Jelly Juliane Souza de Lima e Avelino Gambim Júnior



           
                                                                                                                     
Introdução
Recentemente na Prática da Arqueologia passou-se a problematizar não somente interpretações sobre a vida das pessoas como foi no passado, mas também quais seriam as formas que a Arqueologia encontraria para lidar com os públicos que não tem uma relação direta com os vestígios arqueológicos do passado. Ao fazer um “mergulho” em publicações que tratam das relações entre ciência, pesquisadores e os diversos tipos de saberes locais, vimos que a própria Arqueologia estava se permitindo a aceitar que os outros também apresentassem alternativas de interpretações próprias sobre eles. Conforme destaca Marcia Bezerra [2013, p.110] “as ativas e cotidianas relações que as comunidades locais da região [Amazônica] têm com as coisas do passado implicam a necessidade de se pensar sobre a lógica de construção de outras epistemes” [Conhecimentos].

A Prática da Arqueologia voltada para o âmbito educativo permitiu o estabelecimento de uma certa forma de comunicação involuntária entre nós [em alusão a Goldman, 2003] e o público geral. Há algum tempo estamos desenvolvendo ações educativas voltadas para o âmbito do patrimônio arqueológico em projetos de extensão e no licenciamento ambiental [Arqueologia Contratada], tendo como participantes universitários de diferentes cursos de graduação e pós-graduação, professores da rede pública de ensino e comunidades do interior do Estado do Amapá [Gambim Júnior et al, 2019a e c; Lima & Gambim Júnior, 2019].  

Paralelamente, cada tipo de projeto e público envolvido ampliaria nossos olhares sobre o Patrimônio Cultural do Estado do Amapá. De certa forma, o público geral e seus saberes locais ditariam que ações educativas deveriam ser planejadas e isso só seria possível se estivéssemos abertos a esse diálogo. A partir de ações educativas voltadas realizada na Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, estabelecimento de ensino do interior do Estado do Amapá, este texto tem objetivo principal revelar que outras percepções sobre patrimônio cultural que estão muitas das vezes “bem ali” no quintal.

É a partir disso, que emergem em nossos projetos de pesquisas preocupações voltadas para a Educação Ambiental (EA), para além do patrimônio arqueológica e da Educação Patrimonial (EP). Assim foram planejadas as ações educativas do projeto de “Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na Fazenda Nossa senhora Aparecida, Pracuúba, AP” e que também visou cumprir as recomendações previstas na portaria n°230, de 17 de dezembro de 2002 e Instrução Normativa n°001 de 25 de março de 2015 sobre ações de Educação Patrimonial a serem desenvolvida em projetos de pesquisa arqueológica executados no âmbito do licenciamento ambiental.

Metodologia e Púbico alvo
Como base metodológica da Educação patrimonial foram utilizadas as publicações dos livros: a “Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos” de 2014 [Florêncio et al, 2014]; as Mediações culturais com o patrimônio arqueológico: material de apoio à ação Educativa Patrimonial [Lima et al. 2007]; o “Guia Básico de Educação patrimonial [Horta et al, 1999]; a lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental; as Aproximações entre história ambiental e ensino de história e Educação Ambiental [Gerhard & Nodari, 2010].

Horta et al [1999, p. 36-37] sobre o enfoque interdisciplinar, leva em conta que o patrimônio cultural é um recurso educacional favorável também para a ultrapassagem de cada disciplina, principalmente para a vida do aluno. O patrimônio cultural pode ser utilizado como um motivador para qualquer área do currículo ou agrupar áreas consideradas distantes no processo de ensino e aprendizagem [Horta et al, 1999, p. 36-37]. Este é o exemplo, dos tópicos vinculados ao ensino básico que perpassam várias disciplinas como a Educação Ambiental [Horta et al, 1999, p. 36-37].

As etapas metodológicas previstas em Horta e colegas [1999, p. 10-11] tem contribuído no planejamento das atividades a serem executadas no âmbito da Educação Patrimonial, ao articular etapas/atividades e objetivos. Para cada etapa, foram planejadas atividades concernentes a: 1.Observação: Identificação do objeto/função/significado; desenvolvimento da percepção visual e simbólica; 2.Registro: Fixação do conhecimento percebido, aprofundamento da observação e análise crítica; 3.Exploração: Desenvolvimento das capacidades de análises e julgamento crítico, interpretação das evidências e significados e 4.Apropriação: Envolvimento afetivo, internalizarão, desenvolvimento da capacidade de auto expressão, apropriação, participação criativa, valorização do bem cultural.

O exercício desta Educação Patrimonial visa também contemplar a Educação Ambiental, pois ao mostramos que o patrimônio material não está desconectado do imaterial, conseguiremos fazer com que os alunos relacionem estes com o seu cotidiano dentro da comunidade. É preciso destacar que muitas das vezes as comunidades não possuem uma relação de identidade com a arqueologia e o patrimônio arqueológico, os meios de aproximação com o ambiente. Também abordamos a lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

As ações educativas inseridas em projetos de pesquisa arqueológica voltado para o licenciamento ambiental geralmente tem como foco estabelecimentos de ensino próximos aos empreendimentos. A Fazenda Nossa Senhora Aparecida fica localizada na vila do Cujubim, município de Pracuúba. Em relação as escolas pode-se verificar que estes estabelecimentos de ensino fazem parte do município e do estado (pelo menos 3). Para executar as ações educativas, escolhemos a Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho que possui alunos principalmente do ensino infantil e fundamental. Neste caso, cerca de 20 alunos do ensino infantil foram envolvidos nas ações educativas do projeto de “Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na Fazenda Nossa senhora Aparecida, Pracuúba, AP”.

No dia 26 de julho, fomos até a Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho (figura 1), na comunidade do Cujubim, muito próximo da área do empreendimento, procurar o responsável pelo estabelecimento para agendar a atividade de Educação Patrimonial. Na Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, explicamos o motivo da nossa visita ao diretor e professor Adenildo Santana Gonçalves. Como ainda estava no período das férias este nos informou que o retorno dos alunos aconteceria no dia 5 de agosto de 2019 e que pela parte da manhã poderíamos vir a Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho para realizar a atividade de Educação Patrimonial.


Figura 1: À esquerda, entrada da Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho. À direita, equipe de arqueologia conversando com sr. diretor e professor Adenildo Santana Gonçalves da Escola Municipal de Ensino Fundamental Chapeuzinho Vermelho. Fonte: Gambim Júnior et al, 2019.


Destaca-se que geralmente as escolas do interior do estado sofrem com o processo de evasão escolar, o que justificou a limitação de nossas atividades a um público de 11 alunos do primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental I que possuem idades entre 7 a 9 anos. Dada a faixa etária do público envolvido, as atividades de Educação Patrimonial foram realizadas na forma de palestra e de uma oficina prática, divididas em 3 momentos.

Para iniciar o primeiro momento, foi necessário explicar as motivações da presença da equipe de arqueologia na Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho. Em seguida, perguntamos se os alunos já ouviram ou sabiam expressar o que é arqueologia ou patrimônio arqueológico. Ao perceber que estes nunca tiveram experiência de contato sobre arqueologia e patrimônio arqueológico, procurou-se fazer relações destes temas com dados disponíveis a partir de outros projetos feitos no norte do estado do Amapá e também com o Projeto “Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, Pracuúba, AP” (Figura 2).



Figura 2: Início da oficina com realização de palestras sobre educação patrimonial, onde mostramos as atividades de campo por nós realizadas. Também foi apresentado um panorama geral sobre o que é patrimônio cultural. Fonte: Gambim Júnior et al, 2019.

No segundo momento, foi realizada a atividade de reconhecimento do entorno [quintal] da Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho. Para isso, solicitou-se- que os alunos formassem uma fila, a ser conduzida pela esquipe de arqueologia. Ao chegar na parte externa da Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, pediu-se que os alunos observassem tudo o que estava ao seu redor: vegetação, flora, fauna (meio biótico) e as casas, a escola, a igreja, mas também o solo, a água e o ar (meio abiótico). Mesmo identificando a forte relação com o meio ambiente, reforçou-se que os alunos relacionassem esse ambiente dito natural com o meio cultural em que vivem (Figura 3).



Figura 3: Saída de campo com os alunos do ensino fundamental e aplicação de oficina pedagógica quanto a Educação Patrimonial. Fonte: Gambim Júnior et al, 2019.

Após, o momento de observação feito ao redor da Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, voltamos a atenção para explicar que as ações individuais e coletivas podem influenciar positivamente ou negativamente para a conservação do patrimônio cultural e que este possui relação direta com relacionado com um meio ambiente equilibrado. Antes de retornar para a sala de aula Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, novamente foi solicitado que os alunos coletassem o que encontrassem no chão como folhas secas, “pedrinhas”, caroços de fruta que seriam utilizados no terceiro momento.

Já na sala de aula da Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, com os materiais coletados distribuímos para os alunos papel branco A4, cola, tinta guache, lápis de cor e borracha. Para refletir, trouxe-se a seguinte questão: a partir do que foi apresentado no decorrer da palestra, pediu-se que no papel através do desenho e colagem do que Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, que se os alunos pudessem enviar uma mensagem para as crianças do futuro como descreveriam o ambiente que viviam atualmente e que tipo de patrimônios gostariam de deixar para as próximas gerações. Os desenhos destacavam elementos de reconhecimento dos alunos ao meio ambiente.

De acordo com os desenhos, mesmo após mostrarmos os sítios arqueológicos em questão, o que se sobressaiu foi justamente a relação deles com os rios, com a caça, com a pesca, com os modos de fazer, apesar de surgirem alguns desenhos voltados para a casa de alguém, ou a própria escola, demostrando que todos se apegaram à própria realidade local. Desse modo privilegiaram na maioria dos desenhos os modos de apropriação da paisagem, os saberes locais, pelo ser humano, não necessariamente espaços transformados, modificados em cultura material (Figuras 4 e 5).



Figura 4: Crianças elaborando seus desenhos durante a realização da oficina. Fonte: Gambim Júnior et al, 2019.




Figura 5: Alguns dos desenhos elaborados pelas crianças, onde as mesma expuseram qual o patrimônio gostariam de preservar e manter para as futuras gerações herdarem. Fonte: Gambim Júnior et al, 2019.

Ao final da atividade cada integrante foi instigado a explicar seus desenhos, no que se constatou não houve uma separação clara nos desenhos do que seria patrimônio cultural e natural, o que de qualquer forma é interessante porque sabemos bem que esta é uma divisão que vem sendo criticada, por ser essencialmente mecanicista/cartesiana. Desse modo ao falarem sobre seus desenhos não faltaram explicações que enfatizavam fortemente o uso de saberes locais para pescar, caçar, comer, etc. Neste sentido, procuramos instigar que os alunos percebessem que em todas essas atividades existe um aparato material, uma base material para pescar, comer e caçar.

Os desenhos e a aproximação com a realidade local serviram como ponto de partida para que aplicássemos mais uma atividade ao expor fotos de atividades de Educação Patrimonial e repassássemos algumas imagens, dessa vez eles comparando objetos com sua própria realidade, como as vasilhas cerâmicas indígenas, como os cemitérios, as casas das aldeias antigas, o sitio da base aérea do Amapá, etc.

Juntamente à atividade da exposição das fotos e circulação de imagens de objetos arqueológicos, foi também permitido que tivessem contato com os vestígios arqueológicos encontrados durante as coletas em superfície na Fazenda Nossa Senhora Aparecida. O que acertadamente deixou as crianças entusiasmadas, e fizeram com que compreendessem mais profundamente o por que devem cuidar dessa herança cultural, que equivale a preservar o modo que eles próprios vivem e tanto gostam como foi possível observar nos seus desenhos e na socialização dos mesmos (Figura 6).



Figura 6: À esquerda, os alunos observaram e manusearam os objetos arqueológicos encontrados na Fazenda Nossa Senhora Aparecida. À direita, um dos alunos observando a exposição de fotos de materiais arqueológicos sobre a pesquisa de campo realizada na na Fazenda Nossa Senhora Aparecida. Fonte: Gambim Júnior et al, 2019.

Lembrando que as referências culturais são, segundo Manual de Aplicação do Inventário Nacional de Referências Culturais do IPHAN [Floêncio et al, 2016, p.8], além de objetos e artefatos, são práticas e lugares, e neste quesito também são as paisagens ditas naturais, que seriam apropriados pela cultura na construção de sentidos de identidade, são o que popularmente se chama de raiz de uma cultura [Floêncio et al, 2016, p.8], o que faz com que elas se identifiquem enquanto comunidade. É nesse sentido que os arqueólogos e as comunidades locais não devem ser vistos como duas faces opostas do conhecimento, mas devem coexistir de forma relacional [Gnecco, 2011].
                                               
Entorno dos nossos quintais: Considerações finais
O exercício desta Educação Patrimonial visa também contemplar a Educação Ambiental, pois ao mostramos que o patrimônio material não está desconectado do imaterial, conseguiremos fazer com que os alunos relacionem estes com o seu cotidiano dentro da comunidade [Lima & Gambim Júnior, 2019, p. 161-162]. Ao tratar a educação patrimonial juntamente a educação ambiental, também nos enquadramos nas sugestões e propostas previstas na lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental, que instituiu a Política Nacional de Educação ambiental e dá outras providências.

As pesquisas realizadas no âmbito do licenciamento ambiental têm permitido observar alguns lugares onde de certa forma não havia uma relação de valorização e/ou preservação do patrimônio arqueológico, ou pelo menos não havia sido por nós entendido em um primeiro momento, já que outras referências culturais eram elencadas. Dessa forma Vasconcellos e Hattori [2014, p. 80-81] lembram da importância de questionamentos que visem refletir e avaliar a própria práxis das ações de Educação Patrimonial na arqueologia.

Como a práxis é entendida como uma prática regida por princípios teórico-metodológicos que ancoram os projetos [Lima et al, 2007], avaliamos as ações de Educação Patrimonial e a práxis feita no percurso desta pesquisa arqueológica. Em nossas ações procuramos ter como ponto de partida, a relação das pessoas com os lugares. Este é o caso da Educação Patrimonial articulada a Educação Ambiental Brasil através da lei N° 9.795, de 27/04/1999 [Gerhardt & Nodari, 2010; Horta et al, 1999].

 Na comunidade de Cujubim, em Pracuúba, os alunos da Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, reconhecem o meio ambiente que os cerca como patrimônio, de modo que memórias poderiam ser ativadas e as histórias particulares vir à tona e contrastar com memorias universalistas construídas sobre a região [Nora, 1993]. A apresentação da diversidade cultural e suas múltiplas formas a partir da perspectiva das pessoas, nas representações sociais que comunicam cultura e identidades sociais, variam conforme o tempo e espaço, possibilitando com isso, reconhecer o que nos torna plurais, como propõe a Carta Magna de 1988.

Ao reconhecer que cada pessoa percebe o mundo de acordo com os aspectos que possuem importância para si [Lima et al, 2007, p. 9], foi perceptível o modo como as crianças da Escola Municipal Chapeuzinho em Pracuúba se apropriaram do meio ambiente onde vivem para expor como compreenderam o patrimônio arqueológico, por meio de suas próprias referencias. Assim, podemos observar conforme expresso anteriormente que na comunidade do Cujubim, em Pracuúba, o meio ambiente é muito valorizado, o que os garante como referência cultural [Floêncio et al, 2014, p. 20-21], conforme expresso nos desenhos, que permitiram expressar outras categorias de patrimônio que emergiram neste momento.



Referências
Ma. Jelly Juliane Souza de Lima é pesquisadora colaboradora na Universidade Federal do Amapá [UNIFAP] na graduação e pós-graduação de diferentes cursos.
Me. Avelino Gambim Júnior é professor substituto no Curso de História Universidade Federal do Amapá [UNIFAP].

Agradecimentos
O resultado desta pesquisa só foi possível através do “Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, Pracuúba, AP” [Gambim Júnior & Marques, 2019b; Gambim Júnior et al, 2019c] e que contou com o apoio institucional do Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva, sob a Coordenação de Patrimônio Material de Carlos Coutinho da Secretaria de Cultura do Estado do Amapá [SECULT/AP]. Além disso, destaca-se a participação da equipe de pesquisa: Márcio Nunes, Valéria Marques, José Oliveira Dias, Marcos Silveira Ferreira e Celso Teixeira. Agradecemos a oportunidade de realizar as ações de Educação Patrimonial na Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho.
BASTOS, Rossano Lopes. Arqueologia Pública no Brasil: novos tempos. Patrimônio: atualizando o debate. São Paulo: 9ª SR/IPHAN, 2006, 155-168.BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999: Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 1999, 79.
BEZERRA, Marcia. Os sentidos contemporâneos das coisas do passado: reflexões a partir da Amazônia. Revista Arqueologia Pública, v. 7, n. 1 [7], p. 107-122, 2013.
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FLOÊNCIO, Sônia Rampim et al. Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos. Brasília, DF: Iphan/DAF/Cogedip/Ceduc, 2014.
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GAMBIM JUNIOR, Avelino et al. Relatório de final do “Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico nas Fazendas Reginato, Rodrigues, Santa Izabel e Santa Rita, Amapá, AP”. Macapá: Relatório de pesquisa, 2019a.
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GERHARDT, Marcos; NODARI, Eunice Sueli. Aproximações entre história ambiental, ensino de história e educação ambiental. Ensino de História: desafios contemporâneos. Porto Alegre: EST, p. 57-72, 2010.
GNECCO, Cristóbal. De la arqueología del pasado a la arqueología del futuro: anotaciones sobre multiculturalismo y multivocalidad. Jangwa Pana, v. 10, n. 1, p. 26-42, 2011.
GOLDMAN, Marcio. Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia. Revista de Antropologia, v. 46, n. 2, p. 423-444, 2003.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: Iphan, 1999.
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VASCONCELLOS, Camilo de Mello & HATTORI, Márcia Lika. Caminhos metodológicos para educação patrimonial na arqueologia preventiva. II Encontro Paulista: questões indígenas e museus, p. 79-87, 2014.


3 comentários:

  1. Estimados autores, queria primeiramente parabenizar pelo trabalho educativo, cuja importância é significativa nos trabalhos de arqueologia nas comunidades.

    O questionamento que tenho é se foi possível perceber narrativas evocadas pelos alunos em relação a histórias transmitidas de outras gerações pelas comunidades que eles vivem, permitindo entender a relação deles com o patrimônio que está a sua volta, por que na maioria dos trabalhos de Educação Patrimonial, chega-se até as comunidades com um noção de patrimônio que na maioria das vezes não correspondem com a noção de patrimônio da comunidade? Essas narrativas justificam por exemplo a escolha deles em se voltar para o patrimônio intitulado "natural"?

    Atenciosamente,
    Jonas Clevison Pereira de Melo Júnior.

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  2. Boa noite Jonas,
    Que bom que gostantes do texto, muito obrigada,

    É importante ao chegarmos às comunidades, procurar não impor um discurso de patrimônio, do que deva ser entendido como patrimônio, alias podemos falar em patrimonios, entendidos como heranças, no plural, a partir dos referenciais culturais da propria comunidade, mas nunca antes de ouvir o que os moradores locais tem a nos dizer, seus conhecimentos e saberes. Isso é tarefa basica e fundamental. Nesse sentido, é como se fosse uma troca de conhecimentos, onde após exporem para nós seus conhecimentos, expomos os nossos, no tocante aos vestígios arqueológicos. O interessante é tudo o que se se sobressaiu mais as narrativas sobre as paisagens naturais, os conhecimentos e saberes sobre a pesca, o banho no rio e a mata. Mas ainda assim existem narrativas que demonstram a importância de espaços construídos como a escola.
    Devemos estar cientes também na nossa linguagem enquanto agentes patrimoniais, e procurar não exercer uma violência epistemológica de um discurso único, mas pelo contrario estimular discursos multivocais, ouvir, ver e escrever, ao mesmo tempo que também expomos um tipo de conhecimento, colocado de modo simétrico aos conhecimentos locais. Desse modo antes de falarmos sobre o patrimônio arqueológico e da educação ambiental (que é uma obrigação legal, no licenciamento ambiental) temos o dever ético e moral de escutarmos aqueles que nos recebem em suas próprias casas e expõem seus conhecimentos e saberes.

    Espero ter respondido satisfatoriamente sua questão,
    Estou aberta a diálogos,
    Desde já agradeço a atenção,
    Jelly Juliane Souza de Lima

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