O ACERVO FOTOGRÁFICO DO MUSEU PARANAENSE E A ESCRITA VISUAL DA CIDADE DE CURITIBA (1900-1943): POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE HISTORIA
Em meados do século
XIX Curitiba é a capital de uma província – a última instalada antes da
Proclamação da Republica – numa região em que historiadores chamavam de área de
passagem entre o sul e o sudeste brasileiro, entre a sede da Corte no Rio de
Janeiro e os demais países vizinhos da região Sul.
O território que hoje
conhecemos por Paraná integrava a Capitania de São Paulo e a distancia e o
descaso fizeram com que Curitiba (instalada como vila em 1693 pelo
capitão-povoador Matheus Martins Leme) vivenciasse um período de extrema
pobreza. A prosperidade só viria a partir de 1812, com o tropeirismo. Ponto
estratégico do caminho do Viamão a São Paulo e às Minas Gerais, o povoado viu
crescer o comércio com a passagem dos tropeiros.O aluguel de fazendas para as
invernadas transferia os habitantes do campo para o povoado. Surgiram lojas,
armazéns e escritórios de negócios relacionados ao transporte de gado.
Nos debates que se
travaram na Câmara de Curitiba por ocasião da redação do primeiro código de
posturas, os vereadores teriam em mãos os provimentos do Dr. Ouvidor Rafael
Pires Pardinho. Com algumas adaptações aos novos tempos, foram eles que
serviram de arcabouço para a legislação municipal de Curitiba do século XIX. A
cidade pensada por essa Comissão, em 1829, em nada diferia da cidade colonial
proposta pelo Dr. Pardinho em 1721. Para os vereadores do inicio do Império, a
cidade ainda se definia em oposição ao campo, ou seja, pelo arruamento
retilíneo em grade ortogonal, pelo adensamento, por quadras em volumetria
única, pela ausência de vegetação, pela arquitetura luso-brasileira e pela
separação entre o publico e o privado. A eliminação dos espaços vazios no
interior das quadras foi uma das primeiras preocupações dessa legislatura da
Câmara quanto a conformação do espaço urbano. [PEREIRA, 1990, p. 144-5]
A partir do século
XIX, Curitiba passou a receber uma grande quantidade de imigrantes europeus e
asiáticos, transformando a cidade em muitos aspectos. Até o século XVIII, os
habitantes da cidade eram índios, mamelucos, portugueses e espanhóis. Alemães,
franceses, suíços, poloneses, italianos, ucranianos entre outras etnias nos
centros urbanos ou nos núcleos coloniais, conferiram um novo ritmo de
crescimento à cidade e influenciaram de forma marcante os hábitos e costumes
locais. Em 1872, segundo registros, a presença dos alemães no núcleo urbano já
era notável. Eles iniciaram o processo de industrialização – metalurgia e
gráfica –, incrementaram o comércio, introduziram modificações na arquitetura e
disseminaram hábitos alimentares.
Província de baixa
densidade populacional e pouca importância econômica, o Paraná expandiu suas
fronteiras social e econômica a partir da erva-mate e da formação de uma
burguesia ervateira, cujos interesses projetavam-se para mercados externos. Em
meio ao crescimento econômico que experimentou no último quarto do século XIX,
os representantes da região lutavam para aumentar o peso político de Curitiba.
Para isso, buscou-se à
época desenvolver instituições e espaços culturais, como o Museu de Curitiba,
as bibliotecas, o arquivo publico, teatro, escolas, em uma tentativa de
projetar-se no cenário político e intelectual do país, como também, os
administradores e os técnicos das cidades tornaram-se importantes agentes de
transformações, ao elaborarem planos de ordenamento e embelezamento urbanos. No
caso de Curitiba, o engenheiro Cândido Ferreira de Abreu, prefeito de 1913 a
1916, realizou intensas melhorias na capital, pavimentando ruas e ajardinando
praças, atribuindo nova configuração à urbe.
O Museu Paranaense foi
criado em 1876 pelo desembargador paranaense Agostinho Ermelino de Leão e o
médico baiano José Candido da Silva Murici. Denominado como Museu de Curitiba
(seu primeiro nome, cuja proposta inicial remete ao ano de 1874) foi idealizado
como um Jardim de Aclimação (um misto de jardim botânico e zoológico) e local
para guarda e exposição de objetos retornados das grandes feiras nacionais e
internacionais, nas quais o Paraná participava.
O primeiro inventário
possuía pouco mais de 600 objetos, doados pelas famílias tradicionais e bem
instaladas do Paraná. Entre eles, objetos de uso pessoal, quadros, armas,
material indígena dos diversos grupos da região, inclusive arqueológico,
medalhas e moedas. Era então, o primeiro museu no Paraná e o terceiro no
Brasil:
“Os museus históricos
e científicos buscam nos seus objetos significados de tempos passados, na
tentativa de recriar ou apenas entender cenas sociais mais ou menos remotas.
Assim, um conjunto de peças como pontas de flechas, ossos e restos de cerâmica,
frutos de pesquisa num sitio arqueológico, pode indicar praticas sociais,
religiosas e aspectos da vida material de um povo já há muito esquecido, mas,
também objetos de uso pessoal de décadas anteriores, quadros, documentos, fotos
de famílias antigas podem também revelar muito da vida de uma população, seja
por sua existência, seja pelas ausências de outros objetos guardados.”
[CARNEIRO JR, 2015, p. 10]
O Museu Paranaense
possui hoje um acervo de aproximadamente 400 mil itens, entre objetos de uso
pessoal, mobiliário, armas, uniformes, indumentárias, documentos, mapas, fotos,
filmes, discos, máquinas, equipamentos de diversas espécies, moedas, medalhas,
porcelanas, pinturas em diversas técnicas e esculturas, além de grande acervo
arqueológico (lítico, cerâmico e biológico), antropológico (cestaria, plumária,
armas, adornos e cerâmicas indígenas) e retratos a óleo da antiga Pinacoteca do
Estado segundo a página atualizada de informações dessa instituição.
O Setor de História é
responsável pela gestão do acervo mais variado do Museu composto por documentos
manuscritos e impressos, mapas, fotografias, desenhos, pinturas e esculturas,
ferramentas, equipamentos, mobiliário, porcelana, vestuário e acessórios,
armas, moedas, cédulas, fichas, condecorações e selos. Desde 2011, o setor vem
desenvolvendo um trabalho de levantamento, revisão, organização, informatização
e pesquisa deste acervo, com o objetivo de disponibilizar e dar visibilidade
aos pesquisadores e visitantes, bem como estimular a pesquisa e a produção de
trabalhos científicos.
Nossa fonte para
pensarmos questões acerca do ensino de História que articule cidade, memórias e
imagens encontra-se nesse espaço: uma serie de fotografias sobre a cidade de
Curitiba registrada por anonimos, e mesmo imagens oficiais, lambe-lambes,
fotógrafos amadores, imagens oriundas de pequenos estúdios fotográficos e que
foram doadas por familias em caixas, dispersas e esparsas, contendo em comum,
fragmentos da cidade, singularidades na tomada do registro urbano, o trânsito
de seus citadinos no cotidiano, as mudanças na periferia e no processo de
industrialização, instigando outras
questões para o tempo-espaço da ocorrencia do ato fotográfico.
Para Pereira (2009) as
reformas urbanísticas transformaram as referências coloniais, produziram outros
espaços de circulação como ruas e praças e por onde passaram os primeiros
artistas, fotógrafos, escritores e cineastas curitibanos, projetando assim, uma
idéia de sociedade técnica e científica em pleno movimento, em um eurocentrismo
mascarado de cosmopolitismo, o que segundo o autor, produziu “Um espetáculo dos
maquinismos modernos que construíram um novo imaginário social em uma
modernização conservadora feita pela burguesia ervateira.”
A imprensa acompanhava
esse processo de construção e de desconstrução que marcou o espaço citadino.
Ela também se constituía em um importante aliado da administração pública, ao
projetar o ideal progressista para a população: “São diariamente demolidas as
construções antigas que são substituídas por prédios colossais, com ricas e
maravilhosas arquiteturas, notando-se desde já, várias ruas e edifícios dignos
de admiração, pelo moderno e deslumbrante aspecto que representam”. [BAHLS,
2009, p. 63]
Nossa intenção é
apresentar a cidade de Curitiba a partir de seus registros visuais, mas, sob
outro viés: o registro esparso que captura o instante, mas, indicam autorias
nem sempre identificáveis de uma cidade em transformação. Tal procedimento
implica pensar a fotografia como elemento capaz de conferir sentidos e
reconstruir sensibilidades aos cenários citadinos, às cenas cotidianas, às
festas na rua, aos seus personagens e às sociabilidades que nesse espaço têm
lugar.
Se por um lado as
elites são conhecedoras do que se chamariam “os progressos científicos,
culturais e artísticos” de seu século, os fotógrafos, os proprietários de
estúdio, os amadores, os anônimos, retomam essas idéias que circulam em
materialidades urbanas e registram, como também, mobilizam a vida urbana, fruto
de composições de forças, acertos e esquecimentos.
Cidade,
memórias e fotografias
Podemos colocar como
proposta para o ensino de História, em um primeiro momento, entabular
narrativas a partir de fontes visuais (fotografias) de registros urbanos da
cidade de Curitiba entre 1900 como marco simbólico da entrada da modernidade e
as transformações técnicas e urbanas daquele período a 1943 quando ocorreu o
planejamento do segundo grande plano urbanístico de Curitiba (Plano Agache), em
especial, o acervo constante no Museu Paranaense, cujas autorias não são
definidas ou identificáveis, considerando também o circuito das imagens que
desaguaram naquele espaço, enquanto fragmentos de memórias visuais como
elemento essencial na criação de novas imagens urbanas que engendra o
imaginário urbano moderno.
Tal premissa propõe
perceber no registro visual em fotografias as mudanças da paisagem urbana de
Curitiba e sua relação com as transformações provocadas por diferentes ações,
injunções e conjunturas estruturais, históricas e humanas vivenciadas por essa
cidade. Paralelamente procurar refletir sobre os registros, as referências
visuais enquanto artefatos históricos na
captura dos fragmentos que apontam as diversas cidades possíveis de habitar e
experienciar uma mesma cidade.
Simultaneamente campo
de organização e de desorganização, a cidade se re-adéqua em ritmo constante,
como local de práticas sociais e representações, pautado em outras referências
de tempo e espaço, fragmentação e heterogeneidade, tradições e novidades,
memórias e silêncios ou amnésias, em um processo seletivo nem sempre
inteligível.
Nesse espaço,
define-se a “legibilidade” de suas marcas físicas, visualmente reconhecidas,
organizadas e apreendidas pelos seus habitantes. Mapas físicos e cartografias
sentimentais riscam esses espaços, mesclando tempos. As percepções são
estabelecidas em um jogo complexo em que os signos e suas representações
permitem alocar múltiplos valores, eventualmente contraditórios. As referências
estéticas e materialidades eleitas colocam-se como sinais de (des)
identificação individuais e coletivas.
As cidades são, antes
de tudo, uma experiência visual. Traçado de ruas, via de circulação ladeada de
construções, os vazios das praças cercadas por igrejas e edifícios públicos, o
movimento de pessoas e a agitação das atividades concentradas num mesmo espaço
estão saturadas de significações acumuladas através do tempo, produções sociais
relacionadas a uma forma de inserção topográfica ou particularidade
arquitetônica.
“[...] Pontos de
referência para o leitor, mas também algo relacionado à permanência das formas
do traçado urbano e das edificações, ou mesmo da sua rápida transformação,
fazem da materialidade dos núcleos urbanos um suporte da memória, recorte
preciso com contornos apreensíveis, capaz de orientar o conhecimento ou o
reconhecimento dos que por elas passam ou nelas moram.” [BRESCIANI, 1998, p.
237-8]
A fotografia em seu
nascimento no século XIX e desenvolvimento no século XX adota diversos
procedimentos oriundos da pintura como o enquadramento do tema, o jogo de
claro/escuro, a perspectiva de janela entre outros. Em sua busca por autonomia,
desvinculando-se das técnicas artisticas da pintura, arroga-se como recorte de
realidade, já que seu registro é mediado pela máquina e o olho humano. Tal
perspectiva como “espelho”, “reflexo” e “realidade” foi aceita e vigorou por
muito tempo.
As fotografias
necessitam de um tratamento próprio, pois, como matéria do conhecimento
histórico propõe um novo tipo de ver e dar a ver diversos olhares do e sobre o
mundo moderno. “Dar a ver é sempre inquietar o ver, em seu ato, em seu sujeito.
Ver é sempre uma operação de sujeito, portanto uma operação fendida, inquieta,
agitada, aberta. Entre aquele que olha e aquilo que é olhado.” [DIDI-HUBERMANN,1998,
p.77].
As fotografias
integram um sistema de significação que não pode ser reduzido ao nível das
crenças formais e conscientes, elas pertencem também à ordem do simbólico e da
linguagem metafórica, pois, em vez de representar, capta “(...) forças,
movimentos, intensidades, densidades, visíveis ou não; e não para representar o
real, porém para produzir e reproduzir o que é passível de ser visível (não o
visível)” [ROUILLE, 2009, p. 36].
Compreender as
particularidades da natureza da linguagem fotográfica significa eleger
ferramentas teóricas próprias que abarcam um sistema de símbolos, metáforas e
estilos cognitivos que, por sua vez, dialogam com o momento histórico de seu
contexto, portador de um olhar criador, desenvolvido, moldado ao seu tempo e
espaço, no qual o fotográfico é um estado do olhar e um ato, lugar que promove
uma negociação silenciosa da imagem como um produto dado para ser visto
(construção do autor) quanto para a leitura do espectador (desconstrução).
[SAMAIN, 2005].
Partimos do
pressuposto que as fotografias enquanto documentos nos auxiliam a tomar contato
com a cultura de um determinado tempo e lugar e nos instiga a indagar como e
porque a memória coletiva organiza visualmente grupos sociais, paisagens e
fatos de uma mesma sociedade; como e porque esse imaginário social criado pela
circulação de imagens reforça certas visões de mundo em outros circuitos como
os educacionais ou midiáticos, por exemplo. Temos também que tomá-las enquanto
documento e registro anotando a autoria, ano, contexto histórico, técnicas
utilizadas, enquadramento, referencias internas e externas, acervo e guarda
entre outros dados.
Com significado
complexo, a cidade assume um papel de mediação incerta e essa postura
ambivalente detona mecanismos de crítica ou olhares menos românticos de suas
virtudes, com os quais a sátira ou a visão ingênua do interiorano desnuda seus
aspectos não tão perfeitos. Aponta assim a ação de seus habitantes que incorrem
em pequenas subversões ou desobediências, desenhando outros caminhos ou
utilizando/apropriando-se dos espaços de outras maneiras.
Podemos considerar que
a organização das referências que compõem a identidade, individual ou coletiva,
esteja vinculada à idéia de pertencimento, seja esse político territorial, político
ideológico ou temporal. Entre outros autores, Ortiz (2000) afirma que a
modernidade exerceu o papel de “desencaixe” das identidades, provocando a
diluição de fronteiras entre os sujeitos e seus espaços, tornando esse
processo, ao mesmo tempo, dinâmico e contraditório.
A transformação do
espaço físico em lugar afetivo recria, renova e refunda as reminiscências, as
memórias de indivíduos e de grupos de famílias reinventando as redes de
relações sociais e os espaços de sociabilidades nas periferias e centros das
cidades. [TUAN, 1983].
Nos desencontros das
identidades, a história local transforma locais em lugares promovendo
(re)aproximações, surpresas, sustos e encantamentos, pois estes estão
localizados não no espaço, mas na experiência dos indivíduos com este mesmo
espaço, nas memórias eleitas para mantê-lo vivo.
A memória não é única,
é composta por meio de juízo de valor, separando o que deve ser lembrado e o
que deve ser esquecido, relacionando-se ao sentimento de pertencimento. Para
Michael Pollak (1989), as memórias, individuais ou coletivas, são formadas a
partir das conexões entre acontecimentos, personagens e lugares. Esse processo
envolve a busca por reminiscências vividas pela própria pessoa ou emprestadas
do grupo ao qual o indivíduo pertence. A definição de um juízo de valor ao
conjunto dessas memórias estabelece o quanto ela será representativa para a
compreensão do mundo ao seu redor.
A escolha sobre o que
se torna representativo é feita de forma individual, mas, também é marcada
pelas ações coletivas dos grupos. Essas ações são executadas com base nas
referencias selecionadas dentre um rol de possibilidades e interesses. Uma nova
significação se sobrepõe a outras mais antigas, consolidando um dado de base
para a identidade do bairro: qualquer que seja o qualificativo é sempre um
substrato social local, designado como sujeito, mobilizado, reunido e
interpelado pelo sentimento de apego ao local, um orgulho de ser parte dele,
mesmo para aqueles que puderam deixá-lo conforme Agier (1998).
A memória é uma forma
de orientação, que por intermédio de um juízo de valor adquirido, seleciona o
que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido, o que foi importante e o que
não foi.Esse mesmo instrumento pode ser utilizado para o passado, mas, também,
transpõe essas preferências para o presente,ou seja, se um grupo foi relegado
ao esquecimento na Memória do passado municipal (ou nacional, estadual, entre
outros), também não lhe é atribuído importância no presente. Assim, os
repositórios de uma parcela da memória estão dispersos em arquivos, sejam
escolares, familiares, oficiais ou religiosos.
Por outro lado, pensar
a memória coletiva a partir da
fotografia nos fornece um outro instrumento de averiguação: em como se
estabelece uma rede de significados em que os direitos dos autores de imagens e
a reprodutibilidade técnica, conforme Benjamin, massifica uma idéia de urbano e
naturaliza uma cidade que permite/ou não
e delimita/restringe a circulação em determinados trechos e espaços de seus
moradores.
As camadas de peles da
fotografia apontam suas próprias singularidades e sinalizam outras visualidades
cujas autorias, não declaradas ou anônimas, resignificam os recortes de captura
de uma cidade em constante mudança.
Trazer à vista os
fragmentos visuais que compõem esses acervos é permitir montar um
quebra-cabeças desses caminhos que cruzam a cidade de Curitiba, o que deixa
escapar alguns lamentos de saudade/melancolia, tristeza/ressentimento de um
tempo e local marcantes e distantes, agora somente retratos na parede ou
dispersos em caixas e arquivos.
Nesse sentido, as
fotografias depositadas nos arquivos do Museu Paranaense nos propõem outra
perspectiva ao flagrarem cenas inerentes e reveladoras da cultura popular em um
olhar mais próximo de seu cotidiano, festas, personagens e paisagens à margem
do centro e das ruas da moda.
Dessa forma, o ensino
de História ao propor re-olhar tais fotografias estabelece várias conexões ao
refletir sobre questões relativas às memórias selecionadas, as alavancas para
acessá-las (um dos aspectos da fotografia), às fotografias como artefatos e
testemunhas de transformações urbanas alocadas em uma casa da memória (Museu
Paranaense), os registros visuais das transformações urbanas e as
apropriações/adequações/ mudanças do espaço, às escritas da História Local,
como também, poderá promover elementos para ação dos alunos onde eles podem
clicar a cidade em outro viés e dessa forma, produzir álbuns de fotografias
(lembrando que os mesmos eram muito comuns e encomendados por prefeituras ou
outros órgãos oficiais no final do século XIX até meados do século XX),
roteiros, blogs, ensaios fotográficos, catálogos (com recursos de texto,
desenhos e fotografias) entre outros.
Referências
Dra Ana Heloisa Molina
é professora associada do Departamento de História da Universidade Estadual de
Londrina.
AGIER, Michel. Lugares
e redes – as mediações da cultura urbana. In: NIEMEYER, Ana Maria; GODOI,
Emilia Pietrafesa de (orgs). Além dos territórios. Campinas: Mercado de Letras,
1998.
BAHLS, Aparecida Vaz
da Silva. A sociedade em destaque. Boletim Casa Romário Martins – “Factos da
actualidade: charges e caricaturas em Curitiba, 1900-1950”, da Fundação
Cultural de Curitiba, v.33, n.142, maio 2009, p.46-195.
BENJAMIN, Walter.
Obras escolhidas: Magia e técnica, Arte e política: ensaios sobre literatura e
história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996.
BRESCIANI, Maria
Stella M. História e historiografia das cidades, um percurso. In. FREITAS,
Marcos Cezar de (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo:
Contexto, 1998.
CARNEIRO JR, Renato
Augusto. Como assim? Moedas romanas num Museu do Paraná? . In. CALAN, Claudio
U; GARRAFFONI, Renata S.; CARNEIRO JR, Renato A. (orgs.) Moedas romanas:
coleção acervo do Museu Paranaense. Curitiba: SAMP, 2015.
DIDI-HUBERMAN,
Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Ed. 34,1998.
ORTIZ, Renato. Cultura
e modernidade na França no século XIX. São Paulo: Brasiliense, 2000.
PEREIRA, Magnus
Roberto de Mello. Fazendeiros, industriais e não-morigerados. Ordenamento
Jurídico e Econômico da Sociedade Paranaense (1829-1889) Dissertação. PPG –
História. UFPR. Curitiba, 1990.
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Memória, esquecimento, silêncio”. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2,
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Entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Ed.Senac, 2009.
SAMAIN, Etienne. Introdução. In. SAMAIN, Etienne (org.). O fotográfico. 2ª edição. São Paulo:
Ed, Hucite/Ed. Senac, 2005.
TUAN, Yi-Fu. Espaço e
lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
Profa Ana Heloísa Molina, primeiramente gostaria de parabenizar pelo excelente texto, e pela preocupação em destacar elementos da História do Paraná nos debates sobre Ensino de História. Um questionamento que trago para reflexão é: Como podemos destacar a história regional na sala de aula fugindo das celebrações, discursos de progresso e ideia de meritocracia que muitas vezes as elites locais insistem em postular nos museus.
ResponderExcluirAtt
Arnaldo Martin Szlachta Junior
Caro prof. Arnaldo. Agradeço a pergunta. Se entendemos o espaço dos museus como um dos muitos locais de memória, questionar a narrativa entabulada pelos objetos, quadros, escritos expostos em seu interior seria uma oportunidade para refletir acerca dos multiplos personagens e seus registros ausentes ou parcialmente presentes naquele lugar, e portanto, as múltiplas possibilidades da escrita da historia regional. Abraço. Ana Heloisa Molina
ResponderExcluirOlá professora parabéns pelo sensível e belo trabalho! Professora em sua pesquisa no acervo do museu em questão haviam muitos cartões postais? Seria possível pensar a imagem fotográfica do cartão postal - ainda que grande parte sem autoria, imagino - enquanto estratégia para o ensino de História em sala de aula inclusive como a professora acredita que poderia ser percebida? Obrigada, abração!
ResponderExcluirBoa tarde professora Helena. Agradeço a oportunidade da pergunta. Infelizmente a pesquisa não teve esse objetivo em especifico ( busca por cartões postais). Esses elementos apareceram de forma rara, mas, enquanto registro visual é uma fonte muito interessante, pois, nos permite perceber as mudanças no recorte, tema e objeto da paisagem urbana e sua re-configurações enquanto portador de um marco de historia oficial do municipio. Em sala de aula, uma possivel proposta seria instigar os alunos a registrarem a "sua" cidade ou seu bairro e trocarem opiniões sobre suas escolhas e posteriormente, comparar com os registros dos cartões oficiais. Espero que tenha respondido a sua questão.Um abraço. Ana Heloisa Molina.
ExcluirPerfeitamente professora, muito obrigada!! Helena Ragusa Granado
ExcluirRealizei um trabalho muito legal usando fotografia com meus alunos. Dei a eles fotos de pontos antigos da cidade e eles foram atrás para registrar como está agora. Depois fizemos um debate sobre preservação do patrimonio histórico e montamos um painel do antes e depois.
ResponderExcluirPor: Marcos Rossiny Leandro