Paulo José Assumpção dos Santos e Celeste Azulay Kelman


ORIENTAÇÕES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA EM CLASSES COM ALUNOS SURDOS INCLUÍDOS




Nas últimas décadas, movimentos sociais e políticas públicas respaldadas pela legislação vêm preconizando a educação escolar para todos em unidades das redes regulares públicas ou privadas de ensino. Nesse contexto, as matrículas de surdos nas escolas comuns superam as registradas nas escolas especiais [PINHO; MARIANI, 2017]. Dadas as necessidades educacionais específicas desses estudantes, que devem envolver, entre outras coisas, metodologias de ensino e recursos humanos e tecnológicos diferenciados, governantes, gestores escolares e educadores se defrontam com uma série de desafios. Entre tais desafios, destacam-se: a formação acadêmica dos professores, na qual questões conceituais e pedagógicas a respeito das especificidades dos sujeitos surdos ainda não são devidamente contempladas; a persistência de práticas docentes assentadas na oralidade e em atividades que envolvem a habilidade na lectoescrita, o que dificulta o acesso daqueles discentes ao conhecimento histórico; e o risco da invisibilidade dos referidos educandos, não raro negligenciados ou vistos como de responsabilidade do intérprete de Libras, situação potencializada pela ausência da história das pessoas surdas nos livros didáticos e conteúdos curriculares da disciplina [SANTOS; CARVALHO FILHO; KELMAN, 2019].

A fim de investigar essa problemática, desenvolvemos uma pesquisa no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro [PPGEH/UFRJ] e do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Surdez [GEPeSS]. Dela resultou a produção de um Caderno de orientações e sugestões para o ensino de História em classes inclusivas com alunos surdos [SANTOS, 2018]. O produto tem por objetivo prover professores de História e estudantes do curso de licenciatura nessa área com informações básicas e sugestões que possam auxiliá-los no trabalho com alunos surdos, particularmente, aqueles incluídos em turmas regulares, uma vez que o estudo realizado assinalou a necessidade desse tipo de suporte. Na presente comunicação, faremos uma síntese das orientações indicadas no caderno.

Parafraseando Caimi [2015], para ensinar História ao aluno surdo é preciso entender de ensinar, de História e de surdos. Conhecer quem são esses docentes constitui-se em pré-requisito obrigatório a quem irá lhes ensinar. Em primeiro lugar, pelo fato de os docentes terem uma formação pedagógica [ainda] deficiente quanto à oferta de subsídios à educação de surdos, quando muito restrita ao ensino da Língua Brasileira de Sinais [Libras]. Em segundo, por serem majoritariamente ouvintes, distantes da experiência surda de estar no mundo, portanto nem sempre capazes de perceber as reais necessidades do educando surdo. Um olhar menos atento e a incompreensão daqueles a quem a aula se destina podem comprometer o direcionamento do trabalho do professor, resultando, por exemplo, na indiferença de uma didática alheia à diversidade de uma turma ou na piedosa aprovação na sua escolarização porque “coitado, ele é deficiente”.

Ao tratarmos de alunos surdos, antes de tudo, cabem explicações a respeito da surdez. Trata-se da ausência ou perda da audição. Ela pode ser total ou parcial, nesse caso, variando em graus [leve, moderada, severa, profunda], que dependem da capacidade do indivíduo em ouvir determinados níveis de decibéis. Algumas pessoas nascem surdas, por fatores hereditários ou problemas na gestação. Outras, ensurdecem em diferentes momentos da vida, devido a acidentes, doenças ou envelhecimento [OLIVEIRA, 2012]. Logo, qualquer um pode vir a ser surdo [pensamento perturbador que obriga ainda mais a nos colocarmos no lugar do outro]. É de suma importância ressaltar que a surdez não acarreta em comprometimentos cognitivos aos indivíduos [VERRI; ALEGRO, 2006]. Além disso, mesmo sem o sentido da audição, o surdo tem outros sentidos para interagir com o mundo e aprender.
        
Existem diversas denominações por meio das quais as pessoas com surdez são referidas: surdo, deficiente auditivo, surdo-mudo, mudo, mudinho. Nem todas apropriadas. O uso do termo surdo, aqui utilizado, é uma escolha política de um grupo para a forma como seus membros preferem serem designados. Ele é fruto de uma concepção contemporânea sobre a pessoa surda, derivada de estudos acadêmicos de distintas áreas do conhecimento e da própria mobilização dos surdos. Por tal viés, esses sujeitos deixam de ser reduzidos à surdez e a uma ideia de incompletude e anormalidade. Hoje, os surdos se entendem e são entendidos não como deficientes, mas como diferentes. Linguisticamente diferentes, porquanto usuários de uma língua de sinais, de modalidade gestual-visual, que lhes permite expressar-se, trocar informações e relacionar-se socialmente. Deste modo, sob a ótica da diferença, a tarefa maior do professor de alunos surdos não é superar incapacidades, mas despertar potencialidades.
        
Sobre a língua de sinais, essa ilustre desconhecida para a maior parte dos professores que atuam com alunos surdos, recaem muitos mitos. Vamos desfazer alguns. Primeiramente, não se trata de mera pantomima. Embora de modalidade diferente das orais, a língua de sinais tem todos os parâmetros de uma língua; portanto não pode ser considerada como uma linguagem. Possui uma gramática própria e é capaz de expressar do concreto ao abstrato. A língua de sinais também não é universal. De fato, existem várias línguas de sinais, correspondendo aproximadamente a uma por país. No entanto, uma língua de sinais pode ser usada em mais de um país, como a Língua de Sinais Americana [ASL], com usuários nos Estados Unidos e no Canadá. Ou um mesmo país pode ter mais de uma delas. É o caso do Brasil. A língua de sinais utilizada pela maioria dos surdos e oficialmente reconhecida chama-se Língua Brasileira de Sinais – Libras [BRASIL, 2002]. Há ainda a Língua de Sinais Kaapor Brasileira, da etnia indígena urubu-kaapor, habitante do Maranhão. [GESSER, 2009]

A instrução em língua de sinais e o uso de estratégias e recursos visuais são apontados pelos estudiosos como as formas mais apropriadas de promover a aprendizagem dos alunos surdos [LACERDA & SANTOS, 2014; KELMAN, 2015]. No primeiro caso, justifica-se por ser a língua de sinais a língua natural daqueles discentes. Ainda nesse sentido, defende-se a proposta de educação bilíngue, na qual os conteúdos devem ser ministrados em Libras, que por sua vez, possibilitará a aquisição da Língua Portuguesa, utilizada sobretudo para a leitura, produção escrita e compreensão textual. Quanto ao uso da visualidade, considera-se que o sentido mais utilizado pelos surdos para acessar a realidade é a visão. Donde explica-se a afirmação de que esses sujeitos “ouvem com os olhos” [GEDIEL, 2010, p. 267]. Nessa perspectiva, se faz bem-vinda a utilização de imagens estáticas ou em movimento nas aulas de História, tanto para fins de exposição de conteúdos como para avaliação.

Por determinação legal [BRASIL, 2011], a escola precisa contar com o Atendimento Educacional Especializado [AEE], sob os cuidados de um especialista em Educação Especial, o qual poderá orientar os professores regentes em seu trabalho com os alunos surdos. Enquanto isso, na sala de aula deverá haver outro profissional a acompanhar os docentes: o tradutor intérprete de língua de sinais e portuguesa [TILSP], que aqui denominaremos apenas intérprete, como conhecido no âmbito escolar. Por mais que alguns professores se sintam desconfortáveis com essa presença, ela é fundamental. Sobretudo por viabilizar a própria aula para aqueles educandos, uma vez que, via de regra, os docentes desconhecem Libras. Pontes entre professores e intérpretes precisam ser estabelecidas em prol do aluno, como o planejamento conjunto das aulas, com vistas à codocência [COSTA & KELMAN, 2018]. Mas é preciso distinguir os papéis de cada um. O intérprete não é o professor dos surdos e nem o regente da turma é responsável apenas pelos ouvintes. Cabe ao primeiro traduzir conteúdos e informações para a língua de sinais e intermediar a conversação entre os alunos surdos e ouvintes e entre os primeiros e seus professores. Aos docentes cabe ensinar, incentivar a participação, esclarecer dúvidas... enfim, ser... professor. Não somente dos alunos, mas de toda a classe, o que inclui os surdos.

Ao entendermos os surdos pelo viés da diferença e não da deficiência, nós, professores, precisamos considerá-los como sujeitos possuidores de identidade[s] e cultura próprias, caracterizadas por uma forma singular de ler o mundo e com ele interagir, na qual o sentido da visão ocupa um lugar privilegiado. Denominados “povo do olho” [LEBEDEFF, 2017, p. 228], possuem uma belíssima história marcada pelo preconceito, por reconhecimento, recuos e conquistas.  Desconhecida por professores e alunos, incluindo os próprios surdos, desvelá-la constitui-se, para os docentes, em mais uma ação no sentido de compreender melhor o educando surdo, além de instrumentalizá-los para uma possível incorporação dessa história aos conteúdos programáticos. Acreditamos que introduzir tal elemento nas aulas de História implicará em maior interesse dos estudantes surdos pela disciplina, valorização de sua cultura e positivação da identidade surda para todos os discentes.

Feitas as considerações iniciais a respeito de quem são os educandos surdos, nos voltamos agora para o como ensiná-los em contextos inclusivos. Elencamos abaixo uma série de diretrizes que consideramos fundamentais para orientar as práticas dos professores de História que atuam junto a esses educandos.

Aprenda e use Libras. Surdos aprendem melhor em um contexto de educação bilíngue, no qual a língua de instrução é a de sinais. No entanto, poucos professores são proficientes em Libras. Além disso, em classes inclusivas, é pouco viável ao docente lecionar em duas línguas concomitantemente. Ainda assim, permanece a importância do professor que tem alunos surdos, fazer uso da língua de sinais. Mesmo que não a utilize para expor conteúdos, o docente permanece sendo o profissional mais adequado para atender às solicitações de esclarecimentos dos alunos surdos. Alunos surdos se mostram mais interessados quando percebem que seu professor conhece Libras.

Inclua o aluno surdo desde o planejamento. Em classes inclusivas, ao realizar o seu planejamento, o professor precisa considerar a presença de alunos surdos e programar ações que contemplem as especificidades desses discentes. Nele devem constar metodologias e estratégias pedagógicas diversificadas, avaliações adaptadas e, em relação aos conteúdos, podem ser incorporados elementos da história dos surdos ao currículo da disciplina. É recomendável que professores regentes, intérpretes e professores do AEE planejem conjuntamente. Caso tal planejamento se mostre inviável na realidade da escola, o professor deve ao menos procurar disponibilizar seu plano com antecedência, de modo que o intérprete possa se familiarizar com os assuntos e buscar os sinais pertinentes. O que também possibilita ao AEE oferecer uma orientação mais adequada à realização das atividades planejadas.

Pesquise sobre os surdos e o ensino [de História] para esses sujeitos. O sucesso do trabalho com alunos surdos depende, em grande medida, do conhecimento docente acerca desses educandos. É possível buscar informações junto aos professores do AEE, especialistas em Educação Especial; aos intérpretes, que costumam ser bons conhecedores da cultura surda; e aos colegas mais experientes. Estudar sobre os surdos e como ensinar para eles é fundamental. Sobretudo quando uma parcela significativa dos professores alega não saber como dar aula para tais discentes. A produção de estudos acadêmicos a respeito do ensino de História para surdos vem se ampliando. Já identificamos mais de duas dezenas desses trabalhos, de artigos a dissertações [SANTOS, 2018]. Quanto a essas últimas, em sua maioria foram produzidas no âmbito do Mestrado Profissional em Ensino de História – ProfHistória [MATTOS, 2016; PADOVANI NETTO, 2018; SANTOS, 2018; STIPP, 2019]. São trabalhos que se destacam pelos produtos desenvolvidos por professores da Educação Básica em diálogo com o campo teórico-acadêmico, possuindo enorme potencial para o incremento de práticas mais adequadas ao ensino de alunos surdos.

Utilize estratégias e recursos pedagógicos diversificados. Aulas fundamentadas exclusivamente na exposição oral de conteúdos, habitus do professor de História [MONTEIRO, 2010], não são adequadas aos alunos surdos. A atuação do intérprete de Libras apenas minimiza o problema. É preciso que o professor faça uso de estratégias e recursos diversificados, sobretudo os que empregam elementos visuais, para que possa suscitar a aprendizagem significativa daqueles discentes. Recomendam-se abordagens que explorem possibilidades de se extrair informações de recursos imagéticos; apresentação de textos com informações sintetizadas; utilização de linhas do tempo, quadros sinóticos e comparativos, mapas conceituais; o emprego de outros sentidos e sensibilidades, como a expressão corporal e o contato com fontes históricas materiais; aulas de campo, que possibilitem experiências concretas com lugares de memória. Vídeos e filmes também são bem-vindos, preferencialmente legendados ou explicados antecipadamente pelo intérprete.

Promova a participação e a integração de TODOS os alunos. O professor não pode esquecer da presença dos alunos surdos em sala, relegando-os aos cuidados do intérprete. É preciso constantemente inquirir sobre suas opiniões, provocá-los aos debates, verificar se estão com dúvidas, incentivá-los. Mais ainda, deve estimular a integração entre surdos e ouvintes, misturando-os, por exemplo, em atividades de grupo. Cabe frisar que, embora as ações aqui sugeridas tenham sido mobilizadas por uma preocupação com os educandos surdos, elas não são necessariamente exclusivas a eles, sendo capazes também de contemplar os demais. Se a classe é inclusiva, as atividades realizadas devem ser possíveis para todos os discentes. Uma pedagogia diversificada para surdos, dependente da visualidade, também produz bons resultados para os ouvintes que com eles estudam [KELMAN, 2005]. Nem tudo o que é bom para o aluno ouvinte é para o surdo, mas tudo o que é válido para o surdo também é para o ouvinte.

Redobre os cuidados com a didática. A presença surda exige cuidados redobrados nesse sentido. Assim, o professor não pode falar enquanto escreve, pois o surdo perderá a explicação. Cada atividade deve ser realizada a seu tempo, pois a simultaneidade dificulta aprendizagem do aluno surdo. Se ele estiver realizando uma cópia, o professor deve aguardar que termine para iniciar a exposição dos conteúdos. É preciso respeitar o ritmo diferenciado. Em um debate, por exemplo, enquanto os ouvintes já tiverem iniciado seus argumentos, os surdos ainda estarão recebendo a questão lançada pelo intérprete. Voltar-se para esses alunos no ato de explicar também é importante, até para que eles se sintam participantes da aula como os demais. Porém, não é necessário gritar ou falar muito pausadamente, achando que aprenderão dessa maneira. Embora alguns alunos possam entender o professor fazendo leitura labial, é um mito a ideia de que todos os surdos possuem tal habilidade.

Lembre-se do aluno surdo na escolha do livro didático. Material didático mais utilizado pelo professor de História, o livro didático não costuma ser escolhido levando-se em consideração os alunos surdos. De fato, não se trata de um dos recursos mais adequados ao trabalho com esses educandos, uma vez que seus textos são de difícil acesso àqueles estudantes que apresentam muitas dificuldades na compreensão da leitura. Contudo, as coleções atuais possuem um forte apelo visual, com imagens de diversos tipos, mapas, linhas do tempo, entre outros elementos que podem ser explorados por professores no ensino para alunos surdos.

Tenha respeito linguístico. As dificuldades quanto ao domínio da Língua Portuguesa por estudantes surdos, em função de problemas para a aquisição da mesma, tornam a atividade da escrita uma tarefa dificultosa para eles. Levando isso em consideração, mais do que exigir uma correção gramatical à redação daqueles alunos, os professores de História, afeitos à produção textual, devem procurar verificar se tal escrita, por mais desconexa que possa parecer, contém algo que demonstre a ocorrência de aprendizado. Arguir o aluno surdo sobre o que escreveu é o que se indica. Erros gramaticais podem e devem ser apontados, mas no sentido de que sejam reelaborados pelos discentes [UGRINOWITSCH, 2003]. Convém ainda alertar que o professor precisa ser cuidadoso com o vocabulário e as sentenças que utiliza. Expressões idiomáticas e metáforas em português podem ser errônea e literalmente entendidas pelos surdos.

Compartilhe experiências. As práticas docentes com alunos surdos, sobretudo as inovadoras, não podem ficar restritas à sala de aula. A fim de instrumentalizar e inspirar outros professores, essas experiências didáticas precisam ser trocadas entre os profissionais da escola – nos planejamentos coletivos, em Conselhos de Classe ou em Grupos/Centros de Estudo – e para além dela – na forma de projetos de pós-graduação, publicação em periódicos acadêmicos, apresentação em eventos educacionais e, menos formalmente, aproveitando o potencial da internet, por meio de blogues, redes sociais e canais de vídeo.

Milite pela inclusão. As ações docentes aqui elencadas podem ser inviabilizadas caso não encontrem na escola recursos humanos e materiais a elas necessários. Quantos planejamentos de aula não foram frustrados devido à ausência de intérpretes ou de um mero cabo de vídeo! Faz-se necessário cobrar das secretarias de Educação e reivindicar o suporte que a elas compete para a efetivação da inclusão, como contratação de intérpretes, promoção de formação continuada, tempos reservados ao planejamento e à troca entre docentes dentro da carga horária de trabalho e aquisição/confecção de materiais pedagógicos específicos.

Não temos a intenção e tampouco a pretensão de oferecer respostas a todos os desafios relacionados ao ensino de História para alunos surdos ou preencher as lacunas de uma formação [inicial ou continuada] deficitária. Da mesma forma que a matrícula de um aluno surdo em uma escola regular não deve ser confundida com a inclusão, sendo apenas o seu início [KELMAN, 2011], as orientações aqui apresentadas devem ser entendidas como um texto de sensibilização e apoio inicial aos docentes. A partir dele, recomendamos que outras pesquisas e fontes de informação sejam consultadas.

Referências
Paulo José Assumpção dos Santos é professor da rede pública de educação do município de Duque de Caxias [RJ], doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ] e mestre em Ensino de História pela UFRJ.
Celeste Azulay Kelman é professora associada da Faculdade de Educação da UFRJ, doutora em psicologia pela Universidade de Brasília [UnB] e mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro [UERJ]. Fundadora e coordenadora do GEPeSS – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Surdez.

BRASIL. Decreto n.º 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em:
 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm#art11>. Acesso em: 30 mar. 2018.
______. Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em 19 abr. 2018.
CAIMI, Flávia Eloisa. O que precisa saber um professor de História? História & Ensino, Londrina, v. 21, n. 2, p. 105-124, jul./dez. 2015.
COSTA, Renata dos Santos; KELMAN, Celeste Azulay. A atuação do professor intérprete de Libras em escolas do estado do Rio de Janeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 7., São Carlos, 2016. Anais eletrônicos... Campinas: Galoá, 2018. Disponível em: < https://proceedings.galoa.com.br/cbee7/trabalhos/a-atuacao-do-professor-interprete-de-libras-em-escolas-do-estado-do-rio-de-janeiro>. Acesso em: 20 mai. 2018.
GEDIEL, Ana Luisa. Falar com as mãos e ouvir com os olhos? A corporificação dos sinais e os significados dos corpos para os surdos de Porto Alegre. Tese [Doutorado em Antropologia Social] – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.
KELMAN, Celeste Azulay. “Aqui tudo é importante!” Interações de alunos surdos com professores e colegas em espaço escolar inclusivo. Tese [Doutorado em Psicologia] – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2005.
______. O educando surdo na escola. In: MACIEL, Diva Albuquerque; BARBATO, Silviane. Desenvolvimento humano, educação e inclusão social. 2. ed. rev. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2015, p. 144-157.
______. Significação e aprendizagem do aluno surdo. In: MARTINEZ, Albertina Mitjáns-Martinez; TACCA, Maria Carmen [Org.]. Possibilidades de aprendizagem: ações pedagógicas para alunos com dificuldades e deficiências. Campinas: Alínea, 2011, v. 01, p. 173-206.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; SANTOS, Lara Ferreira dos. [Orgs.] Tenho um aluno surdo, e agora? Introdução à Libras e educação de surdos. São Carlos: EdUFSCar, 2014.
LEBEDEFF, Tatiana Bolivar. O povo do olho: uma discussão sobre a experiência visual e surdez. In: LEBEDEFF, Tatiana Bolivar [Org.]. Letramento visual e surdez. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2017, p. 226-251.
MATTOS, Camila Oliveira. Sinais do tempo: construção de significados de tempo histórico para alunos surdos em uma perspectiva de letramento histórico em Libras. Dissertação [Mestrado Profissional em Ensino de História] – Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2016.
MONTEIRO, Ana Maria Ferreira da Costa. Professores de história: entre saberes e práticas. 2. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.
OLIVEIRA, Liliane Assumpção. Fundamentos Históricos, Legais e Biológicos da Surdez. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2012.
PADOVANI NETTO, Ernesto. Ensino para diferentes sujeitos: o acesso de alunos surdos às aulas de História. Dissertação [Mestrado Profissional em Ensino de História] – Campus Universitário de Ananindeua, Universidade Federal do Pará, Ananindeua, 2018.
PINHO, Angela; MARIANI, Daniel. Redução de ‘novos surdos’ e evasão explicam tema da redação do Enem. Folha de S. Paulo, São Paulo, 10 nov. 2017, Educação. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/11/1934293-reducao-de-novos-surdos-e-evasao-explicam-tema-da-redacao-do-enem.shtml>. Acesso em: 08 jun. 2018.
SANTOS, Paulo José Assumpção dos. Ensino de História para alunos surdos em classes inclusivas: práticas e propostas. Dissertação [Mestrado Profissional em Ensino de História] - Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
______; CARVALHO FILHO, Silvio de Almeida; KELMAN, Celeste Azulay. Desafios do ensino de História para alunos surdos em uma escola inclusiva da baixada fluminense. Revista Transversos, n. 15, p. 518-539, abr. 2019.
STIPP, Paulo Eduardo de Mattos. A História muda: o uso de imagens no ensino de História para surdos. Dissertação [Mestrado Profissional em Ensino de História] – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019.
UGRINOWITSCH, Mônica. Reflexões de uma professora de História sobre o desenvolvimento linguístico em alunos surdos e ouvintes. Arqueiro, Rio de Janeiro: INES, v. 7, p. 31-39, jan./jun. 2003.
VERRI, Célia Regina; ALEGRO, Regina Célia. Anotações sobre o processo de ensino e aprendizagem de história para alunos surdos. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, n. 2, p. 97-114, 2006.

24 comentários:

  1. Bom dia! Durante o meu processo de formação, desde a graduação, me deparei com a idealização do que seria a inclusão. Sou formada em História, fiz uma especialização em Educação Inclusiva, com ênfase no ensino para alunos Surdos. Percebi que os alunos surdos matriculados em uma escola regular, não se importavam com o conteúdo em si. Estavam lá, na escola, por estar, pela obrigatoriedade. Isso me marcou de tal forma, que decidi aprender LIBRAS para diminuir esse distanciamento. No entanto, noto que essa aproximação não é suficiente se apenas um ou outro professor se voltem para essa questão. O preparo da escola, como um todo, ainda é muito insuficiente, infelizmente. Será possível que algum dia cheguemos a de fato ter uma escola inclusiva? Como mudar o pensamento de vários profissionais e alunos para ter um preparo melhor para receber esses alunos? O meu convívio com a comunidade surda me incentiva a cada vez mais seguir trabalhando nesta área, mas ainda vejo meu trabalho como algo solitário quando saio desse convívio. – Mirja Myrcea Dennisse Churquina Corro

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    1. Oi, Mirja! Você já fez muito em aprender Libras e buscar aperfeiçoar seu conhecimento nessa língua, convivendo com a comunidade surda. A inclusão de alunos surdos necessita de um intérprete para estar atuando junto ao professor e esse trabalho deve ser em uma parceria intensa. Infelizmente os alunos surdos na tua experiência "não se importavam com o conteúdo em si" porque não entendiam o que estava sendo dito. Desistiam, o que é triste. Para motivá-los é importantíssimo que sejam desenvolvidas estratégias didáticas que explorem a visualidade, já que é por esse canal que aprendem melhor. A escola tem que estar envolvida porque o princípio da inclusão é que o aluno não seja do professor ou do intérprete, mas que seja uma responsabilidade da escola buscar esforços conjuntos para o sucesso acadêmico dos alunos surdos. Afinal ele é um aluno da escola!!! Buscar o apoio da legislação. Pesquise no site do MEC ou no google o que diz a Lei sobre inclusão, Lei 13146 de 2015 e leve para discutir na sua escola. É interessante também instituir um "tutor" ouvinte para o aluno surdo, ajudando-o na localização dos textos, por exemplo. CELESTE AZULAY KELMAN

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    2. Olá, Mirja! Penso que é possível termos escolas de fato inclusivas. E isso não é apenas uma perspectiva otimista. Complementando as colocações da professora Celeste Kelman, para chegar a essa escola, pontes precisam ser estabelecidas. Você tocou em um ponto muito importante. Muitos relatos de experiência de professores que atuam junto a alunos surdos em escolas inclusivas dão conta desta mesma sensação de solidão. Sentem-se desamparados pelo poder público, pelos gestores e até pelos colegas de trabalho. Tenho uma experiência muito feliz nesse sentido. Em minhas dúvidas e angústias, procurei e encontrei parceria junto aos professores do Atendimento Educacional Especializado e aos intérpretes de Libras. Não devemos ter vergonha disso, de reconhecer nossas limitações em relação ao conhecimento sobre os surdos e sobre fazeres pedagógicos mais apropriados a eles. É claro que esse movimento também precisa vir de outra direção. A escola como um todo precisa abraçar esses alunos, incluindo-os não somente no ato da matrícula, mas propondo ações a eles destinadas no PPP, incentivando a comunidade escolar a aprender Libras, realizando atividades que evidenciem a presença dos surdos e sua cultura no espaço escolar. Gestores das redes de ensino também precisam investir na formação continuada dos docentes, na contratação de intérpretes e assistentes educacionais surdos, na aquisição de recursos que possibilitem o uso de estratégias de ensino que explorem a experiência de mundo visual desses alunos. E já que falei em pontes, que tal ser a ponte entre a comunidade surda e a sua escola? Essa aproximação certamente sensibilizará seus colegas em relação aos surdos. Existem ainda diversos grupos de pesquisa sobre surdez espalhados pelo país, como o GEPeSS. Já pensou em procurar algum deles? Você não está só! Abraço!
      PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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    3. Obrigada professores pela resposta. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas como o professor Paulo disse, não estamos sós. Aos poucos vamos construindo uma escola melhor. Ainda tenho muito que aprender e o trabalho de vocês foi uma excelente contribuição! - Mirja Myrcea Dennisse Churquina Corro

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  2. Parabéns aos autores pelo belo trabalho! Tenho feito um trabalho em uma escola especial, de contar a história dos surdos, história da escola, com fotos e depoimentos de surdos mais velhos, na experiência da escola inclusiva, vcs percebem espaço para um trabalho assim? Ernesto Padovani Netto

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    1. CELESTE AZULAY KELMAN responde: Ernesto, é muito importante contar para educandos surdos histórias de outros surdos, principalmente se eles estiverem inseridos no mercado de trabalho. Convidar surdos adultos também é importante, para que os estudantes tenham uma motivação para seguir em frente. Tem uma autora surda francesa, Emanuelle Laborit, que achava que morreria quando crescesse porque ela não conhecia nenhum surdo adulto quando era pequena. Ela narra esse fato em seu livro "O voo da gaivota".
      Explore sempre a visualidade, como você traz fotos. Super importante! Parabéns pelo seu trabalho também!

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    2. Meu caro Padovani, muito grato por seus elogios e pela pergunta. Penso ser necessário que os surdos se vejam também como protagonistas da História. Pesquisando os livros didáticos de História do último PNLD, verifiquei apenas uma referência aos surdos. Era um texto complementar sobre Beethoven. Seria um grande acerto do autor se ele aproveitasse para tratar da presença surda na História, representando-a de forma positiva. No entanto, ele limita-se a tratar da surdez como uma doença. É por essas e outras que precisamos levar sim, por meio de projetos e atividades diversas, a história dos surdos para sala de aula. Seja ela em um nível macro ou na história local. Nesse sentido, é interessante trazer a história da escola, mais precisamente, da inclusão na escola sob uma outra ótica, a dos incluídos. Acredito também que assim seja possível também sensibilizar os ouvintes a respeito da presença dos sujeitos e da cultura surda no espaço escolar. Portanto, trabalhos como esse que você brilhantemente desenvolve são mais do que bem-vindos. Ano passado, na escola pública onde trabalho com os surdos, realizamos um projeto de comemoração dos 60 anos daquela unidade. Como parte do projeto, não esquecemos de refletir sobre a inclusão dos surdos, em algumas rodas de conversa. Não somente falando sobre eles, mas contamos também com as memórias que ex-alunos surdos compartilharam conosco. Esse tipo de ação é muito bem recebido por nossa comunidade escolar. Agora, se me permite, devolvo a pergunta: encontrou alguma resistência para a realização do seu trabalho? Grande abraço!
      PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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  3. lellisjac@gmail,com18 de maio de 2020 às 16:10

    O Ensino de História para alunos surdos sobretudo quando esses sujeitos se incluem em salas regulares é premeditado por vários questionamentos: Como ensinar-lhes sem nenhum conhecimeno prévio a respeito de sua peculiaridade diante das aboragens adequadas a serem utiizadas no trabalho com eles e das noções básicas?


    Antonio Lellis Ramos Rodriues

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    1. CELESTE AZULAY KELMAN responde: Antonio, é possível ensinar sem ter conhecimento prévio. Se surdos não ouvem, devem ser ensinados pelo sentido da visão. No início do século XX já foram chamados de "o povo do olho". É a chamada pedagogia visual. Hoje em dia é possível fazer uma disciplina sobre Educação Especial fora da grade curricular do curso de História. Tive vários alunos que vinham da área de Biologia, Educação Física. Até um rapaz do curso de Química trabalhou comigo em um projeto sobre Surdez. Como você já é graduado, vale a pena inscrever-se em algum curso de formação continuada, de extensão ou de especialização na área. Na UFRJ, Faculdade de Educação, temos o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Surdez - GEPeSS.

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    2. Prezado Antonio, obrigado pela pergunta. Esse costuma ser o primeiro dos muitos desafios que envolvem o ensino para surdos. Essa ausência de conhecimentos prévios sobre os surdos e quais os métodos mais adequados para ensiná-los é verificada em diversas pesquisas feitas com professores que lecionam para esses alunos. A raiz dessa situação encontra-se em uma formação inicial deficitária quanto a disciplinas e reflexões relacionadas às questões que envolvem os alunos surdos. Após o Decreto 5.626/05, tivemos a inclusão de Libras nos cursos de formação de professores. Contudo, ter um semestre de Libras está longe de ser suficiente para que um graduando aprenda as competências necessárias para ser um professor de alunos surdos. De fato, há uma sensação de grande angústia quando esse novo professor adentra pela primeira vez uma sala de aula com educandos surdos. Nesse sentido, há de se convir também que é, para dizer o mínimo, um desrespeito para com educandos e educadores, a ausência de cursos de capacitações oferecidos pelas redes de ensino. Porém, a falta de conhecimento prévio não pode e nem deve imobilizar o professor. É preciso que seja o ponto de partida na busca por conhecimentos a respeito de quem são aquele alunos e como ensiná-los adequadamente. Donde entram os caminhos sugeridos pela professora Celeste Kelman na resposta anterior. Esperamos que nosso texto e o caderno que produzimos possam também servir de auxílio aos professores que se encontram ou venham se encontrar na situação colocada por sua pergunta. Atenciosamente.
      PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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  4. Bom dia professor Paulo José Assumpção dos Santos e professora Celeste Azulay Kelman. Vocês afirmam a necessidade, como um primeiro passo, de conhecermos quem são os educandos surdos, através da sua história, lutas e conquistas. Como podemos usar essas ações (a sua história, lutas e conquistas), através de imagens, para instrumentalizar os educandos surdos e prepará-los para uma possível incorporação dessas mesmas ações, nos conteúdos programáticos de História?

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    1. CELESTE AZULAY KELMAN responde: Ana Lúcia, são duas etapas. Primeiro é preciso conhecer quem são, como foi a história da educação de surdos, suas lutas, as leis que amparam a educação e a inclusão deles. Isso se faz com leitura ou cursos de extensão. O nosso Grupo de Pesquisa na UFRJ (Faculdade de Educação) lançou um livro Surdez: comunicação, educação e inclusão (Editora CRV, 2018) cujos capítulos versam sobre diferentes aspectos da vida dos surdos. E fazemos um curso de extensão anual com esse mesmo nome, aberto a professores, estudantes, surdos e familiares de surdos. A segunda etapa é como dar as informações para eles. É exatamente através das imagens que eles aprendem principalmente, pelo sentido da visão. Costumamos falar que é pela experiência visual do surdo que ele aprende. Então todo o conteúdo deve envolver essa abordagem para facilitar que eles construam significados. Tem outro livro que recomendo: Letramento Visual, organizado pela Tatiana Lebedeff, editado pela WAK em 2017. Boa sorte!

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    3. Oi, Ana! Primeiramente, desculpe a demora em responder e a exclusão do comentário anterior. Na verdade, era esse mesmo texto, porém esqueci de colocar a assinatura solicitada pelos organizadores do Simpósio. Mas vamos à sua pergunta. Obrigado por ter feito. A incorporação da história dos surdos aos conteúdos de História me parece ser um elemento fundamental para que esses sujeitos possam ser melhor entendidos. Não somente como educandos, mas também cidadãos. Contudo, essa incorporação ainda precisa ser construída. É de fato, um longo trabalho, que já está sendo iniciado. Além de ser objeto de minha pesquisa de Doutorado, já vemos ações nesse sentido, sendo realizadas e publicadas, como o trabalho mencionado pelo Ernesto Padovani. Aliás, completando as sugestões de trabalho da professora Celeste Kelman, acrescento aqueles que vem sendo produzidos pelo ProfHistória e citados na comunicação. Seus produtos didáticos, que versam sobre distintas formas de uso de imagens no trabalho com estudantes surdos, oferecem importantes subsídios aos professores de História que atuam junto a esses educandos. E aguarde, pois já conheço pelo menos mais três que estão sendo produzidos. Grande abraço!
      PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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  5. Olá, deixo aqui meus parabéns aos autores por tratarem desse assunto de forma tão clara e objetiva. Definitivamente, este artigo é esclarecedor e também um convite ao engajamento docente por uma educação efetivamente inclusiva. A parte sobre o cuidado com a realização de atividades simultâneas me casou inquietação pq não havia antes atentado a isso, talvez uma maior proximidade com a comunidade surda contribuiria para o meu esclarecimento sobre tal questão. Contudo, esse e outros são desafios que perpassam toda a prática docente e manter-se atento as devidas metodologias é um compromisso que precisa ser diário, e ainda assim ora ou outra iremos topar com um novo desafio que requerer novas abordagens. Mas, se mesmo para o professor que se dedica para essa área entender a inclusão efetiva é tão complexo, para os demais alunos compreender isso é ainda mais difícil, e me preocupa que os espaços que deveriam aproximar criem novas barreiras entre alunos surdos e ouvintes, o trabalho em grupo nem sempre possibilita a interação desejada, muitos alunos surdos simplesmente se sentem constrangidos e preferem realizar os trabalhos com outros alunos surdos. A questão é, que outras possibilidades temos para furar essas bolhas que separam a sala sem, contudo, causar desconforto nesses alunos e, ao mesmo tempo, sensibilizar os demais acerca da importância dessa interação?
    JÉSSICA DE SOUZA DANTAS

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    1. CELESTE AZULAY KELMAN responde: Jéssica, eles preferem se juntar entre eles próprios porque se comunicam com muito mais facilidade do surdo-surdo do que surdo-ouvinte. Recomenda-se que todo trabalho de grupo separe os alunos surdos da turma, um em cada grupo. Também se recomenda que um aluno ouvinte atue como "tutor" do aluno surdo, explicando as tarefas. Já houve muitos casos de alunos ouvintes que terminam aprendendo língua de sinais com seu colega surdo espontaneamente. E há turmas em que o intérprete ensina para os alunos ouvintes. O importante é encontrar formas deles não se isolarem. Mas eles só farão isso se não sentirem receptividade por seus pares ouvintes. Procure ler sobre isso. Temos produzido muito material sobre interações surdo-ouvintes em classes inclusivas. Minha tese envolveu esse tema. Vale a pena visitar o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Surdez - GEPeSS no Facebook. Ou no nosso site: gepessufrj1.wixsite.com

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    2. Prezada Jéssica, gostei muito de sua pergunta. Obrigado. Reiterando a resposta dada pela professora Celeste Kelman, o professor precisa estar atento às relações entre surdos e ouvintes em sala de aula. A barreira linguística se constitui no maior entrave para a interação entre esses discentes. Nesse sentido, cabe ao poder público e aos gestores da escola promoverem cursos de Libras e incentivarem a participação dos alunos ouvintes. Já é uma realidade em algumas redes, a inclusão de Libras como disciplina da grade curricular. Isso ocorre na escola onde atuo. Lá, a disciplina Libras, uma das favoritas dos alunos ouvintes, tem promovido uma maior aproximação desses com seus colegas surdos. Além disso, o docente também pode contribuir, oferecendo momentos em que atividades possam ser realizadas em Libras. Incluir a história dos surdos também pode ser um elemento capaz de aproximar esses sujeitos da nossa disciplina e sensibilizar os educandos ouvintes em relação aos surdos. Por fim, como também educamos pelo exemplo, é de fundamental importância que o docente dispense igual atenção a seus alunos surdos, sob nenhuma hipótese relegando-os ao intérprete ou à invizibilidade em sala de aula. Atenciosamente.
      PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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  6. A questão que coloco é em como vocês veem o modelo brasileiro de escola inclusiva? E, partindo da pesquisa de vocês, como a comunidade surda avalia essa educação inclusiva proposta da inclusão da pessoa surda na escola regular?
    Parabéns pelo trabalho desenvolvido.

    Att,
    Micherlando Pereira da Costa

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  7. Prezado Micherlando, obrigado pela pergunta. Avalio de forma positiva o modelo brasileiro de escola inclusiva, no que se refere à legislação que o conforma e aos seus objetivos. No entanto, reconheço e testemunho os enormes desafios enfrentados por gestores, docentes e discentes no cotidiano de nossas escolas inclusiva. Via de regra, uma realidade na qual a inclusão limita-se, quando muito, ao acesso do aluno à escola, esquecendo-se da garantia de sua permanência e da qualidade da aprendizagem. O que não quer dizer que se trata de um modelo fracassado. Entendo que é um modelo negligenciado, sobretudo pelas esferas governamentais, mas que vem sendo bravamente defendido pelos educadores que acreditam em uma escola que deve abraçar a todos. Em relação à posição da comunidade surda quanto à inclusão, percebo que ainda se divide entre defensores desse modelo e de uma escola específica para surdos. Prevalecendo a defesa de uma escola bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) para surdos. É interessante observar que, a despeito dessa controvérsia, estudos tem apontado que estudantes surdos consideram que aprendem mais em uma escola regular. Há que se considerar ainda o ganho de estudantes ouvintes que se tornam menos preconceituosos em relação aos surdos por conta do convívio com eles. Atenciosamente.
    PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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  8. Uma abordagem indispensável para o campo da História, uma vez que ainda estamos presos a um ensino estritamente teórico, onde nos faz pecar em não conduzir junto a essa prática, metodologias bem mais visuais, e até mesmo lúdicas. Alinhar perspectiva inclusiva nos espaços educacionais e principalmente nas classes regulares como é visualizado. Meu questionamento, se faz em dois termos que aborda, inclusão e integração. Como ambos, podem estreitar ainda mais, a níveis positivos, a possibilidade de um ensino aprendizado mais democrático na sua amplitude?

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    1. Prezada Ana Paula, agradecemos por sua questão. É preciso, primeiramente, demarcar bem a distinção entre esses conceitos. Ambos se referem a uma escola destinada a abarcar todos os distintos sujeitos sociais, mas com vieses opostos. No primeiro modelo, historicamente datado, o aluno precisa se adaptar à escola. No segundo, com o qual trabalhamos, é a escola que precisa se adaptar ao aluno. E é justamente esse o cerne das orientações que aqui indicamos. Somente a inclusão pode propiciar esse ensino-aprendizado mais democrático que sugere. Entre outras razões porque pressupõe a troca e o diálogo constante entre os diferentes atores envolvidos nesse processo, além de estabelecer as bases para que os educandos se entendam e atuem como protagonistas. Atenciosamente.
      PAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS

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