Talita Seniuk


HISTÓRIA E SOCIOLOGIA NA ESCOLA: O PROFESSOR COMO MEDIADOR DA EMANCIPAÇÃO SOCIAL DOS ALUNOS




Frente às discussões educacionais recentes no cenário nacional em relação à presença e ausência de algumas disciplinas da área de humanas e sociais nos currículos escolares, mostra-se tão relevante o debate a respeito dessa temática, considerando que a educação é um dos elementos primordiais de desenvolvimento humano e consequentemente econômico numa nação. As políticas públicas educacionais não obstante almejem uma educação com qualidade, acabam por vezes contribuindo com a reprodução de situações que conflitam com seus objetivos. Embora a escola seja o lócus privilegiado para a promoção da emancipação dos sujeitos que ela tutela, por vezes, colabora com a perpetuação da alienação social, que privilegia a classe dominante em detrimento a de dominados; e o professor situa-se no meio desse conflito.

As disciplinas História e Sociologia
No campo científico o diálogo entre ciências distintas não é novidade; por vezes complementam-se ou acrescentam informações umas às outras e até servem para confrontar dados nas mais variadas discussões. Algumas combinações aparecem com mais frequência devido aos objetos de estudo similares ou demasiado complexos, como no caso da crescente parceria entre as Ciências Humanas e as Sociais, representadas aqui nesse trabalho pela História e Sociologia. Aquela, segundo Rüsen: “assume funções de orientação existencial” (2001, p. 34), ou seja, ajuda a nortear as ações do homem, para que ele não cometa os mesmos erros do passado e esta, embora não possa resolver os defeitos do planeta (BAUMANN; MAY; 2010) neste mundo contemporâneo tem se mostrado como um dos pilares para a compreensão das especificidades sociais e na resolução dos conflitos que emergem a cada momento. Nesse sentido, existe certa afinidade entre as duas – História e Sociologia – devido ao fato de que o ambiente sociocultural em que vivemos, quer os homens tenham ou não consciência disso (GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES; 2012), nos afetam e por nós é afetado. História e Sociologia são ciências integrantes de uma série de discursos a respeito dos homens no mundo.

A História possui uma capacidade de metamorfose constante, pois seu objeto de estudo é construído, desconstruído e reconstruído a cada nova fonte que emerge, e estas também apresentam uma pluralidade de opções para o historiador que enriquecem as narrativas e ainda, uma ambiguidade que aproxima a própria ciência de seu objeto de estudo, pois possuem o mesmo nome; a História é ao mesmo tempo a prática (a disciplina) e o resultado (o discurso) segundo Certeau (1982). Não obstante seu olhar estar no passado, são as indagações do presente que movimentam sua prática e por isso, sua proximidade com outras ciências que tratam do social, afinal:

“[...] fundada sobre o corte entre um passado, que é seu objeto, e um presente, que é o lugar de sua prática, a história não para de encontrar o presente no seu objeto, e o passado, nas suas práticas. Ela é habitada pela estranheza que procura, e impõe sua lei às regiões longínquas que conquista, acreditando dar-lhes a vida” (CERTEAU, 1982, p. 46).

A História só pode ser considerada como uma “Ciência dos homens no tempo” (BLOCH, 2001, P.55), porque o passado sozinho como tal não pode ser objeto de estudo, ele precisa do historiador para ser uma ciência. Seu estudo possibilita uma leitura de mundo contemporânea, ainda que seu objeto seja o passado, porque muito do que é vivenciado atualmente é fruto das heranças históricas. Essa dualidade temporal permite aos alunos compreenderem as dimensões da vida cotidiana, percebendo que o homem, através dos tempos e vivendo em sociedade cria de costumes até grandes ideias (BRODBECK, 2012).

A Sociologia se define a partir da possibilidade do homem atual/contemporâneo, entender sua realidade social através de uma perspectiva científica. Como a realidade é algo extremamente complexo e nossa percepção sobre ela é de certa forma alienada e fragmentada (MILLS, 1965), ela nos ajuda a compreender de modo mais abrangente nossa realidade circundante, postura essa, segundo Ianni (1988) que se denomina autoconsciência da sociedade, que nos permite refletir sobre os rumos da vida social. Já para Mills, esta ciência mostra-se como um: “conhecimento capaz de conduzir o homem comum a compreender os nexos que ligam sua vida individual com os processos sociais mais gerais” (1965, p.11), demonstrando todas (ou muitas delas) às relações individuais e sociais que são tecidas dentro do todo de que fazemos parte e de que chamamos de coletividade. Ainda para o mesmo teórico, esse exercício de reflexão sobre a realidade define-se como imaginação sociológica, pois permite aos sujeitos usar as informações acumuladas através dos tempos (auxiliada pela História) e disponíveis para desenvolver a razão e compreender as relações sociais. A Sociologia em especial, deve possibilitar através de sua prática reflexiva que o indivíduo haja consciente na sua realidade: “a fim de que sejam garantidas as mudanças necessárias à superação dos desafios atuais de nossa sociedade” (SARANDY apud GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012, p. 139).

A construção da sociedade pauta-se em posturas individuais e coletivas, mas há de se lembrar de que existem forças sociais, ou seja, elementos externos como as instituições (a escola é uma delas), por exemplo, que influenciam os sujeitos e por eles é influenciada, apresentando a vida social como algo incerto, fragmentando e episódico (GIDDENS, 2001), pois inúmeros fatores compõem o todo de que fazemos parte. E apesar da trajetória humana ser repleta de aventuras inconstantes, muitas situações apresentam-se dentro de certos padrões, não são apenas acasos do destino como muitos acreditam ser e nesse sentido, a realidade social é capaz de ser observada, cabendo aos indivíduos orientar sua inteligência para esta ordem. Sua importância efetiva-se por que:

“[...] embora não possa corrigir os defeitos do mundo, é capaz de nos ajudar a compreendê-los de modo mais completo e, ao fazê-lo, permite-nos atuar sobre eles em busca do aperfeiçoamento humano. Nestes tempos de globalização, precisamos mais do que nunca do conhecimento que a Sociologia fornece. Afinal, compreender-nos no presente permite o domínio sobre as condições e as relações atuais sem o que não há esperança alguma de dar forma ao futuro” (BAUMAN; MAY apud GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012, p.23).

Vale ressaltar que muitas teorias sociais não se encerram em si mesmas como uma camisa de força que restringe seu alcance, mas se apropriam e desapropriam de conceitos até de outras áreas, numa dinamicidade que tenta acompanhar a sociedade, extrapolando por vezes alguns limites, impostos a priori, porque é uma área que “[...] está sempre preocupada em imergir na complexidade de nosso tempo” (GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012, p. 47). Dessa forma, legitima-se a proximidade entre as duas ciências para complementar os debates, jamais para aniquilar ou excluir uma teoria, respeitando as especificidades de cada uma. Em História os homens são considerados sujeitos históricos, na Sociologia são denominados atores sociais (Giddens, 1991), ambos dentro de suas realidades ainda que não se percebam como tal. É através da mediação do professor dessas disciplinas que se desenvolve essa autoconsciência que desnaturaliza posturas, subsidiando os jovens para uma autonomia que lhes proporcionará o exercício pleno da cidadania e acima de tudo, tornar-lhes-á agentes transformadores da realidade circundante.

Função social da escola
O processo de transmissão de conhecimentos, normas, valores, ideias, ideologias, tradições, etc., ocorre por meio da transmissão formal e informal. Enquanto que a transmissão informal trata do processo de socialização, realizado pela família e comunidade, a transmissão formal é dada pela ação de pessoas maduras, de forma a suscitar o desenvolvimento do estado físico, intelectual e moral (LAKATOS; MARCONI, 2014). Na construção do cidadão pela educação formal, a escola precisa atuar na sociedade em que está inserida de forma conjunta com a sociedade local e com vistas à sociedade global, trazendo a tona debates sobre temas que vão além dos muros escolares e da educação contemplada nos currículos obrigatórios, pois: “As escolas não funcionam como algo a parte, que podem modelar a sociedade. Não são agências extra-societárias: encontram-se inseridas no sistema social e não acima e sobre ele” (PEREIRA; FORACCHI, 1973, pp. 81-82).

Sua responsabilidade sobre seus educandos frente à nossa sociedade, que defende que a educação precisa além do desenvolvimento cognitivo alcançar também a cidadania, integrando seus alunos à comunidade em que estão inseridos, busca na sua prática uma articulação com a sociedade para que isso ocorra de maneira satisfatória. Dessa maneira, compete à escola formar o indivíduo como aluno e como cidadão, subsidiando seus conhecimentos, fornecendo elementos que integrem sua personalidade e ajudem a lapidar sua moral e carácter, procedimento iniciado no seio familiar. Logo, percebe-se que todas as práticas que venham a contribuir durante o processo de educação escolar para a formação do indivíduo e sua emancipação frente aos paradigmas do coletivo, são válidas e de extrema importância. Ainda, enquanto ambiente de aperfeiçoamento intelectual, que além de estimular os processos de ensino/aprendizagem também é considerada como um local de interação social, precisa estar inserida com seus objetivos e sua prática dentro de uma comunidade; inserida nesse sentido significa em conformidade com as características do lugar em que ela atua, reconhecendo as especificidades dos envolvidos que ela abrange para que não se torne um elemento estranho, alheio as necessidades locais que poderia intervir. Para que esse intercâmbio entre escola e sociedade possa existir de maneira satisfatória, ambas precisam se envolver para buscar um relacionamento adequado e que tenha como finalidade contribuir com a educação, afinal, um dos seus compromissos é auxiliar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, críticos, capazes de compreender e se apropriar da sua realidade (LIBÂNEO, 1998).

Embora não seja o único local de aprendizagem, a escola deve auxiliar no desenvolvimento do olhar sociológico dos alunos embasado nos conhecimentos históricos, aproximando suas vivências das temáticas das aulas, para que o aprendizado se torne efetivo, lócus onde se devam proporcionar meios de desenvolver as competências dos jovens, para que se tornem cidadãos mais reflexivos e críticos, capazes de mudar a realidade da sociedade/comunidade; precisa proporcionar o conhecimento para a aquisição de novas habilidades e competências socioemocionais (BNCC, 2017), possibilitando o trabalho produtivo, formação de conceitos, informações e ideias que venham a contribuir com a mudança do paradigma social, permitindo que cada indivíduo seja um agente transformador. Dessa forma, a escola é o ambiente determinante da mudança cultural e social e pode vir a possibilitar um desenvolvimento embasado na preocupação da formação básica do futuro cidadão que usa seu conhecimento para mudar a realidade que o cerca.

Não obstante a escola também fomentar a defesa dos alunos como cidadãos além dos seus limites estruturais físicos, que fazem parte de uma comunidade e que precisam munir-se de conhecimento para suas vidas, ela também valida esse processo de dominação, pois se apresenta como uma forma de controle social igualmente, porque passa a ser vista e servir como um lugar onde todos os discentes são contidos, alinhando-lhes para que possam fazer parte de um todo social, porque: “[...] a escola tende a homogeneizar as diferenças e desconsiderar as especificidades do segmento e integralidade dos sujeitos, tomando-os como elementos genéricos da cena escolar [...]” (GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012, p. 125). E nesse sentido, a escola atende bem a estes anseios da sociedade, pois se trata também de um exercício de poder das classes dominantes para as classes dominadas, porque a escola pública e gratuita, precisa atender as demandas da sociedade, ou seja, formar indivíduos que componham as massas.


O papel do professor
Sabe-se que a docência faz toda a diferença dentro da sociedade, por possibilitar que com sua prática, ainda que de maneira bastante limitada e subjetiva, mudar a realidade. Exige também uma constante busca por aperfeiçoamento de seus métodos e de suas ferramentas, promovendo transformações no que tange o ato de ensinar e de aprender. Nesse sentido, não se basta a um planejamento mais detalhado ou a um bimestre mais dedicado pelo professor em relação aos seus discentes, mas um processo constante de aprender a ensinar melhor sempre, frente a responsabilidade que é creditada a ação docente. Essa profissão que usa de criatividade, precisa se reinventar todos os dias, pois: “Os professores querem sempre ensinar os seus alunos; porém mais que ensinar, querem que aprendam e se interessem pelo que vão aprender, para que esse conhecimento seja significativo” (SCARPATO, 2004, p.17).

Contemporaneamente nas discussões a respeito do magistério têm se defendido a ideia de que esse profissional deve ser um mediador do conhecimento dentro da sala de aula, agindo como um facilitador da aprendizagem. Dessa forma, enaltece-se a importância desta carreira, pois de nada adiantaria o conhecimento acumulado se não houvesse quem “decifrasse” os dados e as informações de modo que os discentes pudessem acessá-los de modo prático. Emerge, então, a essencialidade do professor das áreas de Ciências Humanas e Sociais, uma vez que é através do conhecimento histórico que muitas indagações que afligem os sujeitos são explanadas e: “traduzem a necessidade que temos de nos explicar, nos situar, nos (re)conhecer como humanos e, em decorrência, como seres sociais” (BOSCHI, 2007, p. 12); pois ao passo que os indivíduos (conscientes/inconscientes de suas ações/omissões) dentro da coletividade muitas vezes não percebem que determinadas decisões são direcionadas por fatores externos, porque a própria sociedade torna natural algumas posturas, construídas através dos tempos, ainda que o resultado pareça ter sido escolhido pelo sujeito através desta decisão, o que contribui para: “[...] a reprodução social pelo fato de escamotear e tornar natural e inquestionável a imposição e inculcação do arbitrário cultural dominante” (ALMEIDA, 2005, p.151).

Todos esses processos subjetivos que sucedem cotidianamente na vida das pessoas, na maioria das vezes não são identificados, ocorrem à revelia de seus agentes e consolidam-se na socialização, pois internalizamos coerções sociais, padronizadas por estruturas que permeiam a manutenção desses sistemas (GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012). Cabe ao docente “desnaturalizar” essas atitudes para seus alunos, para que percebam os enredos que tecem as relações sociais. Partindo-se da premissa de que o sistema (em quase todas as suas formas institucionalizadas, entre elas a escola) se diz almejar a emancipação dos sujeitos, com o intuito de libertá-los das amarras que ele mesmo impõe, promove ao mesmo tempo mecanismos de manutenção dessa dominação. É nessa beligerância de ideias e ações que a figura do professor ganha sentido, principalmente no caso da História e da Sociologia, pois para entender os processos que compõem nossa sociedade, faz-se primordial que os indivíduos compreendam a importância de suas ações e como isso afeta aos demais e a comunidade em que está inserido: “[...] ser cidadão, mais do que estar contido na sociedade, é, fundamentalmente, contê-la, no sentido de que o indivíduo só pode se sintonizar com as necessidades de uma sociedade na medida em que toma consciência do todo de que se faz parte” (GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012, p.23) e é no ambiente escolar que essa concepção pode florescer e tornar os jovens verdadeiros transformadores de suas realidades.

Considerando a beligerância de correntes dentro de uma mesma sociedade, que com uma mão defende seus sujeitos e com a outra lhes sufoca, as disciplinas em enfoque além do papel do professor evidenciam-se como elementos fundamentais na desconstrução desse paradigma, ainda que a escola possa inclinar-se para o lado da perpetuação da dominação social, afinal: “É na socialização, ou seja, na maneira como um indivíduo é educado para viver em seu tempo e cultura, que se encontra a chave da legitimidade de uma ordem” (GUIMARÃES NETO; ASSIS; GUIMARÃES, 2012, p. 88). Educar é mais que transmitir conteúdos, consiste em dar possibilidades para que a pessoa possa desenvolver suas potencialidades ao máximo, contornar suas limitações e aprender a conviver com as quais não pode eliminar. Todos têm sua individualidade, mas todos são agentes com possibilidades em potencial de transformar a sua realidade circundante, cabendo ao grau de nossa consciência sobre isso nossas ações e omissões. É através dos referenciais sócio históricos que se alicerçam as concepções que acompanharão os jovens durante toda a sua vida e incide sobre o docente desenvolver estas habilidades, demonstrando que nossas posturas foram construídas socialmente porque: “talvez não exista “maneira natural” no adulto” (MAUSS, 1974, p.405) numa relação que envolve dominantes e dominados.

Referências
Talita Seniuk é Licenciada em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG; Especialista em Metodologia do Ensino de História pelo Centro Universitário de Maringá/UniCesumar; Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo/UMESP; Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Cândido Mendes/UCAM. Atualmente é acadêmica de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Metropolitana de Santos/UNIMES e Professora da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso/SEDUC MT.

ALMEIDA, L. R. S. Pierre Bourdieu: a transformação social no contexto de “A reprodução”. Inter-Ação: Rev. Fac. Educ. Goiás: UFG, 2005.
BAUMANN, Z.; MAY, T. Aprendendo a pensar com a sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
BOSCHI, C. C. Por que estudar História? São Paulo: Ática, 2007.
BLOCH, M. Apologia da história: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC. 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/> Acesso 31 jan. 2020.
BRODBECK, M. S. L. Vivenciando a história: metodologia de ensino de história. Curitiba: Base Editorial, 2012.
CERTEAU, M. A escrita da história. Tradução de Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.
___. Em defesa da sociologia: ensaios, interpretações e tréplicas. São Paulo: Unesp, 2001.
GUIMARÃES NETO, E.; ASSIS, M. A; GUIMARÃES, J. L. B.. Educar pela sociologia: contribuições para a formação do cidadão. Belo Horizonte: RHJ, 2012.
IANNI, O. A sociologia e o mundo moderno. São Paulo: Educ, 1988.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia Geral. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
LIBÂNEO, J.C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. Editora Cortez, São Paulo: 1998.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU, 1974.
MILLS, W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1965.
PEREIRA, L.; FORACCHI, M. M. Educação e sociedade. São Paulo: Nacional, 1974.
SCARPATO, M. (Org.). Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer. São Paulo: Avercamp, 2004.
RÜSEN, J. Razão histórica. Teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Brasília: UnB, 2001.

8 comentários:

  1. Como diz logo no começo do texto embora o ambiente escolar seja o palco para a emancipação do cidadão, ela acaba também alargando as diferenças entre as classes sociais e disseminando certas ideologias, princialmente em um pais hierarquizado e elitista como o nosso, e isso ficou bastante claro nesse momento, na qual, estamos passando, onde as elites ficam no conforto de suas casas, com aulas online, em celular, computador, entre outros meio tecnológicos, enquanto o pobre não tem acesso a essas tecnologias, e no final acabará a mercê da classe dominante.

    Pedro Afonso da Silva

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    1. Olá Pedro Afonso, obrigada pelo interesse na temática.
      Infelizmente seu relato é o que vivenciamos. Nossas fragilidades enquanto sociedade brasileira ficaram mais evidentes nesses tempos de pandemia e no que tange a educação não é diferente. Há um abismo que separa as pessoas e seus respectivos grupos. O ensino pode emancipar os sujeitos, mas pode também ser uma ferramenta de doutrinação e formação de massa de manobra. E o professor está no meio desse conflito. Enquanto professora, te digo que há os alunos que desejam se livrar dessas amarras e outros, que ainda que consigamos conscientizá-los do seu papel dentro de suas respectivas comunidades, preferem seguir o “fluxo”.
      Espero ter contribuído e mais uma vez obrigada.
      Talita Seniuk

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    2. É uma temática muito interessante, hj estou no 3 período, mas já no primeiro me senti muito aproximado com essa relação Educação, ensino de história. E uma temática que precisa muito ser debatida, e também abrange um leque de autores muito bom, Althusser e os aparelhos ideológicos, a gente pode pegar a Escola como um dos principais, e podemos relacionar Bourdieu como a questão do capital social, se eu não me engano.

      Pedro Afonso da Silva

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    3. Oi Pedro, você vai se sentir aproximado cada vez mais! Se serve de exemplo, minha primeira graduação foi História e a segunda Ciências Sociais, pois eu não consegui pensar nelas em separado. Acabou que uma coisa puxa a outra, estou fazendo Filosofia agora.
      Obrigada.
      Talita Seniuk

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  2. RODRIGO GUSTAVO PIRES HECKLER21 de maio de 2020 às 15:25

    Estimada Talita. Parece-me cada vez mais urgente o diálogo da História com as demais áreas do conhecimento. A interdisciplinaridade, embora custosa, demonstra aos estudantes que o mundo não é subdividido: a vida é um todo complexo. Para abordar as questões relativas às sociedades humanas na contemporaneidade, a Sociologia mostra-se como uma grande aliada. Porém, em tempos turbulentos como os que vivemos, nos quais a verdade social parece ser rejeitada diante dos fatos, dados e constatações empíricas, como promover um diálogo que relacione a realidade brasileira e a História, sem ocultar os fatos, mas despertando a reflexão saudável entre os estudantes, fomentando sua conscientização cidadã?

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  3. Olá Rodrigo, obrigada pelo questionamento.
    Em relação a interdisciplinaridade, essa questão eu sempre medio em sala de aula. Os estudantes acham que as disciplinas escolares são isoladas, uma não dialoga com a outra, o que fragmenta o ensino de todas. Essa visão mais abrangente de como tudo se relaciona é difícil de conquistar; apesar de poucos anos de docência, muito antes da BNCC falar em educação integral, e todas essas discussões a respeito de um conteúdo corroborar com outro, eu já aplicava (e ainda faço) uma atividade com os 6° anos já na nossa primeira aula: depois de me apresentar e fazer algumas considerações a respeito da disciplina, entrego um livro didático de História para cada um (se não tiver o vigente, vale o do ano anterior). A atividade consiste primeiro em apresentar o livro, afinal ele é nosso material base na educação pública, depois eu peço que eles localizem os seguintes elementos e anotem o nome/título e a página: uma palavra em outra língua, um mapa, um gráfico, uma imagem. Depois de terminada esta etapa, eu pego o livro e mostro a capa, e pergunto a qual disciplina ele se refere e ainda, em qual língua ele está escrito; então de modo aleatório peço que eles falem os itens que pedi e a página, e para cada item eu questiono, por exemplo, qual a palavra em língua estrangeira que você achou?, então eu pergunto, mas o seu livro é de língua estrangeira? qual mapa você encontrou?, mas seu livro é de Geografia?, e assim sucessivamente fazendo a ligação com as matérias que geralmente utilizam essas informações. Alguns alunos já sacam de imediato e outros demoram mais, mas ao final eu falo pra eles que todas as disciplinas se ajudam, que seria impossível ensinar qualquer uma sem a ajuda de outras. É uma boa introdução já que dá uma ideia geral da interdisciplinaridade que claro, precisa ser trabalhada em todas as aulas.
    No que tange a realidade brasileira e a História, o despertar para uma reflexão saudável que conscientize os alunos como agentes transformadores de suas comunidades, eu acredito que o germe dessa semente já se pode despertar ainda no início do Ensino Fundamental II (não atuo nos anos iniciais) mesmo que eles não tenham na grade curricular uma disciplina intitulada Sociologia ou Filosofia, como só ocorre no Ensino Médio. Essa percepção e reflexão que ela proporciona pode ser trabalhada dentro da própria História, utilizando a interdisciplinaridade; claro que é necessário respeitar as especificidades de cada faixa etária, mas mesmo assim é possível. Talvez por ter História, Ciências Sociais e Filosofia como minhas formações eu faça isso sem dificuldade, mas ao se mediar qualquer tema histórico podem ser elencadas questões como: Porque será essas pessoas faziam isso? Porque agiam dessa forma? Será que sempre foi assim? Porque será tais fatos aconteceram? O que será motivou essas pessoas a fazer isso? Entre outras. Acho que a desnaturalização de alguns temas já ajuda a despertar uma reflexão e fomentar um social mais consciente.
    Espero ter contribuído.
    Obrigada, Talita Seniuk.

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    1. RODRIGO GUSTAVO PIRES HECKLER21 de maio de 2020 às 20:22

      Muito obrigado pelo retorno. Bom trabalho e força, sempre. Att, Rodrigo Gustavo Pires Heckler

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  4. RODRIGO GUSTAVO PIRES HECKLER21 de maio de 2020 às 20:19

    Estimada Talita. Parece-me cada vez mais urgente o diálogo da História com as demais áreas do conhecimento. A interdisciplinaridade, embora custosa, demonstra aos estudantes que o mundo não é subdividido: a vida é um todo complexo. Para abordar as questões relativas às sociedades humanas na contemporaneidade, a Sociologia mostra-se como uma grande aliada. Porém, em tempos turbulentos como os que vivemos, nos quais a verdade social parece ser rejeitada diante dos fatos, dados e constatações empíricas, como promover um diálogo que relacione a realidade brasileira e a História, sem ocultar os fatos, mas despertando a reflexão saudável entre os estudantes, fomentando sua conscientização cidadã?
    Atenciosamente, Rodrigo Gustavo Pires Heckler

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