiva, ou seja, por transmissão oral, isso bem antes da existência de livros e revistas. Muito tempo depois, foram transpostos para documentos escritos, bem como preparados para leitores jovens.

Para compreender melhor a inserção dos contos de fadas na Educação infantil pressupõem fazer um breve e apanhado histórico da literatura infantil. A literatura é a arte de ouvir e dizer que já nasce com o homem. Ela está na história da humanidade e a acompanha desde o seu surgimento. Sobre isso, Ana Arguelho de Souza aponta que: “Literatura é antes de tudo engenharia de palavras. [...] ela nasce da necessidade de os homens, desde as origens, registrarem e compartilharem suas experiências, fantasias e, mais do que isso, valores e ensinamentos transmitindo-os para as gerações vindouras.” (SOUZA, 2010, p.9)

É possível perceber nas palavras da autora que a literatura existe desde os primórdios da humanidade e esta tem o objetivo de transmitir valores e ensinamentos às gerações futuras. A literatura infantil só veio ser reconhecida no final do século XVII e durante o século XVIII, época em que as crianças eram vistas como adultas em miniaturas, isto é, vestiam, falavam e se comportavam como adultos. Em relação a isso, Cunha destaca que “A história da literatura infantil começa a delinear-se no exercício do século XVIII, quando a criança pelo que deveria passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos a receber uma educação especial que a preparasse para a vida adulta.” (CUNHA, 1999, p.22)

Antes disso, a criança vivia a vida do adulto, inclusive compartilhava da mesma literatura. Pois, não havia um livro se quer dirigido especificamente a este público. Segundo Lajolo e Zilberman (2007, p.14) “as primeiras obras publicadas visando ao público infantil apareceu no mercado livreiro na primeira metade do século XVIII”.

Partindo deste pressuposto, os estudiosos da época passaram a se preocupar com as crianças e buscaram meios que pudessem distancia-las da vida dos mais velhos para que recebessem uma educação especial. Por volta da segunda metade do século XVIII, houve uma transformação na sociedade, surgiram novos valores, e uma nova classe social estava surgindo: a classe burguesa.

Como se percebe, a ascensão da família burguesa precisou reorganizar o sistema de ensino junto à nova percepção acerca da infância na sociedade, dessa forma surgiu o conceito de literatura infantil: “A literatura infantil é antes de tudo literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário o real, os ideais e suas possíveis/impossível realização.” (COELHO, 2000, p.27).

Para a autora, a literatura infantil é antes de tudo uma arte que consegue representar o mundo, as ações dos homens através das palavras, e essas palavras tem a capacidade de fazer uma junção prática entre a vida real e o imaginário, bem como as realizações possíveis e as impossíveis.

Na concepção de Frantz “A literatura também é fantasia, é questionamento, e dessa forma consegue ajudar a encontrar respostas para as inúmeras indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor, a capacidade de percepção das coisas.” (FRANTZ, 2001, p.18).
        
A literatura infantil tem como um de seus principais objetivos a transmissão de valores aos novos modelos de família, uma vez que a literatura pode ser entendida como uma forma de transmissão de cultura e valores para as novas gerações: “A literatura para crianças e jovens expandiu-se como gênero literário a partir do momento em que a infância passa a ser diferenciada, mas também um período da existência com características singulares, que requer cuidados especiais e atendimento particularizados. Isto é não transcorreu antes, do século 18, na Europa e do século 20 no Brasil.” (ZILBERMAN, 1985, p.98).

As crianças da nobreza liam os grandes clássicos orientados pelos pais, já as crianças das classes menos favorecidas liam lendas e contos folclóricos conhecidos como literatura de cordel. Para atingir ao público infantil, esse tipo de literatura teve que sofrer adaptações e os contos folclóricos serviram de inspiração para os contos de fadas.

A literatura infantil foi trazida para a vida das pessoas a partir do momento em que as mães contavam histórias para seus filhos, histórias que pareciam ser inventadas, pois não haviam registros escritos. Inspirado nessas histórias, Charles Perrault teve a ideia de registrar histórias da sua época e assim ficou conhecido como o pai da literatura na França.

Segundo Coelho (1998), quando Perrault começou a fazer adaptações sua intenção não foi criar uma literatura destinada à criança, Radino  afirma isso quando diz que: “Perrault escreveu seus contos para a corte de Versalhes e não para crianças, mas suas histórias retratam uma nova concepção de infância que estava, naquele momento, se consolidando.” (2003, apud. SOUZA; FEBA, 2011, p.100)

Apenas com a publicação dos Contos da Mãe Gansa (1697), é que Perrault se dedica inteiramente a uma literatura destinada aos infantes. Dentre suas obras encontra: A bela adormecida, Cinderela, Chapeuzinho vermelho, Barba azul, Henrique do topete, O gato de botas, as fadas, A gata borralheira, O pequeno polegar, entre outros. Autores com suas respectivas obras também fizeram parte da origem da literatura infantil La Fontaine (O Lobo e o Cordeiro); Irmãos Grimm (Gata borralheira, Branca de Neve, Os Músicos de Bremen, João e Maria, etc.) Andersen (O Patinho Feio, O soldadinho de chumbo), Esopo (A lebre e a tartaruga, O lobo e a cegonha, O leão apaixonado).

No Brasil, a literatura infantil teve origem por volta do século XIX, com as obras de Carlos Jansen, Figueiredo Pimentel, Olavo Bilac, Coelho Neto e Tales de Andrade. No entanto, é com o escritor infantil Monteiro Lobato, com seu primeiro livro “Narizinho Arrebitado” que se inicia de fato a literatura infantil no Brasil. Segundo Souza e Feba (2011) as produções destinadas aos pequenos só adquiriram maioridade com Monteiro Lobato.  Cademartori (1986), afirma isso quando diz que Monteiro Lobato veio através das suas obras superar preconceitos históricos que se tinha com as obras destinadas a criança na época: “Monteiro Lobato cria, entre nós, uma estética da literatura infantil, sua obra constituindo-se no grande padrão do texto literário destinado à criança. Sua obra estimula o leitor a ver a realidade através de conceitos próprios. Apresenta uma interpretação da realidade nacional nos seus aspectos social, político, econômico, cultural, mas deixa, sempre, espaço para a interlocução com o destinatário.” (CADEMARTORI, 1986, p. 51).

Diante disso, chega-se a conclusão do quanto Monteiro Lobato contribuiu para a literatura infantil, deixando grandes obras para que os professores pudessem estimular seus alunos à prática de leitura e resgatar os valores e significados dos contos de fadas na vida das crianças.

A origem dos contos de fadas
Os contos de fadas são narrativas que acompanha os povos desde a antiguidade e que até os dias hodiernos encantam público de todas as idades. De acordo com os registros históricos, inicialmente os contos de fadas não foram destinados às crianças, eram na verdade contos de tradição oral utilizados para entreter os adultos e que logo passaram a ser adaptados oralmente pelas mães e até mesmo por outras pessoas qual estavam encarregadas de cuidar das crianças.

Na verdade, eram histórias inventadas pelas camponesas nos poucos tempos que lhes restavam de diversão.  As versões infantis só vieram surgir alguns anos depois, quando a sociedade passou a valorizar a criança e assim aconteceu uma revolução na educação e os estudiosos da época passaram a se preocupar em cuidar da educação da criança.  E assim que surgiram os contos de fadas infantis, um novo olhar foi se formando perante a humanidade. Segundo alguns autores, os contos de fadas, que vem passando de geração a geração, foram criados no século II a. c. por meio da oralidade pelos povos celtas: “O conto de fadas é de natureza espiritual/ética/existencial. Originou-se entre celtas, com heróis e heroínas, cujas aventuras estavam ligadas ao sobrenatural, ao mistério do além-vida e visavam a realização interior do ser humano. Daí presença da fada, cujo nome vem do termo latino “fatum”, que significa destino.” (COELHO, 2000, p. 173).

Sendo uma narrativa baseada em lição de vida, os contos de fadas têm o poder de encantar e despertar na criança a imaginação acredita-se que aconteça devido a grande presença de fadas nas histórias infantis.

Voltado para uma cultura mística, os povos Celtas valorizam o ser fantástico, por isso que as fadas fazem parte das histórias mais antigas. A autora Nelly Novais Coelho (2000) explica que o geógrafo que viveu no século I, Pomponius Mela, afirma que existiam na ilha de Sena, nove virgens dotadas de poder sobrenatural, meio Ondina (gênio da água) e meio profetisa, com suas invocações e com seus cantos imperavam sobre o vento e o oceano Atlântico e assumiam várias encarnações e curavam os enfermos além de proteger os navegantes.  Elas receberam os nomes de fada.

As fadas são seres que nasceram na imaginação dos homens e são pertencentes à área dos mitos sendo que este surgiu para explicar aquilo que o homem não consegue entender tal qual a razão. Desde o principio, o homem tinha certa consciência de que existia uma força misteriosa que detinha poder sobre os fenômenos. Segundo Coelho (2012), as fadas apresentam-se como imagem feminina dotadas com poderes sobrenaturais capaz de interferir na vida dos homens a fim de auxiliares em situações-limites quando não há possibilidades de solução natural possível. A presença de este ser místico é muito importante nas histórias infantis, pois tem a função de prever e prover o futuro de algum ser, lembrando que, nas versões originais não existia a presença das fadas.

A literatura que tem como público alvo as crianças começam a ser produzida em meados do século XVII, antes desse período o mundo europeu ainda era historicamente mergulhado nas sociedades feudais, onde as crianças não eram reconhecidas como detentoras de características peculiares a esse momento de desenvolvimento humano. Ao longo dos anos, o sistema feudal foi entrando em colapso e a família acabou se condensando mais e as crianças começaram a ser vista como seres biologicamente mais frágeis, e dessa forma tendo sua atuação no cenário da produção cada vez mais reduzido, tornando-as dessa forma seres cada vez mais dependentes dos adultos.

Os Contos de Fadas contribuíram de forma significativa para a Literatura Popular das comunidades europeias. A partir do século XVII, eles começaram a ser recuperado, compilado e adaptado pelos autores Perrault, La Fontaine, os irmãos Grimm entre outros autores que deram um toque mágico deixando-os mais atraente e encantador, já que a sua origem remota as mais macabras histórias que vai desde a violência à sexualidade e canibalismos. Para esses autores, essas narrativas maravilhosas trazem marcas que são eternas e por mais que o tempo passe continua a encantar a todos, não importa a idade: “Os contos de fadas fazem parte desses livros eternos que os séculos não conseguem destruir e que, a cada geração, são redescobertos e voltam a encantar leitores ou ouvintes de todas as idades. ” (COELHO, 2012, p. 27).
Embora tenha havido diversos avanços ocorridos no século XVII, foi apenas no século XVIII, na Alemanha que surge a chamada Literatura Clássica Infantil, que lançou mão das contribuições dos irmãos Grimm para a formatação dessa literatura, haja vista, os irmãos obtiveram suas histórias a partir da narrativa, lendas e sagas dos povos alemães. A oferta de livros se ampliaram e ampliaram também os acervos acerca da temática da literatura infantil, Hans Christian Andersen foi um relevante escritor dinamarquês que publicou diversos livros voltado para o público infantil na segunda metade do século XIX, esse autor destaca-se pela forma em que se dirige as crianças, com uma linguagem de fácil compreensão e uma forma amorosa de instruir as crianças a respeito do seguimento das crenças cristãs, suas principais obras tem como objetivo fazer a criança compreender que a vida passa por uma série de provações e que é dever do ser humano passar por essas provações para alcançar o céu.

Já na Idade média e início da Idade Moderna, os contos de fadas passaram a fazer parte da literatura popular da maioria da população na Europa, levando sempre em consideração que a maioria das histórias eram frutos de um processo de transmissão cultural, após serem reunidas, as narrativas eram adaptadas pelos escritores que lhe davam um tom mais elegante e uma linguagem mais adaptada a realidade, formulando assim, a literatura infantil que conhecemos hoje.

Na idade média as crianças começam a ser valorizadas no somatório de suas ideologias, levando em consideração o modelo burguês de família, surge também a necessidade de manipulação dessas ideias e emoções, é justamente nesse cenário que a literatura infantil é inserida no contexto escolar, a escola e a literatura se unem para atender essas demandas. Segundo Coelho (1997), uma pequena amostra desse potencial de manipulação, é que os primeiros textos literários voltado para crianças tinham um caráter educativo, sendo assim, a literatura não era adotada na escola com o sentido de inserção da arte, mas, como uma atividade que tinha como objetivo ditar determinadas regras as crianças.

Dessa forma podemos perceber que os contos de fada têm um calor imensurável no processo de educação das crianças, entretanto o processo de desenvolvimento dessas histórias ao longo do tempo, nos mostra que sua função não era basicamente encantar ou dar lição de moral, mas, servir como uma ferramenta para a manipulação das crianças por parte dos adultos. Entretanto, mesmo envolto dessas caraterísticas, os contos de falas encantavam e até hoje possui um enorme potencial de encantar as crianças.

A literatura dos contos de fadas no Brasil: uma análise histórica
No Brasil a literatura começa a ser inserida na realidade da população em meados do século XX, as obras brasileiras têm em comum com as europeias o fato de abordar a realidade que é vivenciada no cotidiano dos habitantes do Brasil, bem como as injustiças e as mazelas que existem na sociedade brasileira desse período, sendo assim, não é difícil percebermos o fim triste que os contos brasileiros têm.

Lojolo (2002) afirma que logo após a implantação da imprensa Régia em 1808, os livros de literatura infantil começam a ser publicados, entretanto as obras ainda não poderiam ser consideradas satisfatórias para a composição de uma literatura propriamente destinadas as crianças.

Durante o século XX, o Brasil também assiste o processo de urbanização das principais cidades do país, com esse fato, o campo da literatura opta por adotar publicações mais modernas e que tinham como foco os diferentes públicos e suas faixas etárias, tendo como objetivo a mudança de ideias trazendo à tona uma visão mais urbana, rompendo com o ruralismo. Nesse momento, a sociedade brasileira começa a delegar as escolas a função de favorecer também esse rompimento, porém, através da educação, diante do exposto, entre os séculos XIX e XX surgem as primeiras obras didáticas e literárias com foco no público infantil.

Com o passar dos tempos, as obras literárias voltadas para o público infantil foram se tornando cada vez mais diversificadas, surgindo uma enorme variedade de livros com autores de diversas vertentes, como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Olavo Bilac, as obras desses autores tinham um diferencial, eles utilizavam a literatura para valorizar as características do país.

O Brasil do século XX passava por um processo de transformação, nesse momento desenvolvia-se um empenho maior pelo desenvolvimento da literatura infantil, havia uma grande necessidade de uma maior produção de obras voltadas para o processo de ensino aprendizagem e para a escolarização de crianças. Essa necessidade fez com que intelectuais, jornalistas e professores passassem a se debruçar nessa função e disponibilizar tais produções para o consumo das crianças. Embora as obras fossem embasadas no princípio do patriotismo, os autores eram remunerados e como muitas vezes eles estavam próximos dos governantes, a certeza do sucesso de suas obras era imediata.

Embora o Brasil ainda estivesse repleto de analfabetos na segunda metade do século XX, esse momento denota também um grande filão para os novos escritores, que era o de fazer carreira na área literária. Nessa fase de teórica prosperidade na área de criação de obras literárias no Brasil, os editores que tinham como principal objetivo alcançar o progresso, começam a se dedicar as publicações infantis e as escolares, Lobato foi um dos principais expoentes dessa literatura e um marco na criação de obras infantis no Brasil, ele é considerado um dos mais importantes autores que lutavam para a descoberta e pela conquista da identidade brasileira e da nacionalidade.

Os contos de fadas, segundo Kupstas (1993): são as mais antigas narrativas de um determinado povo, apesar de historicamente não serem destinadas para as crianças, configuram-se como mitos de diversos povos que são difundidos, tais como os mitos hindus, persas, judeus e gregos. Essas histórias eram inicialmente expressões narrativas de conflitos existentes entre os homens e a natureza, segundo Bettlheim:

“Os contos de fada, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. (...) declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da adversidade.” (BETTLHEIM, 2002, p.18)

Sendo assim, podemos perceber que os contos de fadas eram a representação mais mítica da vida de determinados povos, suas crenças, suas formas de viver permeadas de conflitos, aventuras e histórias que, no Brasil, muitas vezes poderiam ser interpretadas como inadequadas ao público alvo, que eram as crianças.

Em um primeiro momento, os contos tinham por finalidade exclusivamente o entretenimento de seus leitores, muitos anos depois, as sociedades compreenderam que poderiam utilizar os contos, e os relatos com uma finalidade mais educacional, levando em consideração que as crianças demonstravam um enorme agrado pelos contos, e de toda forma, a fantasia inserida nesses contos auxiliavam as crianças no processo de formação de suas personalidades.

Referências
Especialista em Produção de Mídias par Educação Online pela Universidade Federal da Bahia, Especialista em Educação Aberta e Digital pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e Universidade Aberta de Portugal, Graduado em História pela Universidade Estadual de Santa Cruz 

ARROYO, Miguel Gonzáles. Currículo, território em disputa. Petrópolis/RJ: Vozes, 2011, p. 21-52
COELHO, Betty. Contar Histórias Uma Arte Sem Idade. São Paulo. Ática, 1997.
COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. 3 ed. São Paulo: Ática, 1998. Série Princípios.
______, Nelly Novaes. Literatura Infantil Teoria Analise Didática. 7º edição. São Paulo. Moderna, 2005.
______. Literatura infantil: Teoria, análise, didática/ São Paulo: Moderna, 2000.
______. O conto de fadas: Símbolos – mitos – arquétipos. 4. ed. São Paulo: Paulinas, 2012. 
CUNHA, Maria Antonieta Antunes.  Literatura Infantil: Teoria e Prática. 18 ed. São Paulo: Ática, 1999.
CADERMATORI, Ligia O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1986. Coleção Primeiros Passos.
BETTELHEIM, Bruno A psicanálise dos contos de fadas. 16.ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 2002.
FRANTZ, Maria Helena Zancan. O ensino da literatura nas séries iniciais. 3 ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2001. Coleção Educação.
KUPSTAS Márcia. et ali. Sete faces do conto de fadas. São Paulo. Moderna, 1993. (Coleção Veredas).
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Literatura Infantil Brasileira: Histórias e histórias. 6 edições. São Paulo. Editora Ática, 2007.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6 ed. São Paulo: Ática, 2005. 109 p.
SOUZA, Ana Arguelho. Literatura Infantil na Escola. Campinas, SP: Autores Associados, 2010.
ZILBERMAN. Regina. Introduzindo a Literatura Infanto-Juvenil. V.2, n4 (1985) disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/indec.php/perspectiva/article/view/10106/932>. Acesso em 15 nov. 2016.

13 comentários:

  1. No texto há uma passagem que diz que o processo de desenvolvimento das histórias (contos de fadas) serviam, também, como uma ferramenta para a manipulação das crianças por parte dos adultos. O autor saberia me informar como, de fato, isso era feito? Uma outra dúvida é se, na mobilização desses contos no ensino de história, os professores poderiam trabalhar determinados períodos, como por exemplo, a sociedade da idade média, os modos, costumes e etc? Achei muito interessante a finalidade educacional que descobriram nos contos, porém, não ficou muito claro pra mim como funcionaria na prática a questão de usar os contos de fadas para aprender história.
    Mariana Freitas de Andrade.

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    1. Saudações Mariana, bastante pertinente suas perguntas, podemos sim trabalhar os contos de fadas contextualizando-os com diversos períodos históricos, idade antiga e o mesclar dos símbolos mitológicos, idade média e as literaturas de cavalaria...enfim, o professor pode e deve trabalhar os contos de fadas como instrumento para ilustrar suas falas acerca dos diversos períodos históricos.
      A questão da manipulação dos indivíduos a partir dos discursos nos diversos contos de fada se dá a partir do momento que entendamos as inclinações políticas e sociais daqueles que o escreveu, seu tempo histórico e sua visão de mundo, obviamente que meu texto não pretende generalizar, uma vez que o fenômeno da manipulação (em diversas períodos da história - inclusive o atual) potencialmente não atinge um indivíduo com visão crítica capaz de interpretar adequadamente o que lhe é apresentado, chegando a fazer inferências que relacionem a estória, o autor e sua época.

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  2. Olá,
    Achei bastante interessante a proposta do texto, no entanto, fiquei pensando na questão da mitologia e me veio a seguinte pergunta:
    qual a diferença entre o mito e o conto de fadas? É válido/produtivo tentar traçar uma comparação entre eles em sala de aula?
    Isabela Mendes Fechina

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    1. Saudações Isabela, respondendo as suas perguntas: O mito tradicionalmente se relaciona com uma ação criadora e de como o homem se relaciona com a criação, sendo ele mesmo também uma criação divina, assim esse tipo de literatura fala de um proposto gesto criador, já os conteúdos tratados pelos contos de fadas, por sua vez espelham ritos de iniciação e formas de como resolver os conflitos e os problemas. Tudo já existe e não há gesto criador.
      Entretando, Eliade em 1972, em sua obra "Mito e realidade~, afirma que: os mitos são freqüentemente misturados aos contos ou, então, aquilo que se reveste do prestígio de mito em uma tribo será apenas um simples conto na tribo vizinha.

      ELIADE, M. – Mito e realidade. São Paulo, Perspectiva: 1972.

      Em relação a validade em utilizar os contos de fada comparando-os com os mitos, acredito que seja extremamente válido, principalmente aos trabalharmos dentro do contexto dos povos da antiguidade e/ou da história oral.

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  3. Parabéns pelo texto e pela análise acerca dos contos de fadas. Confesso que é uma temática nova para minha pessoa, mas que muito me atrai. Tenho duas perguntas para lhe fazer que creio que sejam pertinentes para os historiadores. A primeira é acerca de como esses contos eram transmitidos, você relata que isso ocorreria oralmente e que muitos contos tinham o objetivo de instruir, educar. Será que poderíamos articular tal temática com o campo da Memória? Minha segunda pergunta é mais algo referente a perspectiva atual. Você cita alguns autores clássicos brasileiros, quando discute as obras no Brasil. Minha pergunta é, você conhece autores contemporâneos que podemos articular com a história em sala de aula?

    Agradeço a atenção.

    Glauber Paiva da Silva.

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    1. Saudações Glauber, os contos eram sim transmitidos como uma ferramenta de instrução, diferenciando-sem em pontos extratégicos dos mitos, a transmissão se dava através da oralidade - que obviamente favoreceu as transformações dos discursos ao longos do tempo. Essa "pegada" se torna um instrumento muito interessante para se trabalhar a questão da História oral e da memorialidade nessas análises, dentro desse campo não podemos nos esquecer de alguns trabalhos atuais que versam acerca das obras do Monteiro Lobato, que trás um discurso fantasioso, mas seus personagens (principalmente os humanos) são frutos dos seus tempos - retratando as camadas sociais e os tratos tidos por eles. Enfim, os contos se tornam uma ferramenta de análise histórica bastante interessante para nossos alunos compreenderem algumas dinâmicas políticas, econômicas e sociais.

      Richard Batista Silveira

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  4. Muito interessante o texto e a proposta estabelecida. Acho fascinante estudar e pensar o uso da literatura no Ensino de História e vice-versa, ainda mais utilizando de contos de fadas e histórias infantis. Meu questionamento está relacionado a isso, aos usos dos contos de fadas, eles poderiam ser utilizados como ferramentas indiretas na construção de identidades socioculturais dos sujeitos em formação (crianças) ou elementos formadores destas desde a infância? Além disso, os contos de fadas e as interpretações/adaptações contemporâneas deles podem ser entendidas como representações identitárias e formadora de consciências humanas para com toda a sociedade?
    Agradeço a atenção.
    Sandiara Daíse Rosanelli

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    1. Saudações Sandiara, os contos, assim como diversas literaturas em que crianças têm acesso tem sim o poder de formar opiniões e até definir alguns comportamentos, uma obra chamada a psicanalise dos contos de fadas, de Bruno Bettelheim (2002) faz uma análise bastante aprofundada dos elementos desses contos, desde sua relação com elementos de seu tempo, até mesmo suas tentativas de denuncias de eventos e fenômenos da época. Entretanto com o passar do tempo, essas obras sofreram algumas rupturas e metamorfoses, justamente para se adequar a política social dos seus potenciais leitores, algumas obras sofreram tantas adaptações que perderam seu real significado, e sua "lição de moral"acabou sendo alterada, sendo assim, podemos afirmar que esses contos são sim elementos formadores de opinião e que sofrem modificações para representar (ou ser aceita) por determinada sociedade em seu tempo e espaço.

      Richard Batista Silveira

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  5. Olá Richard Batista,
    Tudo bem? Parabéns pelo texto. Faz-nos ter outra visão sobre os contos, em especial os contos de fadas.
    Quando tratamos do tema conto de fadas, foge-nos o conceito deste gênero textual, isto se dá em razão da presença da palavra “fada” que automaticamente nos remete ao imaginário, ao sobrenatural, onde mistérios, feitiços e magia acontecem, lugar de encontro do belo e do grotesco. Este gênero textual esta bastante presente nas literaturas infanto juvenil com os mais diversificados temas. Desta forma, qual a relevância do gênero textual conto para o universo ensino e aprendizagem do aluno, e suas contribuições didáticas?
    Atenciosamente,
    Daniel Washington Oliveira da Silva

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    1. Saudações Daniel, realmente a palavra "fadas"parece retirar a seriedade e ao mesmo tempo a importância desse gênero de contos. Entretanto, não podemos deixar de lado a questão de que esses contos trazem consigo uma série de pontos interessantes, tais como a visão de mundo do seu escritor, a mensagem que ela tenta passar e até mesmo a sua forma de apresentar determinado fenômeno. A literatura cavalheiresca da Idade Média apresentava elementos que foram introduzidos em diversos contos, o heroísmo do alto escalão de determinadas castas, sendo mesclado com a fragilidade das mulheres que só poderiam ser "felizes para sempre"a partir do reconhecimento de seu príncipe, perpetuando o imaginário misógino de mundo, sendo assim os contos de fadas, em seus diversos discursos nas traz elementos interessantes para serem trabalhados em diversos períodos históricos, até mesmo levantando a questão da memória e da História oral.

      Richard Batista Silveira

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  6. Olá Richard, interessante a temática abordada em seu texto.Gostaria de lhe dar uma indicação, quando você fala sobre as primeiras obras publicadas no Brasil, você esqueceu de mencionar o livro "Contos Infantis em verso e prosa" da autoras Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira, que foi publicado em 1886, e é uma das primeiras obras originais do gênero de Literatura Infantil publicado no país. Além disso, achei um tanto desconexo o título do artigo com o que foi apresentado no texto, qual é a sua visão sobre a transversalidade entre ensino de História e Literatura infanto juvenil?
    Karoline Fin

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  7. Saudações Karoline, agradeço sua indicação, a questão da transversalidade entre o ensino de História e a literatura infanto juvenil está no fato de podermos trazer para nossa prática didática nos mais diversos temas alguns elementos da literatura, haja vista que o conto representa a visão de mundo e sociedade de indivíduo que o escreve, trazendo para sua literatura seus preconceitos e suas ideias, assim através desses elementos podemos ilustrar nossas falas. Como um exemplo posso citar o fato de que Charles Perreault viajou por várias regiões do interior da França em busca das mais tradicionais e antigas histórias populares nascidas durante a Idade Média, a mesma coisa fez os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, entretanto visitando vilarejos nos mais remotos recantos do interior da Alemanha. Lançaram mão da história oral e transformaram a seu tempo algumas dessas histórias, que traziam consigo conceitos e visões de mundo dos medievos. A transversalidade nesse campo se dá na capacidade de trabalharmos com esse tipo de literatura como ilustração de praticamente todos os períodos históricos.

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  8. Ivanize Santana Sousa
    Olá, Richard! Valiosa contribuição o seu artigo...costumo muito usar os contos de fada pelo fato de trabalhar no 7º ano a Idade Média e a formação do Feudalismo.Serve de fio condutor e daí, as coisas vão fluindo nas aulas. E, por outro lado, trazê-los à História do Brasil dá uma boa crítica mesmo quando você referencia a importância das nossas histórias, carregadas de caracteres da nossa cultura, do nosso cotidiano. Parabéns!!

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