Fernando Roque Fernandes e Maria Luiza F. do C. Souza


FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE HISTÓRIA: REFLEXÕES SOBRE O LUGAR DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO COTIDIANO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA [UNIR] – O CASO DA PRIMEIRA MOSTRA DE CURSOS, 2019




O objetivo deste texto, com base nas discussões a serem desenvolvidas é despertar, especialmente no ambiente acadêmico, a importância do diálogo entre universidade e sociedade. Para tanto, tomamos como base a participação de um grupo de discentes do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Rondônia [UNIR], no projeto de extensão denominado UNIR E SOCIEDADE: Mostra de Cursos, realizado pela Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis [PROCEA], entre os dias 26 e 29 de agosto de 2019 no Campus Unir, Porto Velho-RO.

Com base nesta experiência e no conjunto de reflexões aqui propostas, acreditamos ser possível indicar elementos para se refletir sobre a necessidade do rompimento com algumas barreiras físicas e imaginárias que dificultam o aprofundamento de relações profícuas entre a universidade e o corpo social da qual faz parte. Além disso, consideramos que as correlações entre ensino, pesquisa e extensão [as quais fundamentam a noção de tripé universitário] tornam possível desenvolver reflexões e propor alternativas para a materialização de projetos de extensão universitária. Para tanto, apresentaremos algumas considerações sobre como a legislação têm abordado a noção de extensão e as relações existentes entre universidade e sociedade.

Nesse sentido, iniciamos apresentando as instruções normativas desde uma dimensão jurídica e alguns dos elementos bibliográficos que a informam, de modo a fundamentar o desenvolvimento de atividades de extensão verificando como elas se relacionam com o alcance dos objetivos propostos pelo Curso de Licenciatura em História da UNIR e o perfil que se espera de um profissional da Educação que se dedica à uma formação voltada ao ensino e a pesquisa.

Ensino, pesquisa e extensão: universidade e sociedade
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em Brasília, no dia 5 de outubro de 1988 declara, em seu 207º artigo, que as universidades “[...] gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” [Brasil, 1988]. Estes três últimos aspectos citados, formam o que temos denominado no âmbito acadêmico de tripé universitário.

Para pesquisadores como Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita e Fernando Cézar Bezerra de Andrade [2009, p. 270], “[...] tratar de indissociabilidade na universidade é considerar necessariamente dois vetores de um debate: de um lado, as relações entre universidade, ensino, pesquisa e extensão; e, de outro, confluindo para a formulação de uma tridimensionalidade ideal da educação superior, as relações entre o conhecimento científico e aquele produzido culturalmente pelos diferentes grupos que compõem a sociedade em geral”. Nesse sentido, a dimensão do conceito da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão passa, necessariamente, pelo estabelecimento de outra relação dialógica que envolve universidade e sociedade.

Foi em termos semelhantes que Ana Lucia de Paula Ferreira Nunes e Maria Batista da Cruz Silva [2011, p. 120] observaram que a extensão universitária “[...]  funciona como uma via de duas mãos em que a universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade e recebe dela influxos positivos em forma de retroalimentação, tais como suas reais necessidades, anseios e aspirações”.  Nesse sentido, é preciso considerar o papel da extensão universitária na medida que a própria universidade, ao estabelecer relação com a sociedade, aprende com ela e sobre ela.

Além disso, considerando as bases ontológicas da extensão universitária, concordamos com as análises de José Francisco de Melo Neto [2002, p. 11], segundo o qual, ela deve ser entendida como um trabalho social, devendo gerar produtos voltados ao atendimento das demandas da sociedade na qual está inserida. Em suas palavras, “[...] em sendo extensão um trabalho social, pressupõe-se que a ação da mesma é uma ação, deliberadamente, criadora de um produto. Se constitui a partir da realidade humana e abre a possibilidade de se criar um mundo, também, mais humano. É pelo trabalho social que se vai transformando a natureza e criando cultura. A extensão, tendo como dimensão principal o trabalho social, será produtora de cultura”.

Corroborando com os autores citados e entendendo a extensão universitária como uma forma de conhecimento horizontal, Rossana Maria Souto Maior Serrano [2013, p. 10] observou que a extensão “[...] é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como consequências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade”.

Observe que os autores mencionados anteriormente consideram como fundamentais o estabelecimento de relações entre universidade e sociedade. Para a materialização dessas relações, no entanto, se faz necessário que nos apropriemos de resoluções e instruções normativas como mecanismos de ordem jurídico-institucional de modo a cumprir os requisitos mínimos desta interação como prescritos na legislação referente. Nesse sentido, devemos tomar conhecimentos de algumas dessas instruções.

A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, por exemplo, a qual institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional [LDBEN], fundamentada ainda no texto constitucional de 1988 e, considerando os elementos que informam as finalidades da Educação Superior, estabelece em seu capítulo IV, inciso VII que, dentre outros elementos constitutivos, é papel da universidade “[...] promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição” [Brasil, 1996].

Desse modo, se percebe que para além da indissociabilidade que informa o tripé universitário, se faz necessário considerar, também, os demais elementos que apontam para a necessidade de estabelecer relações com a sociedade. Ou seja, para além das relações que se estabelecem no âmbito interno das instituições universitárias, outros mecanismos devem ser criados para não perdermos de vista os laços fundamentais com a sociedade da qual fazemos parte e da qual somos indissociavelmente partícipes.

Além disso, alinhada à LDBEN, a Resolução nº 2, de 1 de julho de 2015, segundo a qual se definem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior [cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura] e para a formação continuada, essas relações se desenvolvem em múltiplas escalas. Tais diretrizes, além de considerarem as conexões estabelecidas entre ensino, pesquisa e extensão endossam o diálogo necessário entre universidade e sociedade e conceituam a articulação entre pesquisa e extensão universitárias “[...] como princípio pedagógico essencial ao exercício e aprimoramento do profissional do magistério e da prática educativa” [Brasil, 2015].

Dessa forma, as legislações educacionais de âmbito nacional, ao estabelecerem os princípios relacionais da educação superior, fomentam uma noção de caráter científico que não se dissocia dos meios nos quais as universidades estão inseridas. Ao contrário, reconhecem como indispensável o desenvolvimento de estratégias que possibilitem a interação entre os indivíduos que compartilham os ambientes acadêmicos e aqueles que não o acessam diretamente. Ademais, considerando o direito constitucional da Autonomia, assim como as particularidades donde se localizam, as universidades têm aplicado tais diretrizes de modos estratégicos como forma de manter sua indissociabilidade junto à sociedade e o aperfeiçoamento da formação de seus acadêmicos.

O Regimento Geral da Fundação Universidade Federal de Rondônia [UNIR], por exemplo, ao propor a criação de estratégias de extensão universitária através da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis [PROCEA], estabelece no parágrafo único do artigo 153 que as estratégias voltadas para as atividades de extensão universitária devem ser desenvolvidas de modo que “[...] promovam a integração da UNIR à comunidade local ou regional” [UNIR, 2017].
Além disso, a Resolução nº 145/CONSAD, de 29 de fevereiro de 2016, a qual institui o Regimento Interno da PROCEA, estabelece em seu artigo 27, inciso IX que dentre as atribuições de sua diretoria de extensão e cultura está o dever de “[...] apoiar e estimular as atividades de intercâmbio e cooperação da Universidade com as entidades representativas dos diversos segmentos da sociedade com destaque para grupos e comunidades tradicionais e em situação de vulnerabilidade socioeconômica” [PROCEA, 2016].

Enfim, tomando como base as instruções normativas citadas anteriormente, o Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em História do Núcleo de Ciências Humanas da UNIR, Campus Porto Velho-RO, apresenta como seu principal objetivo a formação de profissionais “[...] que lidem criticamente com o ensino e a aprendizagem de forma integrada com a produção de conhecimento da área e suas possibilidades de inserção social”
[PPC/História/Unir/2015].

Nesse sentido, consideramos que a formação do profissional da área de História deve, necessariamente, passar pela experiência da formação universitária aliada à formação prática junto à sociedade da qual faz parte, donde a extensão desempenha papel basilar. O que nos leva a considerar, para além das estratégias que envolvem os seis níveis de Estágios Supervisionados desenvolvidos ao longo da formação acadêmica do Curso de História da UNIR, que as atividades de extensão são potenciais e necessárias oportunidades de aprendizagem prática. Ou seja, a extensão universitária não é apenas uma instrução informada pelas diferentes legislações citadas anteriormente. Mais do que isso é, por excelência, uma das bases fundamentais da formação de futuros profissionais não apenas em Rondônia, mas em todas as regiões do Brasil.

Foi considerando as particularidades que envolvem a fundamentação do tripé universitário, as relações entre universidade e sociedade e a formação dos futuros professores de História da UNIR que consideramos importante destacar como o desenvolvimento de projetos de extensão resultam em estratégicas oportunidades de estabelecimento de relações na medida que auxilia na interação entre agentes internos e externos ao cotidiano universitário. Para refletirmos um pouco sobre a questão, faremos a seguir breves apontamentos sobre as principais características deste projeto enquanto atividade de extensão que valoriza o diálogo entre universidade e sociedade. Vejamos.

Unir e Sociedade: mostra de cursos
A Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis – PROCEA, é um órgão da UNIR responsável pelas políticas culturais, estudantis e de extensão da universidade, ela assegura a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. É o órgão que possui um constate diálogo entre docentes, técnicos-administrativos e discentes, envolvidos em programas, projetos de extensão, dentre outras atividades, com a participação da sociedade rondoniense. Sendo assim, criou e desenvolveu a organização e divulgação da I Mostra de Cursos da UNIR, tendo como parceria as Pró-reitorias de Graduação [PROGRAD], de Pós-Graduação e Pesquisa [PROPESQ], assim como a Secretária de Educação do Estado de Rondônia [SEDUC-RO]. A divulgação para o evento se deu através de plataformas digitais, [sites da UNIR e redes sociais - Facebook, Instagram e WhatsApp]. Esta, não se limitou a realizar apenas um convite para prestigiar o evento, mas solicitou a participação dos discentes na realização da própria Mostra de Cursos.

O site da UNIR, inicialmente, fez uma postagem anunciando o projeto, suas parcerias e objetivo de aproximar Universidade e Sociedade evidenciando como ela funciona e o que ela poderia possibilitar à comunidade portovelhense. Dias depois, a PROCEA fez outra chamada aos departamentos para submeterem propostas de atividades para compor a programação, pedindo que estes estabelecessem diálogo com os discentes e os centros acadêmicos dos cursos, para que pudessem construir, juntos, as imagens representativas de seus respectivos cursos.

No caso do Curso de Licenciatura em História, após o chamado para organização da programação do evento, o Chefe de Departamento reuniu-se com um docente, que ficou responsável por coordenar as atividades que o curso de História iria apresentar no estande e duas discentes, para ouvir as ideias dos acadêmicos do curso. A partir desta reunião, foram definidas as estratégias que seriam apresentadas. Um dos principais objetivos era demonstrar aos visitantes a natureza do curso de História. As apresentações deveriam ocorrer de forma descontraída, de modo que pudesse chamar atenção dos visitantes que estariam ali, conhecendo o cotidiano universitário. Para a realização dessas atividades, foram convidados alguns discentes do curso. Assim, participaram diretamente cerca de vinte discentes, de diferentes períodos, tendo um professor como coordenador e uma discente como vice-coordenadora.

Nas propostas iniciais do evento, divulgadas pelo site da PROCEA, seriam apresentadas diversas atrações lúdicas, palestras, shows, oficinas, visitas ao Campus, sorteios, dentre outras atividades. No final, o evento ocorreu no ginásio poliesportivo intitulado “Tatuzão”. O espaço foi dividido entre stands. Cada curso da UNIR tinha reservado um local e a PROCEA disponibilizou banners com informações de cada curso. Desta forma, os discentes da Rede Pública de Ensino, tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio, poderiam transitar pelos stands e visitar os que mais lhes chamavam atenção. Assim, devido a quantidade prevista de discentes participantes, a PROCEA fez uma chamada no seu site para montar um grupo de monitores para ajudar no funcionamento do evento. Este grupo realizou visitas técnicas pelo Campus com várias turmas, desenvolvendo atividades lúdicas em vários lugares e no próprio “Tatuzão”.

O stand foi organizado pelos próprios discentes e docentes, contendo banners de antigos eventos do curso, livros de autorias dos próprios docentes, jornais e panfletos das antigas gestões do Centro Acadêmico de História [CAHIS] e outros objetos que evidenciavam representações sobre o curso. O evento durou cerca de quatro dias, ocorrendo pela manhã e pela tarde. Para as apresentações, os discentes foram divididos em grupos para cada turno. Assim, todos tiveram a oportunidade de apresentar suas visões e experiências vivenciadas ao longo do curso. Com isso, no decorrer do evento, houve uma interação entre os próprios discentes, os quais compartilharam reflexões e experiências entre si e com os discentes da Educação Básica visitantes.

Durante o evento, cada grupo que apresentou as características de nosso curso teve a participação de quatros discentes de diferentes períodos. Os grupos deveriam convidar os discentes visitantes para conhecer um pouco sobre o curso de Licenciatura em História. Cada discente poderia falar sobre suas experiências e convivências dentro do curso. No entanto, o foco era apresentar um pouco das particularidades deste como um todo. Nesse sentido, foram apresentadas a grade curricular; informações sobre nossa Atlética Universitária [grupo desportista denominado “Atlética Lendária”]; características e propostas do Centro Acadêmico de História [CAHIS] e características dos grupos de pesquisas institucionais compostos por professores e discentes do curso.

Sempre com linguagem acessível para o público visitante, nossa intenção era instigar as dúvidas, alimentar curiosidade e interesses sobre o curso. Do lado visitante, a estimativa foi de três mil, cento e oitenta e cinco estudantes. Estes passaram pelos stands, tendo muitos deles visitado a área reservada à exposição do curso de Licenciatura em História.

Para compreender um pouco sobre as experiências que os acadêmicos do curso de História obtiveram a partir deste evento, criou-se um formulário na plataforma digital “Google Forms”, onde os discentes responderam de forma anônima questões criadas em conjunto com o coordenador e a vice coordenadora do stand de História. Neste formulário foram incluídas questões de múltipla escolha e dissertativas. Todas formuladas com a intenção de identificar o impacto daquele evento para os discentes, especialmente, no que dizia respeito à sua formação acadêmica e sua correlação com a dialogia a ser estabelecida entre a universidade e a sociedade portovelhense.

Neste formulário, composto por diferentes questões e diferentes respostas, uma delas demonstrou ser representativa da maioria, revelando muito sobre a importância do diálogo entre universidade e sociedade. No texto da questão, apresentamos a seguinte indagação: -Você acredita que é importante a Universidade estabelecer relação com a sua comunidade? Por quê? Como resultado, obtivemos a seguinte resposta:

“Para que as pessoas fiquem informadas e conscientes que a universidade é para todos. E que a produção feita por tal, não é apenas para si, mas que visa a comunidade em geral. Tal fato se dá por meio de questões e demais estereótipos que ''correm'' pela sociedade ao afirmar que o ambiente acadêmico é fechado e que não visa todas as castas sociais. O distanciamento da universidade para com a comunidade só alimenta a desinformação e outros elementos que, de certa forma, toda a sociedade poderia/pode usufruir. Além disso, temos que estar cientes que em tempos/épocas políticas que visam o desmonte da educação pública, é fundamental que a sociedade conheça e perceba a importância da universidade, não só em seus aspectos relacionados ao ensino, mas também ao que a instituição pode oferecer para além dos muros de tal universidade e como essa mesma instituição pode ultrapassar e colaborar para uma dinâmica sadia entre comunidade e universidade.” [Anônimo, Google Forms, 2019].

A partir da fala acima se pode destacar diversos pontos interessantes sobre a discussão principal deste texto, o qual diz respeito a necessidade de uma relação direta entre universidade e sociedade, respeitando uma das principais características que a universidade deve possuir, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Diante desta nova experiência positiva no âmbito da formação superior, nos surgiu outra indagação que se coloca diante de outros enfrentamentos, especialmente epistemológicos: - Do que adianta uma universidade produzir conhecimento se ela não o disponibiliza à população, a qual deveria ser o seu principal foco? Além disso, como podemos cumprir o papel da universidade, o qual é obrigatoriamente habilitar recursos humanos capazes de gerir nossa sociedade sem que tenhamos o mínimo de interação com ela ao longo de nossa formação universitária? Essas e outras questões se colocam diante de nós, justamente, como consequência desta nova experiência positiva que tivemos enquanto acadêmicos do curso de Licenciatura em História da UNIR.

Como parte destas e outras questões, passamos a refletir sobre como uma universidade que vive em uma “bolha”, produzindo e circulando seus conhecimentos de modo limitado, já falhou, e muito, em seus objetivos principais! De outro modo, acreditamos com base nessas e noutras experiências no âmbito de nossa universidade que ela, assim como as demais, não deve se distanciar de sua sociedade, mas, continuar a criar estratégias de aproximação e interação com o meio externo que a circunda assim, servindo àqueles sujeitos e coletivos que não compartilham cotidianamente de nossos conhecimentos acadêmicos.

Em síntese, a Primeira Mostra de Cursos da UNIR trouxe reflexões importantes para discutirmos sobre como estamos encaminhando nossa universidade. O que nos leva a questionar se ela concretiza o perfil instituído juridicamente, conforme demonstrado na primeira parte deste texto. Pois, a nosso ver, a universidade deve disseminar conhecimento, informação e principalmente conscientização, para todos que possa alcançar indistintamente.

Considerações pontuais
A PROCEA e a UNIR já realizaram outros tipos de contato com a sociedade e principalmente com a comunidade portovelhense, mas não com o caráter que teve a “I Mostra de Cursos”. Esta possuía objetivos claros de mostrar para os futuros universitários de Porto Velho o que produzimos em termos científicos e como estamos disponíveis à interação e socialização com a sociedade da qual fazemos parte. Caso postergasse este contato direto com a sociedade, a universidade poderia falhar em sua responsabilidade de manter um diálogo profícuo com a sociedade, a qual o constitui um de seus principais objetivos político-sociais.

Nesse sentido e, projetando estratégias futuras, entendemos que a interação entre a universidade e a sociedade é um elemento fundamental para o fortalecimento de ambas. No que diz respeito à extensão universitária, ela se coloca como importante aliada na intermediação desta interação. Assim concordamos com Boaventura de Souza Santos [2004, p. 73] quando afirma que “[...] a área de extensão vai ter no futuro próximo um significado muito especial. No momento em que o capitalismo global pretende funcionalizar a universidade e, de facto, transformá-la numa vasta agência de extensão ao seu serviço, a reforma da universidade deve conferir uma nova centralidade às atividades de extensão [...] e concebê-las de modo alternativo ao capitalismo global, atribuindo às universidades uma participação ativa na construção da coesão social, no aprofundamento da democracia, na luta contra a exclusão social e a degradação ambiental, na defesa da diversidade cultural”.
 
Referências
Fernando Roque Fernandes é Professor de História Regional do Brasil pela Universidade Federal de Rondônia [UNIR] e doutorando em História Social da Amazônia pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Pará [UFPA].
Maria Luiza F. do C. Souza é Graduanda do Curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Rondônia [UNIR] e Presidente do Centro Acadêmico História [CAHIS].

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NUNES, Ana Lucia de Paula Ferreira; DA CRUZ SILVA, Maria Batista. A extensão universitária no ensino superior e a sociedade. Mal-Estar e Sociedade, v. 4, n. 7, p. 119-133, 2011. Disponível em:
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SERRANO, R. M. S. M. Conceitos de extensão universitária: um diálogo com Paulo Freire. Grupo de Pesquisa em Extensão Popular, v. 13, n. 8, 2013.Disponível em:
https://crystine-tanajura.webnode.com/_files/200000021-e6560e752b/conceitos_de_extensao_universitaria.pdf; Acesso em: 18 abr. 2020.

19 comentários:

  1. Prezados autores,
    Parabenizo-os pelo excelente trabalho desenvolvido na composição desse texto, do qual me deixou extremamente contente - pois participei deste evento - e lisonjeado em ler pois me gerou inquietação no que se refere ao papel da extensão universitária, por se tratar de uma questão que está em pauta na nossa conjuntura atual, no qual tem se visto cada vez mais discursos que buscam colocam em cheque o papel das Universidades Federais, no qual se ganha cada vez mais força o discurso de que as Federais só geram gastos exorbitantes que não dão retorno nenhum a população e nada agregam ao desenvolvimento do país, sendo até mesmo levada a esteriótipos chulos sobre o que acontece no ambiente universitário. Esteriótipos esses vindo até mesmo do líder do Executivo Federal e do líder do Ministério da Educação, que coloca em descredito as UF's e na qual se vê resultar cada vez mais no não apoio da população e a falta investimentos da união e Estado que possibilite a manutenção do, então, tripé universitário, tão necessário para o cumprimento do que as UF's prometem. Nesse sentido, percebo que a UNIR tem feito um esforço de aproximação com a população, como foi o caso dessa I Mostra de Curso. Gostaria, então, de saber de vocês quais foram os resultados obtidos (caso tenham procurado dados para averiguar isso) com essa primeira experiência da UNIR em apresentar os seus cursos e qualificações à comunidade estudantil do ensino básico. Notou-se, após essa inciativa, um ingresso maior desses alunos da educação básica na Unir, mais em específico, no curso de História, na qual se possa comprovar a eficiência e retorno dessa extensão para com a população?
    -Lucas Pereira de Moraes

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    1. Caro Lucas Pereira, saudações cordiais!

      A análise proposta nesta ocasião, procurou fazer uma reflexão sobre a importância da Extensão Universitária no que diz respeito ao papel da Universidade na Sociedade. Nesse sentido, não foi de relevância imediata o desenvolvimento de uma pesquisa que procurasse dar conta dessa primeira experiência junto à comunidade da Educação Básica. Apesar dos elementos informados no objetivo do projeto, é preciso ter em mente que este foi um primeiro ensaio de uma iniciativa que se pretende manter enquanto atividade anual na UNIR. Nesse sentido, os dados levantados naquela primeira experiência ainda estão em processo de levantamento e sistematização. Tão logo se chegue à uma conclusão relatorial, será publicada, por parte de pesquisadores atuantes na PROCEA/UNIR os resultados do impacto da mostra junto à sociedade.

      Forte abraço!

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza F. do C. Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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  2. Uma outra pergunta minha vai no sentido de provoca-los. Surge de um ponto que não foi discutido no texto, mas que se tem relação, que se trata da discrepância que há entre o linguajar/rotina da academia com as das escolas públicas do Brasil, no qual é sabido que esta ultima enfrenta diversos impasses ao tentar preparar os seus alunos para disputarem uma vaga nas UF's, e estarem aptos a permanecerem nelas. Nesse sentido, quais estratégias, além da extensão, podem ser adotas pelas universidades e escolas públicas, em específico, para aproximar mais os alunos, tanto das federais, como da escolas, em uma único caminho que possa facilitar a permanência dos estudantes calouros nas UF's, no qual permita diminuir essa defasagem enorme causada pela ineficácia de nossa educação pública e que por isso enfrentam bastantes dificuldades em continuar nas graduações?
    Lucas Pereira de Moraes

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    1. Caro Lucas Pereira, agradeço por mais esta contribuição!

      Acredito que a questão referente à linguagem acadêmica e linguagem escolar, apesar de ser muito mais presentes nas reflexões pedagógicas se constituem como questão importante no âmbito das licenciaturas. Especialmente por trazer à tona um problema tão comum na Educação Escolar Brasileira, quer seja: a dificuldade que existe em criar estratégias políticas e sociais que auxiliem na criação de propostas educacionais que promovam a transposição didática dos conhecimentos produzidos na Universidade para as salas de aula da Educação Básica. Nesse sentido, existe uma lacuna que precisa ser preenchida com a materialização de iniciativas com forças suficientes para destruir as chamadas "barreiras universitárias", inclusive naquilo que está apontado em direção à Educação gratuita e de Qualidade para as crianças, jovens e adultos de nosso pais!


      Agradeço pela cordialidade e atenção na indicação dos problemas da Educação Brasileira Atual...

      Forte abraço!

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza F. do C. Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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    2. Caro Lucas, para complementar a sua reflexão...Gostaria de discorrer aqui, de forma sucinta, a relação do diálogo entre a Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e a comunidade portovelhenese. Esta relação, como discorrida de forma breve no texto, não é tão sólida e recorrente, uma vez que a UNIR possui “muros” que a distanciam do contato com a comunidade na qual está inserida, e através deste primeiro evento que foi a Mostra de Cursos, pôde se ter um diálogo mais claro e mais rico, visto que a universidade está conversando diretamente com a educação básica da cidade de Porto Velho. Para a realização do evento, ocorreram diversas adaptação, visando uma melhor interação com o seu público: estudantes de ensino fundamental e médio. E nestas adaptações, está inserida a questão da comunicação com esses jovens, em virtude de (como você comenta em sua pergunta) há um distanciamento grandioso entre o cotidiano da universidade e o da escola, com isso, há também uma diferença enorme entre o linguajar dos alunos desses dois espaços. A coordenação do curso de História conversou diretamente com os participantes do evento, para que eles pudessem adaptar o modo de falar, tendo uma interação melhor com os alunos que visitavam o stand e que esses mesmo pudessem se sentir atraídos por aquele curso. Dito isso, podemos conversar sobre a perguntar em si que você propõe para respondermos: as estratégias elaboradas pelas universidades e escolas públicas para contribuir com a permanecia dos estudantes calouros nas universidades federais.
      Devemos frisar logo de início que o papel da extensão universitária está diretamente interligado com as estratégias que permitam um diálogo da universidade com a educação básica, e não somente um diálogo como também projetos de extensões que possam fazer intervenções ou contribuições nesses espaços de aprendizagens. Mas a extensão universitária, em si, não trabalha sozinha, o tripé universitário é indissociável! Isso quer dizer, para estabelecer esse contato com a comunidade e em consequência com as escolas públicas e privadas, devemos ter um conjunto de ferramentas que auxiliem nessa ação. Essas ferramentas trabalham juntas e podemos ver esse trabalho em união sendo feito na própria realização do evento que analisamos no texto. Só assim podem ser criadas estratégias que auxiliem na conscientização do estudante do ensino básico. Sair do ensino médio e entrar rapidamente ao ensino superior constitui uma mudança muito brusca para esse estudante, são realidades completamente distintas e caso esse estudante não tenha noção disso, pode ser afetado e em consequência acabar se retirando da universidade. Com isso, devem-se criar trabalhos que preparem o emocional e psicológico do estudante que gostaria de ingressar no ensino superior. Este trabalho tem que ser realizado tanto pela universidade, como pelas escolas de ensino básico, as escolas de ensino público precisam de uma atenção redobrada, uma vez que muitos dos estudantes ali não possuem consciência de que há uma oportunidade de entrar no ensino superior de forma gratuita. Portanto, podem ser realizadas feiras de profissão, palestras sobre o que a universidade pode proporcionar, rodas de conversas sobre escolhas e o futuro (que cada um possui o seu, não necessitando comparar com os dos outros), seminários falando um pouco sobre os cursos que a universidade disponibiliza e alguns outros projetos, o foco é que sejam estratégias feitas em diálogo da universidade e da escola, pois juntas elas podem incentivar o aluno a ingressar no ensino superior e podem fazer com que permaneçam nesse ambiente acadêmico.

      Forte abraço!

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza F. do C. Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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  3. Com relação as essa I Amostra de Cursos da UNIR, vocês apresentaram o quão é importante a interação entre escolas do ensino básico com as Universidades. Mostra de cursos, como essa, já são realizadas há anos em Rondônia, pelas Universidades Privadas, já era passada a hora, então, da UNIR promover um evento desse, que permite fazer com que os alunos conheçam e saibam o que é uma Universidade Federal, para além dos esteriótipos a ela aplicada, e para saberem que existe essa possibilidade de entrarem em uma Universidade Federal, pois sabe-se que muitos estudantes nem ao menos sabem que exite uma pública e gratuita em Rondônia, o que faz com que ingressem em Instituições privadas que, diga-se de passagem, fazem um excelente trabalho de marketing. Para vocês, porque a UNIR demorou tanto tempo para promover essa interação tão relevante?
    Lucas Pereira de Moraes

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    1. Caro Lucas Pereira, de fato, as instituições educacionais privadas sempre saem na frente no que diz respeito às estratégias de Marketing. No entanto, é preciso ter em mente que as instituições particulares necessitam de público consumidor. Nesse sentido, elas precisam financiar estratégias de divulgação de seus produtos educacionais de modo que possam se manter ativas.

      No caso das universidade públicas, isso é diferente. Nosso papel é atender as demandas da sociedade e, por isso, agimos como agregadores de conhecimentos e saberes fundamentais à manutenção da sociedade. Além disso, há outras questões de caráter institucional.

      Por exemplo: para que haja a criação de uma política de incentivo à divulgação de representações que privilegiem o papel da universidade na sociedade, é preciso investir recursos financeiros. Mas, isso tem sido um problema na atualidade. Pois, muitas vezes, as universidades públicas federais não dispõem de recursos suficientes para divulgar o que elas produzem em termos científicos. Dessa forma, precisamos ter em mente que as representações pejorativas que tem sido veiculadas sobre as universidades públicas federais são um ataque ao direito da sociedade brasileira...

      Enfim, com base no que os autores deste texto têm discutido sobre o tema, se chegou à conclusão de que, para a efetivação de políticas de valorização da universidade pública brasileira, é preciso, pelo menos, quatro elementos a saber: 1. Gestão; 2. Recursos; 3. Estratégias e 4. Parcerias institucionais. Sem esses elementos, ficamos à mercê daquilo que tem sido denominado pelos profissionais da educação de Sucateamento da Educação pública no Brasil.

      Espero ter ajudado nas reflexões...

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza F. do C. Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

      A Constituição da república Federativa do Brasil reconhece como direito fundamental do cidadão brasileiro o acesso à Educação pública e Gratuita de Qualidade!

      Precisamos reverter esse quadro de negligência em relação à política Educacional Brasileira. só assim, poderemos iniciar algum processo de mudança humanitária significativa em nosso país!

      Espero ter auxiliado em algumas reflexões...

      Forte abraço.

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    2. Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza F. do C. Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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    3. Para ficar mais claro a reflexão que gostaríamos de passar, esse conjunto de elementos (citado acima) trabalha de forma única e podemos ver claramente esse trabalho sendo efetivado na realização do evento da “I Mostra de Cursos”! O evento não poderia acontecer se não houvesse a união entre os quatros elementos: gestão, recursos, estratégias e parcerias institucionais. Como você participou deste evento, fica mais fácil de visualizar como o trabalho em conjunto destes elementos resultou em um belíssimo trabalho de extensão universitária. Desde a elaboração do espaço principal (Tatuzão), a ida dos estudantes com ônibus exclusivos ao campus, os banners de divulgação de cada curso, a entrega de camisetas para divulgar o evento, o microfone, a caixa de som e tudo que estava presente no evento é uma prova do trabalho dos quatros elementos unidos.

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza F. do C. Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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  4. Ao ler o texto e concordar com a importância da reflexão, perguntei-me: sabedora de que a Universidade Federal de Rondônia (UNIR) é multicampi e o evento foi realizado em Porto Velho, existiu por parte dela incentivo para replicar o evento no interior ((Cacoal, Guajará-Mirim, Vilhena, Ji-Paraná, Presidente Médice, Ariquemes e Rolim de Moura), de modo a atender ao mesmo objetivo de fortalecer a relação entre Universidade e Sociedade, entre outros aspectos apontados no texto?
    Alessandra Bertasi Nascimento

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Alessandra, boa tarde!
      Infelizmente, nas análises realizadas no site da PROCEA (uma das principais organizadoras do evento) e no site da UNIR, não encontramos nenhum indício de que esse evento pudesse ser realizado em outros campus, ou até mesmo algum incentivo da parte dos organizadores.
      Acreditamos que esse evento tenha sido como uma experiência, que no futuro, pudesse ser expandida!
      Atenciosamente,
      Maria Luiza F. Do C. Souza

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  5. Caríssimos autores, Fernando e Maria Luiza, parabenizo-os pelo texto muito instigante sobre a Extensão!

    É muito importante enfatizar que a Extensão representa uma importância significativa tanto para a Universidade quanto para a Sociedade. E, nesse sentindo, aproximar ambas é o caminho mais viável para que consigam dialogar cada vez mais e romper com alguns paradigmas, como a do cientificismo excludente, que acabou, por muito tempo, afastando ainda mais a sociedade da ciência e logo, da universidade.
    Gostaria de saber, na opinião de vocês, se essa “quebra de muros” permite um ingresso maior nas Universidades por pessoas que não tinham uma aproximação por conta dos muros, mas que a partir de eventos como o que foi citado no texto – a Mostra Cultural de Cursos, trouxe um novo olhar e uma vontade que antes era inimaginável?
    Além disso, é perceptível que a Extensão corrobora com a valorização da diversidade, logo, isso pode permitir um acesso e ingresso maior de populações tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, na Universidade?

    Grata!

    Beatriz da Silva Mello

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    1. Querida Beatriz,
      Obrigada pelos elogios e mais ainda, obrigada pela formidável reflexão que você proporcionou através de suas perguntas! O tema que é apresentado a partir destas suas questões pode ser considerado um dos principais que pretendíamos despertar no texto: a extensão (nos parâmetros que consegue atingir aos diferentes padrões de diversidade existente em uma sociedade) como importante ferramenta para que indivíduos conheçam a universidade e possam ter acesso ao ensino gratuito e de qualidade.
      Para nossa resposta ser mais clara e objetiva, iremos nos focar no discurso sobre “quebra de muros” e como o evento da “Mostra de Cursos” trouxe novos olhares e perspectivas. A expressão “quebra de muros” diz respeito ao muro simbólico que é construído entre as universidades e sociedades, seja através do distanciamento físicos (com o exemplo da UNIR, que fica a quilômetros de distância da comunidade portovelhense, sendo isolada na BR-364), ou através da falta de diálogo da universidade e da comunidade na qual está inserida. Este são apenas dois pontos que cito para exemplificar a questão desse muro que você comenta. Quando há um evento, como o citado no texto, que consegue quebrar esse muro uma vez que interage indiretamente e diretamente com a comunidade, temos diversos resultados positivos, e um deles é o ingresso de estudantes que não conheciam as oportunidades que a universidade possibilita, e essa falta de conhecimento se dava principalmente pela existência de tais muros. Quando o estudante, de escola pública, baixa renda e sem consciência de que pode ter acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade, tem acesso a informações sobre esse novo espaço de aprendizagem e a essa experiência (como citadas no texto), sua perspectiva de futuro muda, e ele pode querer ter acesso a tudo que lhe foi apresentado. Ou seja, um exemplo que mostra como o evento conseguiu “quebrar o muro”, podendo permitir um número maior de ingressantes na Universidade, podendo ser incluído o grupo que você cita, de populações tradicionais.
      No caso do evento que analisamos, não conseguimos visualizar a presença desses grupos de populações tradicionais, mas acreditamos que, caso estivessem presentes, com o impacto da experiência que está presente no evento (e caso o mesmo sofresse algumas alterações para conseguir mostrar mais ainda como a universidade é um lugar para todos) eles teriam também suas perspectivas sobre o futuro mudadas. Assim, concluo a resposta dando ênfase na relevância que o papel do trabalho de extensão em uma universidade possui, com estre trabalho e o diálogo com a comunidade presente, teremos grandiosas recompensas, como um maior acesso à educação superior por partes de estudantes que tinham suas oportunidades limitadas.
      Espero que tenha conseguido saciar suas dúvidas, caso não, só informar que iremos providenciar novas explicações!

      Atenciosamente,
      Maria Luiza Ferreira do Carmo Souza

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  6. Na atual conjuntura, a qual esse (des)governo ataca as Universidades Públicas, o artigo que vocês articulam é, no mínimo, necessário. Mostra a ação significativa de uma instituição, dita periférica, compromissada com atividades essenciais - ensino, pesquisa, extensão. Em suma, a consolidação dessa fecunda relação entre a Universidade e a Sociedade. Assim, formulo minha pergunta: Na perspectiva da relação Universidade e Sociedade, qual o lugar das classes populares (e seus saberes) e dos saberes tradicionais ingressarem nos currículos acadêmicos, pelo menos como tópicos de ensino? Essa questão já foi proposta à Instituição a qual vocês atuam?

    Arcângelo da Silva Ferreira

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    1. Querido Professor Arcângelo Ferreira, saudações!

      Agradeço pela sua cordialidade acadêmica...

      No que diz respeito às políticas de extensão e seus desdobramentos referentes ao ingresso de minorias étnicas e sociais no cotidiano acadêmico, acredito que as políticas de extensão universitária podem ser um importante elemento de articulação e mesmo de facilitação do acesso desses sujeitos e coletivos.

      Para ficarmos em apenas dois exemplos, gostaria de mencionar sobre uma experiência que tive nesses dias de quarentena. Apesar do necessário distanciamento social atual, acabei sendo cotado para avaliar projetos e programas de Extensão Universitária na UNIR, pois sou membro de uma Comissão que avalia essas propostas.

      Na ocasião, tive contato com várias propostas das quais, duas me chamaram profunda atenção. A primeira delas propunha criar pequenas oficinas de Ensino de História em escolas localizadas em regiões periféricas de Rondônia. O objetivo desta proposta era estabelecer alguma espécie de diálogo com grupos sociais menos favorecidos, de modo que pudessem conhecer um pouco sobre a UNIR e se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A segunda, apresentava uma proposta de programa de ensino, aliada à procedimentos de Extensão Universitária que tinha como intuito empreender cursos de formação em línguas estrangeiras para sujeitos em situação de fronteira e em processo de (i)migração. Além disso, outra proposta do programa era ajudar os imigrantes cadastrados no projeto a ingressarem na UNIR.

      Esses dois casos, a meu ver, evidenciam que a Extensão Universitária pode se constituir em estratégia de aproximação entre Universidade e Sociedade.

      Por fim, gostaria de mencionar sobre uma questão pontual: Nas duas últimas décadas sujeitos indígenas têm acessado a universidade de modo a se apropriar dos conhecimentos científicos e utilizá-los em benefício próprio. Temos denominado esse fenômenos de decolonialidade educacional e/ou protagonismo educacional indígena.

      No entanto, infelizmente, o acesso de sujeitos indígenas ao Ensino Superior Público não tem significado o reconhecimento científico de seus conhecimentos tradicionais. Dito em outras palavras, apesar de acessarem as universidades públicas fisicamente, os indígenas não têm ido reconhecidos enquanto sujeitos capazes de produzir conhecimento próprios que poderiam ser utilizados pela sociedade humana como um todo, assim como poderia fomentar a manutenção de dos modos de vida de grupos étnicos em situação de vulnerabilidade.

      Ou seja, hoje se permite o acesso de indígenas ao Ensino Superior, porém, os conhecimentos que esses sujeitos trazem consigo têm sido negligenciados pela universidade...

      Talvez, precisemos ficar mais atentos à esse tipo de situação que ocorre na Academia não apenas com indígenas, mas com outras minorias étnicas e sociais...

      Seguimos caminhando na luta contra a intolerância e falta de respeito em relação à diversidade, diferença e o multiculturalismo existente em nosso país.

      Forte abraço!

      Atenciosamente,

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza Ferreira do Carmo Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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  7. Parabéns pela pertinência do texto e a escrita cuidadosa. Quanto à questão da extensão, o curso possui projetos especificos que atendam demandas da comunidade? Márcia Blanco Cardoso.

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    1. Cara Márcia Blanco, saudações cordiais.

      Agradeço pela sua contribuição à discussão.

      Sobre sua indagação, acredito que não há muito segredo: O papel da universidade é atender as demandas da sociedade, especialmente no que diz respeito à capacitação de Recursos Humanos e à produção de conhecimentos baseados em metodologias de análise que privilegiam os conhecimentos científicos. Nesse sentido, qualquer ação desenvolvida pela universidade é, por natureza, uma ação voltada à resolução de problemas existentes em algum nível da sociedade...

      Forte abraço.

      Fernando Roque Fernandes
      Maria Luiza Ferreira do Carmo Souza
      Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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  8. Cara Márcia Blanco, saudações cordiais.

    Agradeço pela sua contribuição à discussão.

    Sobre sua indagação, acredito que não há muito segredo: O papel da universidade é atender as demandas da sociedade, especialmente no que diz respeito à capacitação de Recursos Humanos e à produção de conhecimentos baseados em metodologias de análise que privilegiam os conhecimentos científicos. Nesse sentido, qualquer ação desenvolvida pela universidade é, por natureza, uma ação voltada à resolução de problemas existentes em algum nível da sociedade...

    Forte abraço.

    Fernando Roque Fernandes
    Maria Luiza Ferreira do Carmo Souza
    Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

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