Ligia Mara Barros Ribeiro


MEIO AMBIENTE E HISTÓRIA LOCAL: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA




A temática ambiental e suas discussões no campo da história surgem em meio ao processo de destruição do meio ambiente vivenciado nos Estados Unidos que despertou o interesse dos estudiosos sobre esse fenômeno, buscando entender essa experiência de apropriação e exploração dos recursos naturais [MARTINEZ, 2006]. Realizando uma comparação com a realidade atual do Brasil, no tocante as queimadas e a derrubada das árvores na floresta amazônica e as manchas de óleo recorrentes há meses no litoral nordestino [só para ficar em poucos exemplos] não podemos deixá-la afastada do ensino da história.

Ely Bergo de Carvalho analisa as particularidades referentes aos modos como a sociedade vem se relacionando com a natureza a partir da forte influência do mundo moderno, que abarca diferentes racionalidades para o seu entendimento, e afirma que o ensino de história tem um papel significativo no momento em que os historiadores, no papel de educadores, produzem narrativas que incluam a natureza e que possam superar o que o autor elenca como “problemas práticos de aplicação dos temas transversais em sala de aula” [CARVALHO, 2011, p. 3] que seriam agravados pelo fato de que em geral, os professores de história não seriam preparados para lidar com o debate ambiental.

Carvalho [2016] também destaca algumas das dificuldades em abordar a temática do meio ambiente nas aulas de história e algumas possibilidades de trabalho a partir da análise de proposições feitas por outros pesquisadores. A partir das contribuições de Circe Bittencourt, aponta que a falta de métodos para introduzir o estudo do meio ambiente nas aulas de história é um ponto em comum apontado por vários pesquisadores. Carvalho aponta também Gilmar Arruda ao propor que os professores de história devem sair das salas de aula e pisar o chão, usando os pés, para realizar o estudo da História Ambiental no espaço escolar.

Precisamos despertar nos alunos um olhar aguçado e sensível para temáticas relacionadas ao meio ambiente, pois como nos afirma Donald Worster [2004] entendemos que a crise ambiental será um dos principais problemas mundiais do século XXI, e nós, professores de história não podemos estar à parte desses debates.

Bittencourt [2011] destaca que o trabalho da História Ambiental no ensino de História requer a utilização da chamada interdisciplinaridade no trabalho escolar, pois era apenas trabalhado nas aulas de Geografia ou da Biologia. Por isso precisamos levar esses debates ambientais para as aulas de história, estimulando a historicizando a natureza, como nos propõe José Augusto Pádua [2010], diminuindo assim a disjunção entre cultura e natureza apontada por Ely Carvalho [2012].
Realizar nas aulas de História os debates sobre meio ambiente ainda é algo problemático pela existência de vários obstáculos a serem vencidos para que as atividades interdisciplinares superem os trabalhos em projeto e possam ser pensadas nos vários níveis de ensino de forma contínua e integrada. Circe Bittencourt [2011] aponta que para haver esse processo interdisciplinar existem dois princípios que podem articular essa prática: um seria a percepção de que a natureza é dinâmica e por isso se faz necessário compreendê-la em sua dinâmica e o outro é o de estabelecer o homem como parte integrante da natureza.

Ely B. de Carvalho [2016] apresenta outra possibilidade para aproximar as abordagens ambientais no ensino de História através da reformulação ambiental dos livros didáticos para que o tema deixe de ser apresentado apenas como apêndice de outra temática como, por exemplo, a cidadania ou no contexto contemporâneo, pós Segunda Guerra Mundial. Circe Bittencourt citando Artur Soffiati destaca que o debate pela inclusão nos livros didáticos de História da temática ambiental vem sendo travada no Brasil desde a década de 80 do século XX, pois para Soffiati é preciso “que a história ensinada, ao lado de outras disciplinas escolares, pudesse efetivamente contribuir para a educação ambiental das novas gerações”. [2011, p. 267].

Assim como Blenda C. do Vale [2018] acreditamos na relevância da história ambiental no ensino de história já que através dos seus debates é possível que o aluno desenvolva uma consciência sustentável e se veja como um agente importante dentro do processo histórico em que vive. Blenda Vale enfatiza ainda que os debates sobre meio ambiente no ensino de História permitem que os alunos possam se sentir parte desse meio natural e sujeitos atuantes no seu lugar, preocupando-se e olhando o meio natural como parte integrante deste. As aulas de história devem ser espaços para o debate e análise do meio ambiente, pois segundo Wesley Kettle “a dimensão ambiental da história, além de essencial, garante a ampliação de nossas interpretações”[KETTLE, 2018, p. 45].

Meio ambiente e história local no ensino de história
Elenita Malta Pereira nos alerta que os PCN’s já colocam a importância da presença da temática ambiental na educação básica de forma transversal. A autora citando Gerhardt e Nodari aponta que uma possibilidade de trabalhar em sala de aula com tal temática seria “por meio do estudo da história local, da toponímia e de fontes visuais e arquivísticas” [PEREIRA, 2017, p. 10]. Com isso, o uso da História Local permitiria aos alunos identificarem “o passado sempre presente nos vários espaços de convivência – escola, casa, comunidade, trabalho, lazer - e igualmente por situar os problemas significativos da história presente” [BITTENCOURT, 2011. p. 168].

A História Local no Ensino de História pode se tornar uma prática pedagógica que auxilie na superação das limitações curriculares existentes e que dificultam o trabalho com temas transversais, tornando assim as aulas de história mais interessantes e atrativas. Selva Guimarães Fonseca assim como Circe Bittencourt, aproxima a história local e o cotidiano, considerando que ambos podem ser extremamente relevantes na formação dos saberes escolares. Em muitos momentos, os professores da educação básica mesmo realizando várias atividades pedagógicas e projetos, interdisciplinares ou não, acabam deixando de produzir registros e desconsideram suas ações como saberes analisáveis e, por que não dizer, científicos. Essa afirmativa de Selva Fonseca reforça a necessidade de tornarmos as nossas ações pedagógicas feitas muitas vezes de forma informal, exemplos de saberes ligados ao ensino da história e próprios do ambiente escolar.

Selva Fonseca [2006] aponta algumas dificuldades em materializar no ensino o uso da História Local e regional e que tais problemas se estendem também para o campo da pesquisa. Dentre as dificuldades apontadas duas nos chamam atenção: uma seria o espaço que ainda é reservado para os estudos dos aspectos políticos locais e a outra, seriam as fontes que quase sempre privilegiam a memória de grupos ligados a elite local.

Uma proposta para o estudo do meio ambiente seria propor uma pesquisa a respeito das memórias ligadas a natureza presentes no bairro [como um parque, um bosque,um igarapé] ou mesmo da cidade [um rio, animais presentes no espaço urbano e outros] utilizando para isso de fontes que não são oriundas de um único grupo social e sim diversificadas, como entrevistas que envolvam pessoas de vários segmentos e idades, uma bibliografia produzida sobre esse lugar, documentos da administração, da junta comercial, dentre outros.

Selva Fonseca afirma que defende o estudo da história local e do cotidiano na educação básica obrigatória para combater os problemas de identidade, pertencimento, pluralidade cultural, étnica, religiosa e exclusão social que ainda marcam nossas escolas, e dentro desta perspectiva “a escola e as aulas de História são lugares de memória, da história recente, imediata e distante”. [FONSECA, 2006, p. 132].

Sem dúvida o trabalho pedagógico com a história local ajudará a tornar os debates das aulas de História mais próximos da comunidade, construindo a identidade dos alunos, permitindo que os mesmos passem a interagir com as demandas que são vivenciadas pela comunidade e percebendo suas relações com o meio ambiente local visando desconstruir a disjunção entre sociedade e natureza através de propostas de trabalho pedagógico que estimulem os alunos a pensar historicamente e que se caminhe “no sentido de romper com as dicotomias, a fragmentação, a separação entre espaços, tempos e sujeitos”. [FONSECA, 2006, p. 135].

Elison Paim e Vanessa Picolli [2007] sustentam que estudar as questões locais e sua aplicação no ensino de história facilita a absorção e compreensão do conteúdo, fugindo da memorização e despertando a visão crítica, já que torna possível ao aluno enxergar as relações entre o local e as outras regiões do país e até do mundo.

Luiz Reznik [2002] constata que o exercício da história local está relacionado à noção de pertencimento, num processo de identificação que constitui o sujeito moderno fragmentado, múltiplo e instável. A identidade local seria fundamentada pelo “exercício da memória, o desejo da convivência e a perpetuação de símbolos e imagens” [REZNIK, 2002, p. 3]. Seria então a história local “a ‘costura’ de um retalho dos processos de identificação do sujeito”. Então fazer uso da História Local para aprofundar o debate sobre o meio ambiente no ensino de História pode fortalecer a identidade e o sentimento de pertencimento dos alunos.

Para Márcia de Almeida Gonçalves a história local seria o “conjunto de experiências de sujeitos em um lugar e, também, o conhecimento sobre o conjunto dessas experiências”. [GONÇALVES, 2007, p. 177].  Na sua concepção, história local seria o “conhecimento histórico produtor de uma consciência acerca das relações entre as ações de sujeitos individuais e/ou coletivos em um lugar” [GONÇALVES, 2007, p. 178], entendido como o lugar onde se vive por ser caracterizado pelas suas experiências históricas vividas e nos quais os sujeitos podem se identificar e localizar.

Compartilhamos do mesmo entendimento sobre o papel da história do lugar proposto por Márcia Gonçalves por perceber a importância do estudo do lugar de experiências como um espaço de construção de identidades que podem ser fomentadas através do uso das memórias, que venha auxiliar na percepção da história de uma cidade, bairro, rua e a relação dos sujeitos que nela viveram com o meio ambiente, através dos usos e vínculos cotidianos estabelecidos.

Segundo Gonçalves, o desafio hoje da história é produzir uma historiografia didática na qual seja incorporado o local, partindo dele e com ele sensibilizando crianças, jovens e adultos, num processo de construção de uma consciência histórica e que a partir das reflexões sobre o local esses alunos atuem “historicizando e problematizando o sentido de suas identidades, relacionando-se com o mundo de forma crítica, mudando, ou não, como sujeitos, a própria vida.” [GONÇALVES, 2007, 182].

Mas para se construir o local na pesquisa o uso da memória terá um papel fundamental. Essa memória pode ser obtida através de depoimentos ou entrevistas feitas com os moradores antigos que tiveram contato e usufruíram de maneiras variadas dos espaços naturais e que possam ajudar os estudantes a construir a história do seu lugar, pois como nos afirma Circe Bittencourt à “memória impõe-se por ser à base da identidade, e é pela memória que se chega à história local” [BITTENCOURT, 2011, p. 169].

A memória é tida como aquela que torna o passado presente, através de uma representação seletiva, no dizer de Henry Rousso, “um passado que nunca é aquele do indivíduo somente, mas de um indivíduo inserido em um contexto familiar, social, nacional” [ROUSSO, 2006, p. 94]. Citando Maurice Halbwachs, Rousso nos diz que a memória é “coletiva”, por constituir elemento essencial da identidade, da percepção dos outros e de si mesmo. Entretanto, Rousso nos alerta da necessidade de vermos que se em escala individual a memória é coletiva, ao irmos para o campo de grupo social ou nação, não existe “memória coletiva”, ou seja, uma representação do passado compartilhada por uma coletividade.

Michael Pollak ao fazer suas proposições, aponta que a memória constitui o sentimento de identidade individual e coletiva “na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si”. [POLLAK, 1992, p. 204].

Ricardo Santhiago e Valéria Magalhães chamam a atenção de que a memória “que é dinâmica, individual [porque única] e coletiva [porque remete a experiências sociais] é a fonte que abastece as lembranças” [SANTHIAGO; MAGALHÃES, 2015, p. 37] e essas lembranças que nascem individualmente, de um narrador e de suas particularidades, também é composta pela memória, vivências e experiências de seu meio social. Este pertencimento a uma coletividade faz com que ele consiga criar uma identificação com um grupo, ou seja, que tenha uma identidade.

Construir então um projeto pautado no uso da memória é possível pela utilização das entrevistas como recurso pedagógico, algo que ultrapassa a perspectiva das definições teóricas ou metodológicas próprias da ciência histórica e adentra o campo dos debates sobre as práticas e experiências escolares. Transformando a concepção tradicional do ensino, pautado na memorização, onde o aluno seria o receptor de conhecimentos prontos, o uso das entrevistas leva os alunos a desenvolver novas habilidades e capacidades antes não estimuladas, a fortalecer sua autonomia e a se interessar mais pelo objeto de aprendizagem. Como ferramenta de ensino aproximará o aluno da condição de produtor de conhecimento, e conhecimento relevante, pois está ligada a história de seu lugar.

O estudo da natureza através da metodologia de entrevistas com moradores mais antigos pode aproximar os alunos da história de seu lugar, permitindo que se reconheçam como sujeitos ativos no processo ensino aprendizagem, já que a escola para muitos desses alunos passa a ser o lugar onde eles podem encontram inspiração e possibilidade de desenvolver seu potencial e transformar sua realidade. Inserir, então, nas aulas de História debates sobre questões do tempo presente relacionadas à natureza e a história local parece fundamental para possibilitar aos alunos a construção de uma consciência crítica e uma memória ambiental, pois “as narrativas sociais de memória são a chave para as reflexões sobre as relações humanas com o meio ambiente” [CARVALHO; SOUZA, 2019, p. 171].

Os argumentos construídos neste pequeno artigo visam apontar caminhos que podem ser trilhados e elementos teóricos e metodológicos que venham a nortear debates e projetos pertinentes e de grande relevância para o ensino da história por alguns fatores.  Primeiramente, por desenvolver nos alunos uma percepção de pertencimento ao lugar, preservando e valorizando a memória e a história de sua cidade. Em segundo lugar, por ser uma estratégia de ensino que possa ser utilizada por professores de história da educação básica de várias cidades do Brasil, percebendo como as demandas sociais do presente [no caso a relação entre sociedade e meio ambiente e as transformações sofridas por esse] podem servir de ponto de partida para o estudo do passado e da relação deste com o presente.

Um terceiro fator seria a relevância de colocar em debate nas aulas de história a questão da natureza, pois muitas vezes são debates feitos por outras disciplinas no espaço escolar, mas que também podem ser feitos pela história de forma inovadora e interessante, pois como nos afirma Wesley Kettle ignorar no ensino de história os debates sobre os impactos ambientais ocorridos “é não estar atento às demandas sociais do presente, transformando a ciência histórica em um conhecimento pouco crítico, sem vida e que não estimula ações capazes de transformar a sociedade” [KETTLE, 2018, p. 47].

Conhecer um pouco das ideias norteadoras da história ambiental, sua relação com as questões do tempo presente e as limitações e possibilidades de ação através da inserção do meio ambiente nas aulas de história nos permite propor metodologias para que o aprendizado sobre o passado se construa de forma reflexiva, a partir das demandas de hoje, de forma crítica, por meio de uma análise que possa desnaturalizar o comportamento atual de disjunção existente a respeitos da relação social/natural e transformadora, por possibilitar aos jovens e a todos que desta se apropriam argumentos e fundamentos para a construção de novos olhares e ações a respeito da relação sociedade-meio ambiente.

Referências
Graduada em História pela UFPA [2003]. Especialista em História e Cultura Afrobrasileira e Africana pela FIBRA [2011]. Atua na docência em escolas de ensino médio da rede estadual de ensino [SEDUC/PA]. É discente do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História [PROFHISTÓRIA/2018], pela UFPA, Campus Ananindeua, sob a orientação do Prof. Dr. Wesley Oliveira Kettle. Participa do Grupo e Pesquisa História e Natureza [GRHIN].

BITTENCOURT, Circe M. F. Ensino de História: fundamentos e métodos. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
CARVALHO, Aline; SOUZA, Luciana Cristina de. Patrimônio Cultural e o Litoral Norte de São Paulo: perspectivas abertas pela história oral. In: RIOS, Kênia Sousa [Org.] História Oral e Natureza: resistência e cultura. São Paulo: Letra e Voz, p. 171-181, 2019.
CARVALHO, Ely Bergo de. Uma história para o futuro: o desafio da educação ambiental para o ensino da história. Revista História Hoje, v. 5, n. 14, p. 1-10, 2011.
CARVALHO, Ely Bergo de. “A natureza não aparecia nas aulas de História”: lições de educação ambiental aprendidas a partir das memórias de professores de História. História Oral. v. 15, n. 1, p. 357-379, jan./jun. 2012.
CARVALHO, Ely Bergo de; COSTA, Jamerson de Sousa. Ensino de história e meio ambiente: uma difícil aproximação. História e Ensino. Londrina, v. 22, n. 2, p. 49-73, jul./dez. 2016.
FONSECA, Selva Guimarães. História local e fontes orais: uma reflexão sobre saberes e práticas de ensino de História. In: História Oral, v. 9, n. 1, p. 125-141, jan.- jun. 2006.
GONÇALVES, Márcia de Almeida. História Local: o reconhecimento da identidade pelo caminho da insignificância. In: MONTEIRO, Ana Maria; GASPARELLO, Arlete Medeiros; MAGALHÃES, Marcelo de Souza [Orgs.]. Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: Mauad X: FAPERJ, 2007, p. 175 – 185.
KETTLE, Wesley Oliveira. A perspectiva ambiental e o ensino de história: propostas para compreender o passado. In: NUNES, Francivaldo Alves; MACÊDO, Sidiana da Consolação F. [Org.]. Ensino de história: linguagens, abordagens e perspectivas. Goiânia: Editora Espaço Acadêmico, p. 43-64, 2018.
MARTINEZ, Paulo Henrique. História ambiental no Brasil: pesquisa e ensino. São Paulo: Cortez, 2006.
PÁDUA, José Augusto. As bases teóricas da história ambiental. In: Estudos Avançados. São Paulo, v. 24, nº 68, p. 81-101, 2010.
PAIM, Elison Antonio; PICOLLI, Vanessa. “Ensinar história regional e local no ensino médio: experiências e desafios”. História & Ensino: Londrina, 2007.
PEREIRA, Elenita Malta. Meio ambiente na aula de história: Interações entre ensino de história, história ambienta e educação ambiental. Revista do Lhiste, Porto Alegre, n. 6, vol. 4, jan/dez.. p. 10-13, 2017.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, CPDOC/FGV, nº 10, p. 200-215, 1992.
REZNIK, Luís. “Qual o lugar da história local?”. Apresentado no V Taller Internacional de Historia Regional y Local. Havana/Cuba, 2002. Disponível em www.historiadesaogoncalo.pro.br/txt_hsg_artigo_03.pdf
ROUSSO, Henry, A memória não é mais o que era. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína [Orgs.]. Usos e abusos da História Oral. 8. Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 93-101.
SANTHIAGO, Ricardo; MAGALHÃES, Valéria [Org.]. História Oral na Sala de Aula. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2015.
VALE, Blenda Carvalho do. A Educação Ambiental para além da legislação: uma perspectiva sobre o Ensino de História e Natureza. Trabalho de Conclusão de Curso Especialização em Ensino de História. Faculdade de História, Universidade Federal do Pará – Campus Ananindeua, Belém, 2018.
WORSTER, Donald. Por qué necesitamos de La historia ambiental? In: Revista Tareas, Panamá, n. 117, p. 119-131, mayo-agosto, 2004.

8 comentários:

  1. Parabéns pela pesquisa professora.
    Gostaria de saber se também pensa esse trabalho sobre Meio Ambiente e história local utilizando da historiografia produzida sobre o local definido. No caso de ainda não existir muito produzido sobre o determinado local, avançar com as pesquisas historiográficas seria uma opção viável?

    Wendell Presley Machado Cordovil.

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    1. Olá Wendell! A pesquisa que desenvolvo é realizada em Santa Izabel do Pará e no primeiro capitulo da minha dissertação eu faço uma discussão com as obras escritas sobre o lugar e como a natureza aparece nelas representada. Dos autores que eu analisei, apenas o professor e pesquisador Raimundo Franciel Paz, em sua dissertação apresentada ao PPHIST/UFPA, tem a história ambiental como foco de análise. Meu trabalho, ligado ao campo do ensino, será mais uma singela contribuição para esse debate que ainda apresenta um campo fértil e pouco explorado no que tange a história ambiental izabelense.
      Atenciosamente;
      Ligia Mara Barros Ribeiro

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  2. Parabenizo a pesquisa Lígia Ribeiro. Tanto a utilização da história local quanto o estudo do meio ambiente são primordiais, a meu ver para o enriquecimento da educação dos estudantes. Como educadora, que dificuldades encontraste para conciliar, na pesquisa, o distanciamento necessário para o olhar do professor-pesquisador e a proximidade que a história local trás, tendo em vista que o professor também pertence ao local?

    Kédson Nascimento Maciel

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    1. Olá Kédson! Obrigada pela questão levantada, sem dúvida não é algo simples lidar com as subjetividades no campo da história. A escolha pelo diálogo com a história local foi utilizado no meu trabalho justamente para aproximar as propostas da pesquisa das experiências que fossem mais familiares aos alunos. Como pesquisadora, compartilho da proposta de Durval Muniz de Albuquerque Júnior de que o pesquisador do lugar, da região, precisa estranhar o que lhe é comum, questionar, refletir e buscar se distanciar do que lhe é próximo, do lugar. Não afirmo que seja fácil, mais acredito que seja uma possibilidade para que essa intimidade não prejudique o debate e comprometa as análises. No entanto, não vejo como escapar de todo das influências que me levaram a propor tal pesquisa, já que nós, mesmo produzindo ciência, temos nossas motivações e porquês para formularmos nossas perguntas e sem dúvida elas estão cheias de nossas subjetividades.
      Atenciosamente;
      Ligia Mara Barros Ribeiro

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  3. Parabéns pelo texto! Gostei muito dessa abordagem da história ambiental com o local (embora a história ambiental impor uma visão global, uma vez que os fenômenos ambientais ultrapassam as fronteiras territoriais/políticas/geográficas), pois desta forma facilita a compreensão dos alunos como integrantes do meio ambiente e de pertencimento ao local, que abordaste muito bem em seu texto.
    Na forma que você pretende abordar a história ambiental, com um espaço local, provavelmente a história ambiental possa se confundir com as histórias pessoais (que para mim é muito positivo), por isso lhe questiono, porque deve haver esse sentimento de pertencimento ao local? E se tu não considera que a Educação Ambiental e a História são temas que tem muito mais a nos contar que apenas em relação ao ponto ambiental?
    Parabéns novamente!

    Fábio Roberto Krzysczak

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    1. Olá Fábio Roberto! Suas indagações são muito importantes. Quando propus estabelecer um diálogo entre história ambiental e história local foi justamente por perceber que o meio ambiente não é recorrente nas aulas de história da educação básica e que pesquisar sobre o seu lugar, com os significados e atribuições dados pelos próprios alunos faria com que eles se apropriassem da ideia e com isso viessem a conhecer mais e aprofundar assim seus laços de pertencimento com o local.
      Sem dúvida que ao fazermos uso da Educação Ambiental temos, enquanto professores, um dever moral e ético de construir nos jovens e crianças uma consciência ambiental, seja pelo resgate das memórias da natureza ou dos usos e práticas realizadas no meio, para que esses sujeitos se formem enquanto cidadãos conscientes da necessidade de se pensar enquanto parte e não a parte do meio ambiente, e que o futuro também está condicionado a forma como nos relacionamos com a natureza. Sem dúvida existem muitos aspectos a se considerar ao tratarmos de história ambiental, educação ambiental e ensino de história. Cabe a nós, enquanto educadores, traçar novos caminhos e debates para podermos contar novas histórias.
      Atenciosamente;
      Ligia Mara Barros Ribeiro

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  4. Boa noite Ligia. Parabéns pelo texto. Gostaria de saber que tipos de práticas pedagógicas poderiam ser utilizadas pelos professores de história que tenham relações com o meio ambiente e história local?
    Jelly Juliane Souza de Lima.

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    1. Olá Jelly Lima!
      Vou responder você apresentando a proposta que usei com meus alunos em minha pesquisa de mestrado ligada ao PROFHISTÓRIA/UFPA. Trabalhei com eles buscando construir a história das águas do município, mais especificamente os rios que cortam a cidade sede, que é Santa Izabel do Pará, e o rio Caraparu, que é o principal rio do município e que também dá nome a um dos distritos que formam o município, por meio do uso das memórias dos moradores antigos da cidade, visando apresentar aos alunos o que eu chamo de uma memória ambiental, fundamentada nas experiências e práticas sociais e cotidianas relatadas, para que os mesmos compreendessem que aqueles rios também tiveram funções e usos distintos dos que lhe são dados hoje, historicizando as águas por meio das memórias. Com isso os alunos puderam entender como a natureza sofre mudanças, até que ponto elas são influências antrópicas e como aqueles rios possuíram outros usos e outros significados dados pelos moradores há algumas décadas passadas. Dessa forma acredito que podemos aproximar a história ambiental das aulas e de história na educação básica tendo a história local como uma proposta que torna aquela aprendizagem mais significativa.
      Espero ter respondido, ao menos parcialmente, sua indagação.
      Atenciosamente;
      Ligia Mara Barros Ribeiro

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