Mauricio Ribeiro Damaceno


“O BÊBADO E A EQUILIBRISTA”: ENSAIO SOBRE O USO DA MÚSICA NOS DISCURSOS EM SALA DE AULA, SOBRE A DITADURA CIVIL-MILITAR




Com absoluta certeza, um dos eventos mais estudados pela historiografia brasileira é a Ditadura Civil-Militar, e isto se deve ao grande número de documentos e eventos que marcaram este período que durou 21 anos. Assim, a proposta deste ensaio é desenvolver uma análise no mínimo capaz de oferecer uma alternativa didática, por meio da música, para o professor que propõe a se aventurar com seus estudantes nesta longa jornada. A música é sempre um mecanismo interessante, capaz de tornar as aulas mais atrativas e o conteúdo melhor assimilável.

Este período que se estendeu de 1964 a 1985, e que destituiu João Goulart da presidência, despertou em alguns grupos a inspiração capaz de combater por meio da arte e da cultura, a repressão, a tortura e o exilio. Este processo ditatorial que se instalou no Brasil em muito se assemelhou às características das ditaduras militares latino-americanas como um todo. É preciso salientar ainda que em períodos anteriores à ditadura, artistas brasileiros já usavam suas músicas como mecanismo para expor suas críticas, mas foi a partir dos festivais de canção transmitidos por canais como a TV Excelsior, TV Record e TV Globo, que estes cantos de protesto ganharam maior repercussão. Os cantores podiam concorrer em diversas categorias como Melhor Canção e Melhor intérprete, apresentando-se para um público composto significativamente por jovens estudantes. Estes eventos serviram de alavanca para a carreira de nomes como o de Elis Regina, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros.

No ano de 1967 surgiu então o Tropicalismo liderado pelos artistas Gilberto Gil e Caetano Veloso, que buscaram misturar elementos da cultura popular e da cultura de massas, objetivando criar uma música autêntica brasileira. Apesar das letras produzidas por este grupo não conter mensagens tão explicitamente políticas, o movimento questionava o conservadorismo da sociedade brasileira propondo uma mudança significativa dos costumes, e por isto também foi perseguido. Em 1968, com o Ato Institucional n° 5, a repressão e a censura chegaram a seu ápice e desta forma, muitos artistas mais envolvidos na luta contra o regime vigente, foram presos ou mandados para o exílio [WORMS; COSTA, 2002, p. 86-103].

Os protestos e denúncias através das músicas se intensificaram. Os artistas passaram a produzir obras que possuíssem duplo sentido, buscando alertar aos mais atentos e despistando os olhares dos militares, que geralmente só constatavam que a música se tratava de uma crítica ao regime, após a aprovação e sucesso entre o público. A canção Cálice composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, é um exemplo claro do jogo linguístico e musical presentes no período, já que o título tem um som idêntico à expressão “Cale-se” e seus versos poderiam ser considerados uma digressão [WORMS; COSTA, 2002, p. 86-103].

No entanto, muitas foram as músicas censuradas e um exemplo disto pode ser notado no parecer abaixo:


Imagem 1- Parecer da canção "Partido Alto", de Chico Buarque
Fonte: Parecer da Censura recomendando a proibição da canção "Partido Alto", de Chico Buarque. Arquivo Nacional. Fundo Serviço de Censura de Diversões Públicas [SCDP]. BR_RJANRIO_TN_2_5_120

No parecer acima, os versos da música de Chico Buarque foram considerados desrespeitosos e é dada uma atenção especial ao segundo verso [2ª estrofe], onde o autor questiona a decisão de Deus ao ter lhe colocado logo no Brasil, para viver em uma época tão difícil. No parecer ele então é questionado sobre sua insatisfação por ter nascido no Brasil, destacando ainda o ar “gozador” do artista ao escrever estas palavras. Antes da censura, ou seja, do veto, o parecerista ainda destaca que o artista “[...] estará entre uma ínfima minoria, desde que milhões se orgulham desta terra onde o progresso aos olhos do mundo é inegável”, ressaltando os ideais de progresso que só seriam alcançados com a ordem, ou seja, através da intervenção dura e severa dos militares e equipes de censura.

Elis Regina, O bêbado e a equilibrista: um estudo de caso
Uma das figuras femininas que usou da música como mecanismo de luta contra a opressão, sobretudo a partir da década de 1960, foi Elis Regina, que apesar de ter falecido ainda com 36 anos, deixou um legado importante. Ela se colocou contra a Ditadura brasileira por diversas vezes, quando ainda vigorava no país os difíceis Anos de chumbo [1968-1974], período este, onde muitos músicos foram submetidos a perseguição e ao exílio. Sua crítica tornou-se pública através de suas declarações ou nas canções que interpretava.

Por meio de seu engajamento político, Elis pode participar de uma série de manifestações em prol da renovação política e da cultural brasileira, sendo ainda uma importante voz na campanha pela Anistia de exilados brasileiros. Essa sua postura artística engajada, promoveu uma grande repercussão que lhe acompanharia por toda carreira, ganhando grande ênfase ao interpretar canções consagradas como O bêbado e a equilibrista composta por João Bosco e Aldir Blanc. A melodia passou a ser considerada um hino informal da anistia e do decaimento da Ditadura Civil-Militar no Brasil [GOMES, 2000].

O bêbado e a equilibrista, foi composta em 1977 e lançada no ano 1979 por Elis Regina no álbum Essa Mulher. Sua primeira gravação foi em formato LP [cassete], com duração de 3 minutos e 47 segundos pela gravadora WEA, integrando o gênero MPB. Sua estrutura conta com 31 versos divididos em 5 estrofes [cada uma variando entre 4 e 8 versos].

Por se tratar de uma música produzida e interpretada em um importante momento histórico do Brasil, o professor poderá usa-la de forma didática e metodológica para exemplificar o seu conteúdo, provocando os alunos à interpreta-la. O docente pode começar pela análise do título da música: O bêbado e a equilibrista. O “Bêbado” faz alusão ao grupo artístico, aqui representado por um de seus maiores símbolos históricos: Carlitos, personagem interpretado por Charles Chaplin, que pregava a liberdade e a utopia. O trabalho de Chaplin buscou mostrar as pessoas menos favorecidas e dentre elas, o proletariado. Ao final de seus filmes, a exemplo de Tempos Modernos [1936], existia sempre uma estrada e uma mensagem de esperança com Carlitos caminhando rumo ao infinito. Já o termo “Equilibrista” faz referência à esperança em alcançar a democracia.

Outrossim, em cada verso desta canção é possível constatar denúncias e protestos. No primeiro verso “Caía a tarde feito um viaduto” existe uma alusão a duas obras superfaturadas e mal executadas que desmoronaram enquanto ainda estavam em construção. O primeiro, seria o Elevado Paulo Frontim, na cidade do Rio de Janeiro, que caiu em novembro de 1971, deixando mais de 40 pessoas entre mortos e feridos. O número de vítimas é incerto, já que a imprensa era controlada e não podia relatar fatos que pudessem sujar a imagem dos militares no poder. Outro desastre aconteceu em Belo Horizonte em fevereiro do mesmo ano [1971], quando um pavilhão contratado pelo governador de Minas Gerais, Israel Pinheiro e projetado por Oscar Niemaier, desabou sobre os operários, deixando mais 65 mortos e 50 feridos.



Imagens 2 e 3- Manchetes dos desabamentos
Fontes: Pavilhão Desaba: cem operários soterrados. Acervo O Globo. Rio de Janeiro: O Globo.  05 de Fevereiro de 1971, Matutina, Geral, p. 1. / Muitos corpos ainda não foram resgatados. Acervo O Globo. Rio de Janeiro: O Globo. 22 de novembro de 1971. Geral, p. 1.

Nas imagens acima, nota-se dois noticiários do ano de 1971. O primeiro noticia a queda do pavilhão em Belo Horizonte, cujas letras maiores relatam a ação de bombeiros de amputarem braços para conseguirem salvar os sobreviventes que estavam debaixo de 10 mil toneladas de concreto. A manchete revela ainda o número de cem operários soterrados, confirmado pelas letras menores que traz a informação que “desabou parcialmente o Pavilhão do Parque de Exposições Gameleira [...], sepultando sob 10 mil toneladas de ferro e concreto armado mais de cem operários”. Já na segunda, nota-se a imagem dos escombros do Elevado Paulo Frontim e nas letras maiores a ênfase está nos corpos que ainda não tinham sido resgatados. No texto menor, existe a informação que até o momento já haviam retirado 18 corpos e que o “número de veículos atingidos é de 22, inclusive o ônibus esmagado [...]”, mostrando a dimensão do acidente.

Dando sequência à análise, no verso 2 e 3 a canção destaca “E um bêbado trajando luto/ Me lembrou Carlitos...”, reforçando a abordagem feita anteriormente a respeito do título. Assim, as frases se referem a Carlitos, um dos personagens mais famosos de Charlie Chaplin, que era um andarilho que usava chapéu-coco, bigode e um paletó muito apertado. Apesar de pobre, ele agia com cavalheirismo. Juntando estes três primeiros versos, teríamos a alusão ao otimismo do brasileiro que, como o bêbado vagabundo [Carlinhos], busca o controle da situação enquanto desaba a esperança igual ao viaduto e ao Pavilhão.

Nos versos seguintes, Elis interpretou “A lua, tal qual a dona do bordel/ Pedia a cada estrela fria/ Um brilho de aluguel/ E nuvens, lá no mata-borrão do céu/ Chupavam manchas torturadas/ Que sufoco! Louco! ”. Neste pequeno trecho é possível constatar uma série de figurações que faziam referência aos militares, seu trabalho e aos órgãos de investigação. A lua [que não tem luz própria] é comparada à dona do bordel que explora as prostitutas [estrelas, com luz própria] para conseguir dinheiro para benefício próprio. Assim, as estrelas seriam o povo brasileiro explorado pelos militares [a lua]. Da mesma forma, ao usar o termo “mata-borrão” [objeto usado para tirar o excesso de tinta do papel], se remete ao apelido dado ao DOI-CODI [Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna], órgão este, responsável por investigar e reprimir ações contrárias ao regime, através de prisões e torturas. Esse grupo “chupavam machas torturadas”, ou seja, forjavam cenas para esconder o real motivo das mortes: a tortura. Por fim, é destacado o sufoco causados aos opositores e provocado pelos militares [loucos].

Um pouco mais adiante encontra-se os versos “Meu Brasil!/ Que sonha, com a volta do irmão do Henfil/ Com tanta gente que partiu/ Num rabo de foguete/”. Nas primeiras partes deste trecho, tem-se na palavra “Henfil” a referência a dois irmãos: Henrique de Souza Filho, apelidado de Henfil, e Herbert de Souza, o Betinho. Ambos foram perseguidos durante a Ditadura Civil-Militar do Brasil e tiveram de se exilarem. Quando Betinho foi perguntado, no dia 23 de Dezembro de 1996, no Programa Roda Viva, se estava arrependido de ter feito parte da luta armada durante a Ditadura, ele disse:

“Eu não tenho arrependimento, porque eu acho que a nossa geração foi levada a uma espécie de armadilha política, de impasse político. Antes do golpe, nós tínhamos as praças, as ruas, a mídia, os partidos, nós tínhamos um espaço de ação. O processo da ditadura e, particularmente o AI 5, fechou tudo: você não tinha rua, você não tinha praça, você não tinha nada, qualquer coisa que você fazia era porrada. Nós fomos levados a um canto e [só] se tinha duas alternativas: ou você virava colaborador da ditadura ou você se virava contra a ditadura. E nós nos viramos contra a ditadura [...] [SOUZA, 1996]. ”

Já Henfil, foi um jornalista e chargista da época. Em uma carta enviada durante seu exilio, ele descreveu:

“A censura caiu feio pro que mandei pro Pasquim? Cortaram todas as 12 charges? As 12? Vê aí se não sobrou nada. [...] O problema Zé, é que eu estou grogue com a liberdade desvairada nos EUA. Como que por encanto sumiu a autocensura que sempre me orientou aí[...] [HENFIL, 1976] ”.

No trecho acima, fica claro as ações de censura e o espírito de liberdade que encontrou no Estado Unidos, mas que não o fez esquecer de seu país de origem: o Brasil. O “Zé” por ele citado, se refere a José Eduardo Barbosa, amigo de Henfil, também chamado do “Zézim” e “Zéduardo”. O desejo exacerbado do chargista por retornar à sua “pátria amada”, parece ter sido compartilhada por milhares de outros artistas, escritores, jornalistas e perseguidos políticos, que também desejavam voltar ao seu país de origem e o fim das perseguições e torturas. No trecho “Chora/ A nossa Pátria mãe gentil/ Choram Marias e Clarisses/ No solo do Brasil” faz referência a Clarice, esposa do jornalista Vladimir Herzog, que fez parte do movimento de resistência contra a Ditadura do Brasil, tendo morrido nas dependências do DOI-CODI, com um enforcamento forjado. Já Maria, era esposa do metalúrgico Manuel Fiel Filho, que foi acusado de fazer parte do Partido Comunista Brasileiro, sendo torturado até a morte. Ao colocar no plural “Marias e Clarisses”, menciona-se todas as mulheres que sofreram com a perda de alguém neste período. Ao mesmo tempo, existe uma ironia ao rimar com fragmento do Hino Nacional, cujo Estado dizia proteger, mas torturava seus cidadãos.



Imagens 4 e 5 – Noticiário sobre a morte de Vladimir Herzog
Fonte: II Exército anuncia suicídio de Jornalista. Acervo Folha de São Paulo. São Paulo: Folha de São Paulo. 27 de Outubro de 1975, p. 3.
As imagens acima fazem parte da manchete do Jornal Folha de São Paulo do dia 27 de outubro de 1975. Já no título percebe-se a manipulação dos governantes militares que comunicaram que a causa da morte teria sido por suicídio em uma das celas do II Exército, por enforcamento. Após contar a trajetória de Herzog no jornalismo, a página traz [no segundo bloco da reportagem] a declaração feita pelo comando do II Exército, sobre a causa da morte. Segundo o relatório do comando:

“6] Cerca das 16h00, ao ser procurado na sala onde foi deixado, desacompanhado, foi encontrado morto, enforcado, tendo para tanto utilizado uma tira de pano [...].
7] foi solicitada à Secretaria de Segurança a necessidade [de] perícia técnica, positivando os senhores peritos a ocorrência de suicídio [FOLHA DE SÃO PAULO, 1975, p. 3]. ”

O trecho da declaração do II Exército evidencia a tentativa de forjar uma morte por suicídio. Segundo o relatório da Comissão da Verdade [Volume III]: Mortos e Desaparecidos políticos, o relatório criminalístico teria sido realizado Motoho Chiota em 25 de outubro e o laudo necroscópico foi elaborado pelos legistas Arildo Viana e Harry Shibata, tendo sido ainda anexado a famosa foto onde Vladimir encontrava-se pendurado por um pedaço de pano e de joelhos dobrados. Tal cena, corroborava para a ideia de suicídio e eliminava por hora, a prática de tortura e homicídio [BRASIL, 2014, p. 1795].

Diante da morte do marido, Clarice entrou com ação contra a União e em 1975, um novo depoimento foi acrescentado, provando as circunstâncias que Herzog foi submetido. O interrogado foi Rodolfo Oswaldo Konder [jornalista]. Em parte de seu depoimento presente também no relatório da Comissão da Verdade [Volume III], ele afirmou ter ouvido gritos de Vladimir mostrando possíveis torturas, até que a voz ficou abafada sinalizando o uso de mordaça, até que mais tarde os barulhos se cessaram [BRASIL, 2014, p. 1796].

Como conclusão do caso, houve a condenação da União por “prisão arbitrária, tortura e morte” e em 2014, a equipe de peritos da Comissão da Verdade concluiu que:

“Vladimir Herzog foi inicialmente estrangulado, provavelmente com a cinta citada pelo perito criminal, e, em ato contínuo, foi montado um sistema de forca, onde uma das extremidades foi fixada a grade metálica de proteção da janela e, a outra, envolvida ao redor do pescoço de Vladimir Herzog, por meio de uma laçada móvel. Após, o corpo foi colocado em suspensão incompleta de forma a simular um enforcamento [BRASIL, 2014, p 1796]. ”

O outro caso citado na música interpretada por Elis, foi o do metalúrgico Manoel Fiel Filho. O relatório da Comissão da Verdade [Volume III] destacou que no dia 19 de Janeiro de 1976 o II Exército comunicou a morte de Manoel, tendo ocorrido às 13 h do dia 17, após ter se enforcado com suas próprias meias [BRASIL, 2014, p 1812]. No documento abaixo é possível constatar a tramitação do inquérito instaurado.


Imagem 6 – Inquérito de Manoel Fiel Filho
Fonte: Documento em que governo pedia o arquivamento da apuração por suicídio. Foto Divulgação/Arquivo Público de São Paulo.

No documento acima, percebe-se que no dia 17/01/1976 a conclusão foi que ele “suicidou-se”, sendo o processo arquivado em 03/05/1976. Após inúmeras análises periciais, onde a maioria alegava asfixia, mas não afirmava com precisão se fora suicídio ou homicídio, em 2014 a Comissão da Verdade, após novo exame pericial, constatou que:

“‘O diagnóstico diferencial do evento é de homicídio por estrangulamento, consumado em local e circunstâncias que não foram possíveis determinar’, e que tal estrangulamento não foi causado pelas mãos do agressor, mas possivelmente pelas próprias meias que envolviam seu pescoço. Dessa forma, ficou confirmado que Manoel Fiel Filho foi morto nas dependências do DOI-CODI do II Exército/SP e que os órgãos de repressão simularam seu suicídio para acobertar o crime [BRASIL, 2014, p. 1813]. ”

Por fim, após todo este percurso por alguns marcos da Ditadura, a canção O bêbado e a equilibrista, finaliza com uma mensagem de esperança, afirmando que apesar de “uma dor assim pungentes”, havia esperanças de dias melhores e que “[...] que o show de todo artista, tem que continuar…”. O final da música parece renovar as esperanças e afirmar que as mortes e dores existiriam, mas a luta não devia parar. Em resumo, esta música, rapidamente analisada neste ensaio, revelou, através de figurações, as perversidades da Ditadura Civil-Militar do Brasil, oferecendo ao docente e aos estudantes a oportunidade para a realização de aulas diversificadas e a análise de uma vasta documentação que descreve este período tão importante para a história do país.



Referências
Mauricio Ribeiro Damaceno é professor efetivo de História pela SEDUC-MT, graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás, Mestrando em História pela Universidade Federal de Goiás, Especialista em Ensino de História e Pós–Graduando em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica pela Faculdade Única de Ipatinga-MG.

BRASIL. Manoel Fiel Filho. Comissão Nacional da Verdade: mortos e desaparecidos políticos. Vol. 3. Brasília: CNV, 2014, p. 1811-1816.
BRASIL. Vladimir Herzog. Comissão Nacional da Verdade: mortos e desaparecidos políticos. Vol. 3. Brasília: CNV, 2014, p. 1794-1799.
FOLHA DE SÃO PAULO. II Exército anuncia suicídio de Jornalista. São Paulo: Acervo Folha de São Paulo. 27 de Outubro de 1975, p. 3.
GOMES, Fábio. Elis Vive. Brasileirinho. 2000. Disponível em: <http://www.brasileirinho.mus.br/artigos/elis.htm>.
HENFIL. Diário de um Cucaracha. Rio de Janeiro: Editora Record. 1976.
O GLOBO. Muitos corpos ainda não foram resgatados. Rio de Janeiro: Acervo O Globo. 22 de novembro de 1971. Geral, p. 1.
O GLOBO. Pavilhão Desaba: cem operários soterrados. Rio de Janeiro: Acervo O Globo.  05 de Fevereiro de 1971, Matutina, Geral, p. 1.
SCDP. Parecer da Censura recomendando a proibição da canção "Partido Alto", de Chico Buarque [BR_RJANRIO_TN_2_5_120]. Arquivo Nacional. Fundo Serviço de Censura de Diversões Públicas [SCDP]. 14 de março de 1972.
SOUZA, Herbert de. Entrevista com Herbert Souza, O Bentinho. [Entrevista concedida a] Matinas Suzuki. Rio de Janeiro: Memórias Roda Viva [TVE]. 23 de Dezembro de 1996. Disponível em
<http://www.rodaviva.fapesp.br/imprimir.php?id=363>
WORMS, Luciana Salles; COSTA, Wellington Borges. Brasil século XX: ao pé da letra da canção popular. Curitiba: Nova Didática, 2002.

33 comentários:

  1. Caro Maurício, primeiramente parabenizo pela proposta e pelo importante texto em tempos como o de hoje. Gosto muito de utilizar a música como recurso de análise e contextualização na história. Gostaria de fazer uma pergunta: Devido a sua proximidade e excelente argumentação sobre o tema, você já fez o uso em sala e quais foram os principais desafios? E outra coisa, já leu ou teve acesso aos escritos do professor Marcos Napolitano? Desde já agradeço.

    Ary Albuquerque Cavalcanti Junior

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    1. Olá Ary Albuquerque Cavalcanti Junior, como está? Espero que esteja bem!
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! É verdade, a temática deste ensaio foi pensada propositalmente! Existe uma camada da população brasileira que não sabe ou parece ignorar os efeitos da Ditadura Civil-Militar no Brasil! A música pode ser um mecanismo importante nesta abordagem, já que existem inúmeras composições que tratam sobre esta temática!
      Os principais desafios estão no pouco conhecimento prévio dos alunos ou mesmo na timidez em falar, por isto, a sugestão é que torne esta prática frequente em suas aulas! Promova pesquisas, leituras e rodas de debates antes da análise das músicas, visando promover um conhecimento prévio! Temáticas como esta, permitem trabalhar com fotografias e imagens de jornais antigos! Os próprios alunos podem pesquisar e levar para as aulas! Faça junto com seus alunos ao menos uma vez, antes de deixá-los tentar! E o mais importante: valorize cada resposta dada, mesmo que simples!
      O uso da música me parece ser um mecanismo interessante para tornar as aulas mais divertidas e para fortalecer a confiança entre professor-aluno, sem perder o grau de cientificidade da aula!
      E sim, conheço e admiro muito o trabalho do professor Marcos Napolitano! Apesar de não citá-lo neste artigo (talvez por descuido ou por falta de espaço), reconheço sua importância para a historiografia brasileira, através de seus escritos a exemplo do queridinho “1964: História do Regime Militar Brasileiro”(2014) e da obra “História e Música” (2002).
      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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    2. Muito bom Maurício. Já fiz algo semelhante em sala e compactuo das mesmas considerações que você apresenta. Parabéns pelo texto.

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  2. Gostei muito do artigo pois já trabalhei em sala de aula algumas canções para tratar da ditadura civil-militar e foi algo que deu super certo! Mas, quando dei essa aula, fiquei pensando no que propor de avaliação sobre ela, uma opção além da interpretação das letras (coisa que fiz durante a aula). O autor saberia exemplificar uma outra forma de uso para essas canções?
    Mariana Freitas de Andrade.

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    1. Olá Mariana, como está? Espero que esteja bem!
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Acredito ter dado soluções à sua pergunta na resposta ao colega Ary, mas irei reforça-las aqui!
      O uso da música me parece ser um mecanismo interessante para tornar as aulas mais divertidas e para fortalecer a confiança entre professor-aluno, sem perder o grau de cientificidade da aula, no entanto, a análise por si só pode não ser tão produtiva ou passível de uma avaliação precisa.
      Assim, sugiro que promova pesquisas, leituras e rodas de debates antes da análise das músicas, visando promover um conhecimento prévio! Temáticas como esta, permitem trabalhar com fotografias e imagens de jornais antigos! Os próprios alunos podem pesquisar e levar para as aulas! Faça junto com seus alunos ao menos uma vez, antes de deixá-los tentar! E o mais importante: valorize cada resposta dada, mesmo que simples!
      Já imaginou como seria legal tornar os alunos protagonistas deste trabalho? Algumas músicas podem ser reinterpretadas pelos próprios alunos através do teatro! Ou ainda, os alunos podem montar painéis com fotografias e noticiários da época, para explicar a música e os resultados podem ser expostos para os demais colegas da escola! Já pensou em propor aos alunos criarem uma música falando dos problemas de sua região ou da sociedade atual? Legal né?
      Isto tudo é possível, já que a temática é trabalhada nos últimos anos do Ensino Fundamental e Médio. Tenho certeza que serão capazes, mesmo que sejam alunos de Escola Pública ou Privada! Será uma experiência divertida, diferenciada e muito produtiva!
      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  3. Boa tarde, primeiramente parabéns pelo seu texto. Achei muito interessante essa perspectiva de se pensar na utilização desses diferentes recursos metodológicos em sala de aula, utilizando-se de músicas, que é algo atrativo e chama a atenção dos alunos. Percebo muitas vezes certa dificuldade em trabalhar sobre os temas referentes a ditadura em sala de aula, tema esse bastante polêmico e que pode render diversas discussões entre os alunos, dessa forma, a música como fonte histórica a ser analisada para entender determinado período torna o ensino mais compreensível e didático. Sendo assim, gostaria de mais algumas sugestões de músicas sobre o tema, que podem ser analisadas em sala de aula.
    Débora do Rocio Pacheco da Silva.

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    1. Bom dia Débora! Como está?
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Além da canção “O Bêbado e o equilibrista” interpretado por Elis Regina, é possível citar: “Apesar de Você” de Chico Buarque, “Cálice” de Chico Buarque (part. Milton Nascimento), “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” e “Caminhando” de Geraldo Vandré e “Alegria, Alegria” de Caetano Veloso
      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  4. Boa Noite, como você mesmo citou a censura era algo extremamente presente na ditadura, principalmente após o AI-5... Apesar dela ocorrer em todos os meios os programas que envolviam imagem e som sofriam muito mais com esse problema, mais que as próprias músicas, você acredita que isso ocorre justamente pela camuflagem e duplo sentido nas letras? Algo que fica extremamente mais complexo em um programa de TV por exemplo.

    João Pedro Olinek.

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    1. Bom dia João Pedro Olinek! Como está?
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! A censura é quase sempre um mecanismo presente nos regimes autoritários e ditatoriais, e durante a Ditadura Civil-Militar do Brasil não foi diferente. Haviam equipes de censores que acompanhavam constantemente, em menor ou maior intensidade, os noticiários que seriam impressos ou televisionados. Desta forma, para que algumas informações pudessem chegar ao publico, os comunicadores dessa época utilizavam de uma série de recursos para conseguirem divulgar mensagens. Um exemplo disto é que falsas previsões do tempo anunciando “tempo fechado” ou a chegada de “fortes ventos” indicando que a censura atuou de modo ferrenho contra o jornal. E o pior: uma censura realizada de última hora tinha a capacidade de desorganizar uma página inteira já diagramada para a edição do dia seguinte. Programas podiam ser retirados do ar.
      Para se ter uma ideia, versos de "Os Lusíadas", de Camões, foram publicados 655 vezes no jornal “Estado”, entre 2 de agosto de 1973 e 3 de janeiro de 1975, como informou o site da publicação. Medidas como esta eram tomadas para preencher o vazio deixado pelas matérias censuradas no regime militar.
      De acordo com a pesquisadora da USP, Maria Aparecida de Aquino, foram censurados 1.136 textos em pouco mais de 21 meses, tendo iniciado no dia 13 de dezembro de 1968, antes mesmo do Ato Institucional 5 (AI-5) ser publicado.
      Na música não foi diferente: no inicio do artigo existe um exemplo de censura: canção "Partido Alto", de Chico Buarque. Para falar da Ditadura em plena Ditadura, era preciso ter coragem e fazer metáfora da metáfora. “Caía a tarde feito um viaduto” para falar do viaduto (obra da Ditadura) que caiu.
      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  5. Rodrigo da Conceição Reis Telles18 de maio de 2020 às 22:06

    Agradeço e parabenizo esta abordagem da ordem do dia e aproveitando o ensejo, em caráter metodológico de análise comparativa, seria assertivo ressaltar ao tratar da liberdade artística ou falta dela um paralelo com o Estado novo dos anos de 1937 a 1945, sob governo Vargas, enfatizando maior habilidade e perspicácia deste em ser autoritário porém um importante agente da Era de ouro do rádio (naqueles anos o principal veículo de comunicação) contra a inabilidade dos militares nos anos de chumbo gerando manifestos artísticos e portanto de maior apelo popular contra seus governos, dentre outras ocorrências?

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    1. Bom dia Rodrigo da Conceição Reis Telles! Vou responder na pergunta que está assinada, ok?

      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  6. Rodrigo da Conceição Reis Telles18 de maio de 2020 às 22:09

    Agradeço e parabenizo esta abordagem da ordem do dia e aproveitando o ensejo, em caráter metodológico de análise comparativa, seria assertivo ressaltar ao tratar da liberdade artística ou falta dela um paralelo com o Estado novo dos anos de 1937 a 1945, sob governo Vargas, enfatizando maior habilidade e perspicácia deste em ser autoritário porém um importante agente da Era de ouro do rádio (naqueles anos o principal veículo de comunicação) contra a inabilidade dos militares nos anos de chumbo gerando manifestos artísticos e portanto de maior apelo popular contra seus governos, dentre outras ocorrências?

    Ass: Rodrigo da Conceição Reis Telles

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    1. Bom dia Rodrigo da Conceição Reis Telles! Como está?
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Uma análise comparativa é sempre um recurso metodológico interessante em uma pesquisa historiográfica cientifica. No entanto, é necessário que se faça ponderações e análises levando sempre em conta os contextos em que foram praticadas. No contexto do Estado Novo (1937-1945) o mundo vivia outras práticas de autoritarismo (Fascismo e Nazismo) e isto pode ter influenciado nas ações praticadas pelo DIP, onde os jornais e transmissões visavam promover a imagem do “líder” governante. Já na Ditadura, temos sobretudo os Anos de Chumbo, um autoritarismo vindo da linha dura dos militares brasileiros, cujo propósito parece ter sido de combater um “inimigo” interno.
      A questão autoritária do Brasil é um problema histórico, na verdade. Tenho indicações para fortalecer esta discussão: O livro “Sobre o autoritarismo brasileiro” da historiadora Lilia Moritz Schwarcz, que defini as práticas autoritárias na história do Brasil; e o livro “A literatura como arquivo da Ditadura brasileira” de Eurídice Figueiredo que analisa obras escritas sobre este período, algumas que inclusive foram censuradas.

      Espero ter respondido sua pergunta!

      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  7. Bom dia , Mauricio Ribeiro Damaceno, respondida a pergunta e indo além ajustada alguma metodologia minha em ensino destes dois períodos ditatoriais, muito grato e em termos de literatura, fiz minhas ponderações com influência do livro "Sinal fechado" do autor Alberto Moby da Silva

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    1. Excelente! Fico feliz em ter ajudado!

      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  8. Excelente leitura, obrigada pela oportunidade! Compartilharei com meus alunos.

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    1. Prezada Valdirene, obrigado pela leitura! Fico feliz em ter ajudado!

      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  9. Com uma alta crescente de apoiadores e governos que trazem características totalitárias no mundo contemporâneo, o ensino de certos períodos da história política do Brasil onde o totalitarismo se fez presente, se tornou difícil pois na maioria das vezes resulta em brigas partidárias. Logo, como historiador, como levar para a sala de aula a visão de imparcialidade para fins de análise desses momentos?

    ASS; Ana Cristina Pinto Fortes

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    1. Bom dia Ana Cristina Pinto Fortes! Como está?
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Sua pergunta é muito pertinente! O historiador da contemporaneidade se vê cada vez mais afetado pelas brigas partidárias e por um aparente bipartidarismo no Brasil, por exemplo. No entanto, deve sempre lembrar dos métodos da pesquisa histórica que deve ser sempre impessoal. Não existe outra forma de mostrar isto senão através de um bom acervo documental, conhecimento e domínio do conteúdo e uma boa argumentação com base em historiografias fortes. Sempre, ao início de cada aula ou comunicação, tenho tentado deixar claro que meu proposito não é defender partidos “X” ou “Y”, mas, se por ventura citar algum, é em função de sua presença no contexto histórico trabalhado, não tendo qualquer relação com fato de odiar o gostar dele. Claro que isto não impede a análise crítica de ações praticadas no presente por certos governantes. Assim, a sugestão é que em sala de aula, por exemplo, cobre sempre uma justificativa para a resposta dada por cada aluno. O debate é uma ótima forma de superar estes problemas. Não basta que diga que apoia tal ação ou não gosta dela! É preciso sempre levar em conta aquelas perguntinhas básicas “por que? ”, “onde? ”, “quem? ”, “Como? ” ...
      E o mais importante: ajude-os na tarefa de construir uma argumentação com base em fontes confiáveis!
      Cordialmente,
      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  10. A ditadura militar por censurar músicas, livros, jornais e tudo que se apunha ao governo, acabou tornando o acesso a determinados livros um crime, assim para os militares aquelas pessoas eram criminosas e para a população que lutava contra a ditadura, elas estavam apenas em busca de conhecimento. Portanto em vista como analisar as várias versões e histórias da ditadura brasileira sem cairmos na cilada do termo "criminoso" ao qual era facilmente atribuído a todos que tinham ideias contra o estado?

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    1. ASS: Ana Cristina Pinto Fortes

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    2. Bom dia Ana Cristina Pinto Fortes! Como está?
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Outra pergunta muito pertinente! Novamente bato na tecla dos métodos historiográficos. Você deve sempre levar em conta que historiador não é um “juiz da verdade” e que não existe uma verdade absoluta na história. Assim, é importante que se tenha noção das diversas versões de um mesmo fato, mesmo que você decida seguir por um viés único. É sempre conveniente lembrar que qualquer pessoa que não concordasse com as ações praticadas pelos militares, eram considerados “inimigos” internos e podiam sofrer perseguições e censuras, independentemente de seu partido ou posição social. Tenho uma indicação de leitura para você que trata justamente sobre a sua dúvida: o livro “A literatura como arquivo da Ditadura brasileira” de Eurídice Figueiredo que analisa obras escritas sobre este período, algumas que inclusive foram censuradas.
      Espero ter ajudado!
      Cordialmente,
      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  11. Prezado Maurício, eu também já compartilhei seu texto com meus alunos. Parabéns pela escrita, pelo trabalho. Meu questionamento caminha no sentido de como os alunos recebem o trabalho que você faz em sala de aula com as canções e o contexto histórico da ditadura. Estamos vivendo um tempo de ataques severos à História e ao seu ensino. No campo da cultura, a Regina Duarte desdenhou da morte de um dos autores da canção aqui trabalhada... Quais os conflitos, ou aceitação que você percebe em sala de aula ao trabalhar o tema ditadura, com a canção popular?

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    1. Bom dia Daniel Rodrigues Tavares! Como está?
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Respondo sua pergunta neste dia que marca a saída da Senhora Regina Duarte da Secretaria Especial de Cultura!
      No ano de 2018, propus um projeto na escola que trabalhava e que foi imediatamente aprovado pela direção e coordenação da instituição. O projeto incluía ciclos de palestras sobre a Ditadura, análises de textos, fotografia e músicas; bem como o debate! A grande maioria de professores e alunos adoraram o projeto, mas um pequeno grupo não gostou muito, tendo provocado inclusive debates acalorados durante a execução do projeto (algo que eu já previa).
      Estas atitudes contrárias se devem principalmente ao acesso a informações incorretas ou incompletas, ou mesmo, pela falta de informação. Quando manifestantes favoráveis à Ditadura e a uma intervenção militar são perguntados dos motivos e se conhecem os significados e consequências destas ações, não conseguem responder ou dar uma resposta que não seja contraditória. A ignorância, a falta de argumentos e informações, são problemas presentes e graves! Não é preciso ter vivido no período, mas é fundamental que o conheça bem!
      Então, quais as atitudes que devemos tomar? a questão aqui é respeitar as divergências de opinião! Não se “ganha” um debate gritando ou mesmo fugindo dele (isto só aconteceu nas eleições anteriores). Assim, a sugestão, em primeiro lugar, é se preparar bem! Tenha domínio daquilo que propõe abordar com base em fontes confiáveis e não apenas em vídeos do YouTube ou matérias de jornais. Além disto, é preciso que em sala de aula, por exemplo, cobre sempre uma justificativa para a resposta dada por cada aluno. O debate é uma ótima forma de superar estes problemas. Não basta que diga que apoia tal ação ou não gosta dela! É preciso sempre levar em conta aquelas perguntinhas básicas “por que? ”, “onde? ”, “quem? ”, “Como? ” ...
      E o mais importante: ajude-os na tarefa de construir uma argumentação com base em fontes confiáveis!
      Espero ter ajudado!
      Cordialmente,
      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  12. Olá, Maurício!
    Quero parabenizá-lo por dar visibilidade a essa estratégia de ensino, que contribui tanto para a aquisição de conhecimento específico quanto para a formação leitora. Como professora de literatura, faço um caminho um pouco diferente na análise de canções, que pode ajudar com a falta de conhecimento prévio dos alunos. Como nosso foco é o texto e aquilo que ele significa ao aluno, começamos questionando o que aquela canção significa na vida presente dos estudantes. Por exemplo, o verso "Caía a tarde feito viaduto" pode facilmente ser associada a inúmeras obras superfaturadas e mal executadas na atualidade, aguçando a curiosidade em buscar o significado no contexto de origem. A partir daí, o confronto entre os períodos e as práticas político-sociais pode ser enriquecida. Na segunda etapa de análise de uma canção, sempre busco fazer um levantamento de dados históricos, mas certamente ele não é tão preciso quanto o estudo feito por um historiador, daí a relevância do diálogo entre as áreas. Você já realizou algum trabalho interdisciplinar (com Literatura ou Língua Portuguesa) envolvendo a análise de canções? Se sim, poderia relatar um pouco? Obrigada.

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    1. Olá Tatiane Kaspari, como está? Espero que esteja bem!
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Fico muito feliz em saber que aplica técnicas parecidas em suas aulas!
      Respondendo sua pergunta: Antes da construção de um trabalho como este, tenho buscado consultar colegas de outras áreas do conhecimento pois, para nós professores, não basta que fique somente na teoria, mas que tenha a prática também!
      No meu último projeto, algumas professoras de literatura e Língua Portuguesa abraçaram a ideia. Após meus ciclos de palestras e análises, levaram novas canções e textos para a sala, para realizarem novas análises dentro do conteúdo que estavam trabalhando! Foi muito legal ver o engajamento dos colegas!
      Recentemente também desenvolvi um outro projeto, mas desta vez foi usando as fotografias e charges a respeite do Holocausto. O projeto ganhou força quando outros professores de História, Geografia e de Língua Portuguesa decidiram fazer parte. A professora de Português pode trabalhar as linguagens não verbais e a interpretação de texto e imagens. Com este conhecimento prévio, os alunos e alunas buscaram imagens na internet e com auxílio dos professores envolvidos, montaram uma sequência de fatos! A ideia era falar do acontecimento só com fotografias e charges! E deu certo! Os resultados foram expostos em painéis e apresentados pelos próprios alunos! Foi fantástico!
      Cordialmente,
      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  13. Boa tarde.

    Texto muito rico e essencialmente necessário nessa conjuntura fazer o debate da narrativa histórica! Cada dia mais vemos a falta de consciência sobre o povo brasileiro, a história agora mais do que nunca carrega o fardo de apresentar as divergentes e diferente interpretações sobre o período. A arte nós ajuda grandemente nesse trabalho. No momento aconselharia os amigos a se valeram dela para o ensino de história.
    Minha colaboração é com pouco matéria sobre a Ditadura nos livros didáticos, demos cada vez mais usar materiais como este texto em sala de aula. Parabéns.
    Atenciosamente: Fabrícia da Silva Lopes

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    1. Boa tarde Fabrícia da Silva Lopes, como está? Espero que esteja bem!
      Agradeço pelas considerações e pela leitura!
      Vivemos tempos muitos difíceis e, por isto, faz-se necessário o uso de todas as ferramentas possíveis. Os livros didáticos trazem uma versão muito resumida dos fatos, cabendo ao professor, se preparar e trazer textos complementares para enriquecer os debates em sala de aula.
      Cordialmente,
      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  14. Parabéns pelo trabalho, achei muito pertinente esse debate. Em períodos ditatoriais ou de regimes de extremismo é interessante como são feitos diversos usos das artes, seja da música ou de outra modalidade.

    Parabéns pela contribuição!

    Túlio Henrique Pinheiro

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    1. Boa noite Túlio Henrique Pinheiro, como está? Espero que esteja bem!
      Agradeço pelas considerações e pela leitura! Sim! E o estudo destas produções nos revela muito sobre o período!

      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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  15. Maurício, parabenizo pelo texto. Fez-me pensar nas aulas do ensino médio e das Práticas Curriculares Continuadas. Trazer a música para a sala de aula, principalmente para o contexto da ditadura militar, possibilita aos estudantes perceberem esse "tempo" de outra forma. Gostei da escolha da música e da maneira como você propõe à analise, trazendo jornais e articulando a narrativa. Outra questão que ajudaria como proposta metodológica é trabalhar e pesquisar quem são os compositores e interpretes? Trabalhar associando com fotografias e quem sabe a capa desses "vinil" ou "CD". Veja a riqueza em problematizar essa outra materialidade musical. A temática é rica e permitem vários fios. Agora você utiliza o termo ditadura civil-militar e tem outros que utilizam apenas ditadura militar. Como você percebe isso? Que aliás o conceito já é um caminho para ser explorado.
    Geovanni Gomes Cabral

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    1. Boa noite Geovanni Gomes Cabral, como está ?
      Obrigado pela leitura e pelas considerações!!
      O uso da música realmente permite o trabalho por diversos ângulos e métodos, e a análise voltada para a vida de seus intérpretes e compositores, bem como da própria capa dos discos, parece ser uma alternativa fantástica !
      Em relação ao termo, a historiografia recente tem firmado no uso de "Ditadura Civil-Militar" em decorrência do caráter repressivo deste contexto e do engajamento e apoio de camadas não só militares, mas também civis! Acontece que parte da imprensa se viu obrigada a apoiar ou se adaptar para não serem fechadas. Da mesma forma, a Igreja (especialmente católica ) contou com alguns grupos de apoiadores internamente ! Por fim, cabe lembrar o apoio de empresas como Itaú, Bradesco, Ultragaz, Listas Telefônicas Brasileiras, Light, Cruzeiro do Sul, Refinaria e Exploração de Petróleo União, inúmeras empreiteiras e outras parcelas da burguesia brasileira! O apoio significava a continuidade do funcionamento e também o lucro através de transações financeiras com o governo e das isenções fiscais!

      Espero ter respondido sua pergunta!

      Cordialmente,

      Mauricio Ribeiro Damaceno

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    2. Obrigado Mauricio, estou contemplado. Sucesso!!

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