MEIO AMBIENTE E HISTÓRIA LOCAL: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
A temática ambiental e
suas discussões no campo da história surgem em meio ao processo de destruição
do meio ambiente vivenciado nos Estados Unidos que despertou o interesse dos
estudiosos sobre esse fenômeno, buscando entender essa experiência de
apropriação e exploração dos recursos naturais [MARTINEZ, 2006]. Realizando uma
comparação com a realidade atual do Brasil, no tocante as queimadas e a
derrubada das árvores na floresta amazônica e as manchas de óleo recorrentes há
meses no litoral nordestino [só para ficar em poucos exemplos] não podemos
deixá-la afastada do ensino da história.
Ely Bergo de Carvalho
analisa as particularidades referentes aos modos como a sociedade vem se
relacionando com a natureza a partir da forte influência do mundo moderno, que
abarca diferentes racionalidades para o seu entendimento, e afirma que o ensino
de história tem um papel significativo no momento em que os historiadores, no
papel de educadores, produzem narrativas que incluam a natureza e que possam
superar o que o autor elenca como “problemas práticos de aplicação dos temas
transversais em sala de aula” [CARVALHO, 2011, p. 3] que seriam agravados pelo
fato de que em geral, os professores de história não seriam preparados para
lidar com o debate ambiental.
Carvalho [2016] também
destaca algumas das dificuldades em abordar a temática do meio ambiente nas
aulas de história e algumas possibilidades de trabalho a partir da análise de
proposições feitas por outros pesquisadores. A partir das contribuições de
Circe Bittencourt, aponta que a falta de métodos para introduzir o estudo do
meio ambiente nas aulas de história é um ponto em comum apontado por vários
pesquisadores. Carvalho aponta também Gilmar Arruda ao propor que os
professores de história devem sair das salas de aula e pisar o chão, usando os
pés, para realizar o estudo da História Ambiental no espaço escolar.
Precisamos despertar
nos alunos um olhar aguçado e sensível para temáticas relacionadas ao meio ambiente,
pois como nos afirma Donald Worster [2004] entendemos que a crise ambiental
será um dos principais problemas mundiais do século XXI, e nós, professores de
história não podemos estar à parte desses debates.
Bittencourt [2011]
destaca que o trabalho da História Ambiental no ensino de História requer a
utilização da chamada interdisciplinaridade no trabalho escolar, pois era
apenas trabalhado nas aulas de Geografia ou da Biologia. Por isso precisamos
levar esses debates ambientais para as aulas de história, estimulando a
historicizando a natureza, como nos propõe José Augusto Pádua [2010],
diminuindo assim a disjunção entre cultura e natureza apontada por Ely Carvalho
[2012].
Realizar nas aulas de
História os debates sobre meio ambiente ainda é algo problemático pela
existência de vários obstáculos a serem vencidos para que as atividades
interdisciplinares superem os trabalhos em projeto e possam ser pensadas nos
vários níveis de ensino de forma contínua e integrada. Circe Bittencourt [2011]
aponta que para haver esse processo interdisciplinar existem dois princípios
que podem articular essa prática: um seria a percepção de que a natureza é
dinâmica e por isso se faz necessário compreendê-la em sua dinâmica e o outro é
o de estabelecer o homem como parte integrante da natureza.
Ely B. de Carvalho
[2016] apresenta outra possibilidade para aproximar as abordagens ambientais no
ensino de História através da reformulação ambiental dos livros didáticos para
que o tema deixe de ser apresentado apenas como apêndice de outra temática
como, por exemplo, a cidadania ou no contexto contemporâneo, pós Segunda Guerra
Mundial. Circe Bittencourt citando Artur Soffiati destaca que o debate pela
inclusão nos livros didáticos de História da temática ambiental vem sendo travada
no Brasil desde a década de 80 do século XX, pois para Soffiati é preciso “que
a história ensinada, ao lado de outras disciplinas escolares, pudesse
efetivamente contribuir para a educação ambiental das novas gerações”. [2011,
p. 267].
Assim como Blenda C.
do Vale [2018] acreditamos na relevância da história ambiental no ensino de
história já que através dos seus debates é possível que o aluno desenvolva uma
consciência sustentável e se veja como um agente importante dentro do processo
histórico em que vive. Blenda Vale enfatiza ainda que os debates sobre meio
ambiente no ensino de História permitem que os alunos possam se sentir parte
desse meio natural e sujeitos atuantes no seu lugar, preocupando-se e olhando o
meio natural como parte integrante deste. As aulas de história devem ser
espaços para o debate e análise do meio ambiente, pois segundo Wesley Kettle “a
dimensão ambiental da história, além de essencial, garante a ampliação de
nossas interpretações”[KETTLE, 2018, p. 45].
Meio
ambiente e história local no ensino de história
Elenita Malta Pereira
nos alerta que os PCN’s já colocam a importância da presença da temática
ambiental na educação básica de forma transversal. A autora citando Gerhardt e
Nodari aponta que uma possibilidade de trabalhar em sala de aula com tal
temática seria “por meio do estudo da história local, da toponímia e de fontes
visuais e arquivísticas” [PEREIRA, 2017, p. 10]. Com isso, o uso da História
Local permitiria aos alunos identificarem “o passado sempre presente nos vários
espaços de convivência – escola, casa, comunidade, trabalho, lazer - e
igualmente por situar os problemas significativos da história presente”
[BITTENCOURT, 2011. p. 168].
A História Local no
Ensino de História pode se tornar uma prática pedagógica que auxilie na
superação das limitações curriculares existentes e que dificultam o trabalho
com temas transversais, tornando assim as aulas de história mais interessantes
e atrativas. Selva Guimarães Fonseca assim como Circe Bittencourt, aproxima a
história local e o cotidiano, considerando que ambos podem ser extremamente
relevantes na formação dos saberes escolares. Em muitos momentos, os
professores da educação básica mesmo realizando várias atividades pedagógicas e
projetos, interdisciplinares ou não, acabam deixando de produzir registros e
desconsideram suas ações como saberes analisáveis e, por que não dizer,
científicos. Essa afirmativa de Selva Fonseca reforça a necessidade de
tornarmos as nossas ações pedagógicas feitas muitas vezes de forma informal,
exemplos de saberes ligados ao ensino da história e próprios do ambiente
escolar.
Selva Fonseca [2006]
aponta algumas dificuldades em materializar no ensino o uso da História Local e
regional e que tais problemas se estendem também para o campo da pesquisa.
Dentre as dificuldades apontadas duas nos chamam atenção: uma seria o espaço
que ainda é reservado para os estudos dos aspectos políticos locais e a outra,
seriam as fontes que quase sempre privilegiam a memória de grupos ligados a
elite local.
Uma proposta para o
estudo do meio ambiente seria propor uma pesquisa a respeito das memórias
ligadas a natureza presentes no bairro [como um parque, um bosque,um igarapé]
ou mesmo da cidade [um rio, animais presentes no espaço urbano e outros]
utilizando para isso de fontes que não são oriundas de um único grupo social e
sim diversificadas, como entrevistas que envolvam pessoas de vários segmentos e
idades, uma bibliografia produzida sobre esse lugar, documentos da
administração, da junta comercial, dentre outros.
Selva Fonseca afirma
que defende o estudo da história local e do cotidiano na educação básica
obrigatória para combater os problemas de identidade, pertencimento,
pluralidade cultural, étnica, religiosa e exclusão social que ainda marcam
nossas escolas, e dentro desta perspectiva “a escola e as aulas de História são
lugares de memória, da história recente, imediata e distante”. [FONSECA, 2006,
p. 132].
Sem dúvida o trabalho
pedagógico com a história local ajudará a tornar os debates das aulas de História
mais próximos da comunidade, construindo a identidade dos alunos, permitindo
que os mesmos passem a interagir com as demandas que são vivenciadas pela
comunidade e percebendo suas relações com o meio ambiente local visando
desconstruir a disjunção entre sociedade e natureza através de propostas de
trabalho pedagógico que estimulem os alunos a pensar historicamente e que se
caminhe “no sentido de romper com as dicotomias, a fragmentação, a separação
entre espaços, tempos e sujeitos”. [FONSECA, 2006, p. 135].
Elison Paim e Vanessa
Picolli [2007] sustentam que estudar as questões locais e sua aplicação no
ensino de história facilita a absorção e compreensão do conteúdo, fugindo da
memorização e despertando a visão crítica, já que torna possível ao aluno
enxergar as relações entre o local e as outras regiões do país e até do mundo.
Luiz Reznik [2002]
constata que o exercício da história local está relacionado à noção de
pertencimento, num processo de identificação que constitui o sujeito moderno
fragmentado, múltiplo e instável. A identidade local seria fundamentada pelo
“exercício da memória, o desejo da convivência e a perpetuação de símbolos e
imagens” [REZNIK, 2002, p. 3]. Seria então a história local “a ‘costura’ de um
retalho dos processos de identificação do sujeito”. Então fazer uso da História
Local para aprofundar o debate sobre o meio ambiente no ensino de História pode
fortalecer a identidade e o sentimento de pertencimento dos alunos.
Para Márcia de Almeida
Gonçalves a história local seria o “conjunto de experiências de sujeitos em um
lugar e, também, o conhecimento sobre o conjunto dessas experiências”.
[GONÇALVES, 2007, p. 177]. Na sua
concepção, história local seria o “conhecimento histórico produtor de uma
consciência acerca das relações entre as ações de sujeitos individuais e/ou
coletivos em um lugar” [GONÇALVES, 2007, p. 178], entendido como o lugar onde
se vive por ser caracterizado pelas suas experiências históricas vividas e nos
quais os sujeitos podem se identificar e localizar.
Compartilhamos do
mesmo entendimento sobre o papel da história do lugar proposto por Márcia
Gonçalves por perceber a importância do estudo do lugar de experiências como um
espaço de construção de identidades que podem ser fomentadas através do uso das
memórias, que venha auxiliar na percepção da história de uma cidade, bairro,
rua e a relação dos sujeitos que nela viveram com o meio ambiente, através dos
usos e vínculos cotidianos estabelecidos.
Segundo Gonçalves, o
desafio hoje da história é produzir uma historiografia didática na qual seja
incorporado o local, partindo dele e com ele sensibilizando crianças, jovens e
adultos, num processo de construção de uma consciência histórica e que a partir
das reflexões sobre o local esses alunos atuem “historicizando e
problematizando o sentido de suas identidades, relacionando-se com o mundo de
forma crítica, mudando, ou não, como sujeitos, a própria vida.” [GONÇALVES,
2007, 182].
Mas para se construir
o local na pesquisa o uso da memória terá um papel fundamental. Essa memória
pode ser obtida através de depoimentos ou entrevistas feitas com os moradores
antigos que tiveram contato e usufruíram de maneiras variadas dos espaços
naturais e que possam ajudar os estudantes a construir a história do seu lugar,
pois como nos afirma Circe Bittencourt à “memória impõe-se por ser à base da
identidade, e é pela memória que se chega à história local” [BITTENCOURT, 2011,
p. 169].
A memória é tida como
aquela que torna o passado presente, através de uma representação seletiva, no
dizer de Henry Rousso, “um passado que nunca é aquele do indivíduo somente, mas
de um indivíduo inserido em um contexto familiar, social, nacional” [ROUSSO,
2006, p. 94]. Citando Maurice Halbwachs, Rousso nos diz que a memória é
“coletiva”, por constituir elemento essencial da identidade, da percepção dos
outros e de si mesmo. Entretanto, Rousso nos alerta da necessidade de vermos
que se em escala individual a memória é coletiva, ao irmos para o campo de
grupo social ou nação, não existe “memória coletiva”, ou seja, uma
representação do passado compartilhada por uma coletividade.
Michael Pollak ao
fazer suas proposições, aponta que a memória constitui o sentimento de
identidade individual e coletiva “na medida em que ela é também um fator
extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma
pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si”. [POLLAK, 1992, p. 204].
Ricardo Santhiago e
Valéria Magalhães chamam a atenção de que a memória “que é dinâmica, individual
[porque única] e coletiva [porque remete a experiências sociais] é a fonte que
abastece as lembranças” [SANTHIAGO; MAGALHÃES, 2015, p. 37] e essas lembranças
que nascem individualmente, de um narrador e de suas particularidades, também é
composta pela memória, vivências e experiências de seu meio social. Este
pertencimento a uma coletividade faz com que ele consiga criar uma
identificação com um grupo, ou seja, que tenha uma identidade.
Construir então um
projeto pautado no uso da memória é possível pela utilização das entrevistas
como recurso pedagógico, algo que ultrapassa a perspectiva das definições
teóricas ou metodológicas próprias da ciência histórica e adentra o campo dos
debates sobre as práticas e experiências escolares. Transformando a concepção
tradicional do ensino, pautado na memorização, onde o aluno seria o receptor de
conhecimentos prontos, o uso das entrevistas leva os alunos a desenvolver novas
habilidades e capacidades antes não estimuladas, a fortalecer sua autonomia e a
se interessar mais pelo objeto de aprendizagem. Como ferramenta de ensino
aproximará o aluno da condição de produtor de conhecimento, e conhecimento
relevante, pois está ligada a história de seu lugar.
O estudo da natureza
através da metodologia de entrevistas com moradores mais antigos pode aproximar
os alunos da história de seu lugar, permitindo que se reconheçam como sujeitos
ativos no processo ensino aprendizagem, já que a escola para muitos desses
alunos passa a ser o lugar onde eles podem encontram inspiração e possibilidade
de desenvolver seu potencial e transformar sua realidade. Inserir, então, nas
aulas de História debates sobre questões do tempo presente relacionadas à
natureza e a história local parece fundamental para possibilitar aos alunos a
construção de uma consciência crítica e uma memória ambiental, pois “as
narrativas sociais de memória são a chave para as reflexões sobre as relações
humanas com o meio ambiente” [CARVALHO; SOUZA, 2019, p. 171].
Os argumentos
construídos neste pequeno artigo visam apontar caminhos que podem ser trilhados
e elementos teóricos e metodológicos que venham a nortear debates e projetos
pertinentes e de grande relevância para o ensino da história por alguns
fatores. Primeiramente, por desenvolver
nos alunos uma percepção de pertencimento ao lugar, preservando e valorizando a
memória e a história de sua cidade. Em segundo lugar, por ser uma estratégia de
ensino que possa ser utilizada por professores de história da educação básica
de várias cidades do Brasil, percebendo como as demandas sociais do presente
[no caso a relação entre sociedade e meio ambiente e as transformações sofridas
por esse] podem servir de ponto de partida para o estudo do passado e da
relação deste com o presente.
Um terceiro fator
seria a relevância de colocar em debate nas aulas de história a questão da
natureza, pois muitas vezes são debates feitos por outras disciplinas no espaço
escolar, mas que também podem ser feitos pela história de forma inovadora e
interessante, pois como nos afirma Wesley Kettle ignorar no ensino de história
os debates sobre os impactos ambientais ocorridos “é não estar atento às
demandas sociais do presente, transformando a ciência histórica em um
conhecimento pouco crítico, sem vida e que não estimula ações capazes de
transformar a sociedade” [KETTLE, 2018, p. 47].
Conhecer um pouco das
ideias norteadoras da história ambiental, sua relação com as questões do tempo
presente e as limitações e possibilidades de ação através da inserção do meio
ambiente nas aulas de história nos permite propor metodologias para que o
aprendizado sobre o passado se construa de forma reflexiva, a partir das
demandas de hoje, de forma crítica, por meio de uma análise que possa
desnaturalizar o comportamento atual de disjunção existente a respeitos da
relação social/natural e transformadora, por possibilitar aos jovens e a todos
que desta se apropriam argumentos e fundamentos para a construção de novos
olhares e ações a respeito da relação sociedade-meio ambiente.
Referências
Graduada em História
pela UFPA [2003]. Especialista em História e Cultura Afrobrasileira e Africana
pela FIBRA [2011]. Atua na docência em escolas de ensino médio da rede estadual
de ensino [SEDUC/PA]. É discente do Programa de Mestrado Profissional em Ensino
de História [PROFHISTÓRIA/2018], pela UFPA, Campus Ananindeua, sob a orientação
do Prof. Dr. Wesley Oliveira Kettle. Participa do Grupo e Pesquisa História e
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Parabéns pela pesquisa professora.
ResponderExcluirGostaria de saber se também pensa esse trabalho sobre Meio Ambiente e história local utilizando da historiografia produzida sobre o local definido. No caso de ainda não existir muito produzido sobre o determinado local, avançar com as pesquisas historiográficas seria uma opção viável?
Wendell Presley Machado Cordovil.
Olá Wendell! A pesquisa que desenvolvo é realizada em Santa Izabel do Pará e no primeiro capitulo da minha dissertação eu faço uma discussão com as obras escritas sobre o lugar e como a natureza aparece nelas representada. Dos autores que eu analisei, apenas o professor e pesquisador Raimundo Franciel Paz, em sua dissertação apresentada ao PPHIST/UFPA, tem a história ambiental como foco de análise. Meu trabalho, ligado ao campo do ensino, será mais uma singela contribuição para esse debate que ainda apresenta um campo fértil e pouco explorado no que tange a história ambiental izabelense.
ExcluirAtenciosamente;
Ligia Mara Barros Ribeiro
Parabenizo a pesquisa Lígia Ribeiro. Tanto a utilização da história local quanto o estudo do meio ambiente são primordiais, a meu ver para o enriquecimento da educação dos estudantes. Como educadora, que dificuldades encontraste para conciliar, na pesquisa, o distanciamento necessário para o olhar do professor-pesquisador e a proximidade que a história local trás, tendo em vista que o professor também pertence ao local?
ResponderExcluirKédson Nascimento Maciel
Olá Kédson! Obrigada pela questão levantada, sem dúvida não é algo simples lidar com as subjetividades no campo da história. A escolha pelo diálogo com a história local foi utilizado no meu trabalho justamente para aproximar as propostas da pesquisa das experiências que fossem mais familiares aos alunos. Como pesquisadora, compartilho da proposta de Durval Muniz de Albuquerque Júnior de que o pesquisador do lugar, da região, precisa estranhar o que lhe é comum, questionar, refletir e buscar se distanciar do que lhe é próximo, do lugar. Não afirmo que seja fácil, mais acredito que seja uma possibilidade para que essa intimidade não prejudique o debate e comprometa as análises. No entanto, não vejo como escapar de todo das influências que me levaram a propor tal pesquisa, já que nós, mesmo produzindo ciência, temos nossas motivações e porquês para formularmos nossas perguntas e sem dúvida elas estão cheias de nossas subjetividades.
ExcluirAtenciosamente;
Ligia Mara Barros Ribeiro
Parabéns pelo texto! Gostei muito dessa abordagem da história ambiental com o local (embora a história ambiental impor uma visão global, uma vez que os fenômenos ambientais ultrapassam as fronteiras territoriais/políticas/geográficas), pois desta forma facilita a compreensão dos alunos como integrantes do meio ambiente e de pertencimento ao local, que abordaste muito bem em seu texto.
ResponderExcluirNa forma que você pretende abordar a história ambiental, com um espaço local, provavelmente a história ambiental possa se confundir com as histórias pessoais (que para mim é muito positivo), por isso lhe questiono, porque deve haver esse sentimento de pertencimento ao local? E se tu não considera que a Educação Ambiental e a História são temas que tem muito mais a nos contar que apenas em relação ao ponto ambiental?
Parabéns novamente!
Fábio Roberto Krzysczak
Olá Fábio Roberto! Suas indagações são muito importantes. Quando propus estabelecer um diálogo entre história ambiental e história local foi justamente por perceber que o meio ambiente não é recorrente nas aulas de história da educação básica e que pesquisar sobre o seu lugar, com os significados e atribuições dados pelos próprios alunos faria com que eles se apropriassem da ideia e com isso viessem a conhecer mais e aprofundar assim seus laços de pertencimento com o local.
ExcluirSem dúvida que ao fazermos uso da Educação Ambiental temos, enquanto professores, um dever moral e ético de construir nos jovens e crianças uma consciência ambiental, seja pelo resgate das memórias da natureza ou dos usos e práticas realizadas no meio, para que esses sujeitos se formem enquanto cidadãos conscientes da necessidade de se pensar enquanto parte e não a parte do meio ambiente, e que o futuro também está condicionado a forma como nos relacionamos com a natureza. Sem dúvida existem muitos aspectos a se considerar ao tratarmos de história ambiental, educação ambiental e ensino de história. Cabe a nós, enquanto educadores, traçar novos caminhos e debates para podermos contar novas histórias.
Atenciosamente;
Ligia Mara Barros Ribeiro
Boa noite Ligia. Parabéns pelo texto. Gostaria de saber que tipos de práticas pedagógicas poderiam ser utilizadas pelos professores de história que tenham relações com o meio ambiente e história local?
ResponderExcluirJelly Juliane Souza de Lima.
Olá Jelly Lima!
ExcluirVou responder você apresentando a proposta que usei com meus alunos em minha pesquisa de mestrado ligada ao PROFHISTÓRIA/UFPA. Trabalhei com eles buscando construir a história das águas do município, mais especificamente os rios que cortam a cidade sede, que é Santa Izabel do Pará, e o rio Caraparu, que é o principal rio do município e que também dá nome a um dos distritos que formam o município, por meio do uso das memórias dos moradores antigos da cidade, visando apresentar aos alunos o que eu chamo de uma memória ambiental, fundamentada nas experiências e práticas sociais e cotidianas relatadas, para que os mesmos compreendessem que aqueles rios também tiveram funções e usos distintos dos que lhe são dados hoje, historicizando as águas por meio das memórias. Com isso os alunos puderam entender como a natureza sofre mudanças, até que ponto elas são influências antrópicas e como aqueles rios possuíram outros usos e outros significados dados pelos moradores há algumas décadas passadas. Dessa forma acredito que podemos aproximar a história ambiental das aulas e de história na educação básica tendo a história local como uma proposta que torna aquela aprendizagem mais significativa.
Espero ter respondido, ao menos parcialmente, sua indagação.
Atenciosamente;
Ligia Mara Barros Ribeiro