OS SILENCIAMENTOS DA HISTORIOGRAFIA: A ATUAÇÃO ESPANHOLA NA PARAÍBA
Quando os
historiadores se debruçam sobre determinado fato histórico para escreve-lo,
eles influenciam como a população no futuro olhará e perceberá todas as nuanças
ocorridas naquele período histórico. Isso porque a partir do momento em que
existe uma historiografia sobre um período, um fato ou uma pessoa, também
existirá discussões sobre isso em sala de aula.
Assim, o que a
historiografia produz por meio de suas inúmeras pesquisas e fontes que lhe dão
sustento, posteriormente encontrará um reduto importante que é o próprio ensino
de história. Portanto, o conhecimento histórico vinculado aos diversos períodos
da história dependerá do que a historiografia produz com excelência, pois é por
meio desta que o ensino de história ocorrerá para a população.
Entretanto, na escrita
da história é possível que ocorra silenciamentos propositais? Caso isso
ocorresse, naturalmente, povos, decisões ou fatos poderiam ser lacunares no
próprio ensino de história. Esta é a premissa de nosso artigo. Na
historiografia paraibana construída no século XX é cabível encontrar tal
silenciamento que obteve reflexos no ensino de história.
Tal silenciamento está
justamente na inserção espanhola em terras paraibanas no período que é
conhecido como de conquista do território paraibano por causa dos conflitos com
os indígenas. O silenciamento é tão profundo que poucos se debruçaram na
temática e consequentemente o conhecimento histórico sobre a atuação espanhola
na Paraíba foi prejudicado no que tange ao ensino de história. A historiografia
do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba privilegiava os portugueses em
detrimento aos outros povos que no Brasil estiveram.
Para construção de
nosso artigo, nos utilizamos de algumas referências bibliográficas que
refletiram sobre temáticas transversais ao que estamos propondo, mas que, foram
fundamentais para direcionarmos a nossa escrita para sanarmos o problema que
nosso artigo pretende responder. Assim, nos utilizamos de discussões e
reflexões empreendidas por Moura Filha [2004], Raposo e Araújo [2017], Oliveira
[2007], entre outros.
Acreditamos que nosso
artigo contribuirá para o ensino de história da Paraíba, trazendo à tona novas
reflexões sobre a atuação espanhola no local. Além da atuação é necessário
demonstrar a importância do apoio militar espanhol para o objetivo de conquista
do território paraibano. Dessa maneira, cremos que novas pesquisas sobre a
temática são necessárias para que o conhecimento histórico acerca da atuação
espanhola na Paraíba adentre as salas de aula por meio do ensino de história.
A construção da
historiografia paraíbana e o silenciamento da atuação espanhola
A historiografia de um
local, de um fato, de uma pessoa, de uma sociedade foi ao longo dos anos feita
por diversos intelectuais que empreendiam em sua escrita a forma como eles
observavam que a história necessitaria ser lembrada. A arte de escrever a
história mudou de Heródoto, passando pelos metódicos e chegando aos Annales.
Mudou-se a forma de escrever e do porquê escrever.
De acordo com Certeau
[1982] em A Operação Historiográfica, isso tudo ocorre por conta que a escrita
da história necessitaria do lugar social do historiador, como também dos seus
pares aceitarem a história uma vez escrita. Assim, quando escrevemos falamos do
lugar em que estamos postos e nossa escrita necessita da aceitação dos nossos
próximos. Por isso é tão difícil escrever a história. É por tal motivo que também observamos os
silenciamentos e esquecimentos em meio a historiografia.
Na história paraibana
podemos observar esse silenciamento por parte do povo espanhol que foi tão
importante para as mudanças estruturais empreendidas pelos portugueses na
dominação da Paraíba. Isso ocorre sobretudo por conta da atuação dos
intelectuais do IHGP que escreveram a historiografia paraibana de tal forma que
privilegiassem o povo português em detrimento da atuação espanhola na Paraíba.
Mas antes de
refletimos sobre o IHGP, é necessário retornarmos para o século XIX com a
criação do IHGB em 1838. Criado com a missão de legitimar o governo de Dom
Pedro II, escrever a história do Brasil e dá continuidade a civilidade
empreendida pelos lusos, o IHGB também tinha como princípio criar uma
identidade nacional homogênea, e teve como seu principal nome nesse período o
de Vanhagen que é dito como o primeiro historiador do Brasil [REIS, 2000].
Apenas com a
Proclamação da República, existiu a ideia de criar repartições locais que
focassem nas histórias regionais e locais. É neste momento que existe o
incentivo para que se crie os institutos históricos e geográficos estaduais
para que se conte as histórias dos estados e também para legitimar os novos
ares republicanos. O Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba é fundado
assim em 1905. Os primeiros intelectuais a fazerem parte do IHGP e a escreverem
a história da Paraíba foram Irineu Pinto, Manoel Tavares Cavalcanti, Castro
Pinto e Coriolano de Medeiros. Antes da fundação do IHGP, haviam poucas
reflexões acerca da fundação e história da Paraíba, existindo tão somente,
documentos que registravam a história do local, como documentos oficiais
administrativos e diários de religiosos que passaram na Paraíba. Assim, o
Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba é quem realmente constrói no começo
do século a historiografia paraibana. Portanto, é inegável a contribuição que o
Instituto teve para a construção da história da Paraíba.
Como dito, IHGP nasceu
com o objetivo de contar a história da Paraíba, pelos próprios paraibanos.
Assim, os intelectuais saídos do Liceu Paraibano ou da Faculdade de Direito do
Recife integraram as primeiras formações. Com a função de construir uma
identidade local paraibana, a dita paraibanidade, além de exaltar a república e
construir a imagem da Paraíba como civilizada, republicana, heroica e valete.
Assim a história era construída com a ideia de engrandecer os fatos e heróis
paraibanos, glorificando o passado e os fatos que não deveriam ser esquecidos.
Mais precisamente, tudo isso deveria caminhar de acordo com as grandes
conquistas portuguesas [RAPOSO; ARAUJÓ, 2017].
A Paraíba já nascia
civilizada, pois de acordo com IHGP, o local nasceria de um acordo entre
portugueses e índios, feito civilizadamente entre portugueses e tabajaras em
1585, que resultou posteriormente em uma grandiosa cidade chamada de Nossa
Senhora das Neves [atual João Pessoa]. Nada mais civilizado do que criar uma
cidade apenas por um acordo que resultou em uma cidade. A Paraíba e,
consequentemente, o povo paraibano era valente pois, ao invés de se juntarem,
aceitarem e aglutinarem com os holandeses como fizeram os pernambucanos, os
paraibanos se uniram com os portugueses para lutaram contra e os expulsaram. Da
mesma maneira a Paraíba era fadada a república por conta da sua luta na
revolução de 1817. Assim a Paraíba já nasceria grande, de acordo com o IHGP e
defensora da república [RAPOSO; ARAÚJO, 2017].
Entretanto, a
narrativa escrita traz consigo o silenciamento de fatos e povos que aqui
estavam. Por exemplo, sabemos que a conquista da Paraíba não aconteceu tão
facilmente, ou de forma civilizada. Houve muita luta para que de fato
acontecesse tal conquista. Após a destruição do Engenho Tracunhaém pelos índios
potiguaras, começou de fato as inúmeras viagens para se conquistar a Paraíba,
isso porque os pernambucanos temiam que o mesmo pudesse ocorrer em suas terras.
Também havia a necessidade de barrar o levante indígena e consequentemente o
domínio francês. Inúmeras tentativas de conquistar a paraíba se sucederam,
sendo fracassadas por conta do clima, da má organização ou por batalhas
perdidas. Assim muito sangue foi derramado.
Com a União Ibérica,
entre 1580-1640 e, a união entre Portugal e Espanha com o Rei Filipe tomando as
rédeas da situação, as forças espanholas adentram no combate para a conquista
das terras paraibanas equalizando as forças dos colonizadores. Algo silenciado
pelos historiadores do IHGP, que simplesmente marcam a presença portuguesa com
ênfase e esquecem dos espanhóis que também foram decisivos para a conquista:
“As presenças
portuguesa e espanhola – vale ressaltar a presença deste último que é tantas
vezes esquecida intencionalmente pela historiografia brasileira e, nesse caso,
pela paraibana – no território paraibano, ainda sob a dominação indígena, são
marcadas pela resistência do nativo e pelas disputas internas entre os dois
grupos de colonos [lusos e hispânicos]”.
[RAPOSO; ARAÚJO, 2017, p. 154]
Talvez, o maior
exemplo dessa disparidade relacionada aos portugueses e espanhóis na
historiografia paraibana vem de um dos maiores nomes do Instituto Histórico e
Geográfico da Paraíba: Horácio de Almeida. Nasceu no município de Areia no
interior paraibano em 1896, morrendo no ano de 1983 no Rio de Janeiro. Se
formou no ginasial no Liceu Paraibano e posteriormente fez Direito na Faculdade
de Direito de Recife. Além de membro efetivo do Instituto Histórico e
Geográfico da Paraíba, o intelectual também foi membro da Academia Fluminense
de Letras, da Federação das Academias de Letras do Brasil, da Academia Carioca
de Letras e da Academia Paraibana de Letras. O autor que escreveu História da
Paraíba Tomos I e II [1966 e 1978] redigindo muito pouco sobre o apoio espanhol
em terras paraibanas e quando o fez foi denegrindo a atuação deles na conquista
da Paraíba. Segundo, Patrício [2016]:
“O pouco que Horácio
de Almeida descreve é como os espanhóis que aqui aportaram eram grosseiros e de
má índole. Segundo o autor, “bandidos fantasiados de soldado” e atribui ao
insucesso da terceira expedição a falta de companheirismo, excesso de ego, erro
de estratégias e desconhecimento de urbanização dos castelhanos. Devido essas
contendas, o lugar escolhido para o levantamento do forte era desfavorável a
defesa, e as diferenças entre portugueses e espanhóis pela liderança da nova
expedição, e o controle da fortificação levaram mais uma vez o insucesso da
expedição e os índios como sempre levaram a melhor sobre os colonizadores
expulsando-os novamente, por causa do erro de estratégia do comandante
espanhol”. [PATRÍCIO, 2016, p. 26]
Portanto, é cabível
ressaltar que para além de não se importar em destacar proficuamente a
participação e importância do apoio espanhol em conquistar a Paraíba, Horácio
de Almeida e consequentemente o IHGP, também considerava que tal atuação em
terras paraibanas teria sido fracassada, já que, mais teriam atrapalhado os
portugueses do que contribuído para tal conquista.
Porém, se Horácio de
Almeida fez tal descredenciamento dos espanhóis em seus próprios escritos e
mais contemporaneamente a nós, o IHGP mostrava sua devoção e afago aos
portugueses desde a primeira edição de sua revista. De acordo com Oliveira
[2003, p. 4], o IHGP acreditava que “a colonização portuguesa é que trouxe a
civilização”. Ou seja, a civilização brasileira e especificamente paraibana se
deu por meio dos lusos que com o processo civilizador trouxe desenvolvimento
para a região. De fato, é possível observar tal paixão do IHGP pelos
portugueses em seus escritos:
“A mais sincera
homenagem deve ser votada no dia de hoje à velha pátria portuguesa, cujas
quinas trouxeram a estas plagas a civilização, e de cujos filhos herdamos a
coragem, o heroísmo, a abnegação cavalheiresca, além das outras virtudes da sua
raça, e a crença inalterável no catolicismo, um dos principais sustentáculos da
unidade nacional.” [REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO PARAIBANO,
1980, p. 19]
Assim, é passível de
observação a aproximação do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba em
relação aos portugueses, pois eles acreditavam que foram de fato os lusos que
trouxeram a civilização para o Brasil e consequentemente Paraíba, além de nos
fazer herdar a coragem, o heroísmo e outras virtudes oriundos da raça
portuguesa. Também delega aos portugueses outro sustentáculo da nação
brasileira o catolicismo que contribuiria para homogeneidade nacional.
Talvez essa devoção
pelo povo português, tenha sido o principal motivo para que os intelectuais do
Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba não observassem outros povos como
espanhóis, holandeses e franceses com a mesma admiração. Sendo assim, outros povos
que não fossem os lusos eram conhecidos por serem na maioria dos casos como
inimigos. No caso dos espanhóis o silenciamento é concreto sendo apresentados
rapidamente e quando isso ocorre, acontece por meio da desvalorização.
Entretanto, na tese de
doutorado da Universidade do Porto, intitulada “De Filipeia a Paraíba”, Moura
Filho [2015] observa diversos momentos em que os espanhóis estiveram presentes
na história paraibana, inclusive contribuindo na incursão portuguesa. Assim é
possível observar 7 navios espanhóis, além de 2 portugueses, comandado pelo
espanhol Diogo Flores na última e derradeira viagem para a conquista da
Paraíba. Com a fundação do Forte de São Filipe posteriormente a conquista,
Diego Flores deixa 110 soldados espanhóis em companhia de 50 portugueses para
resguardar o forte. Após o forte ser abandonado, o Rei Filipe teve a pretensão
de enviar 50 soldados espanhóis para retomá-lo. Já com a criação da cidade, é
possível observar diversos espanhóis acompanhando o Capitão João Tavares em Filipeia.
Também podemos citar jesuítas espanhóis ilustres que tinham uma funcionalidade
importante, como Gaspar Samppers que era engenheiro de fortes.
Para além disso,
alguns autores como Oliveira [2003] relatam que a criação da cidade de
Filipeia, é fruto de influência espanhola, já que, era estratégia hispânica
fundar a cidade pensando em território e proteção. Mas, alguns autores
discordam disso não havendo homogeneidade nessa discussão. Em todo caso é nítida a participação
espanhola na história da Paraíba
Entretanto o que se
viu na construção da história da Paraíba no século XX é o silenciamento desse
povo, e o esquecimento desses detalhes privilegiando os portugueses em
território paraibano. O IHGP teve forte parcela nisso. Atualmente os
historiadores paraibanos que pesquisam e se debruçam sobre a história da
Paraíba, tentam destacar a participação dos espanhóis, mas talvez por falta de
referências bibliográficas, ou por escassez de fontes isso não ocorre com tanto
afinco. Cabe a nós tentarmos inserir cada vez mais novas pesquisas para sessar
tal silenciamento e proporcionar novas escritas da história.
Desse modo, o ensino
de história aglutinará uma diversidade de olhares para a temática, demonstrando
a atuação dos diversos povos que se relacionaram com a história brasileira e
fechando brechas lacunares que o alunado poderia ter, já que, não apenas os
portugueses seriam trabalhados no ensino de história, mas os vários povos que
aqui estiveram e estabeleceram relações no Brasil e na Paraíba.
Considerações
finais
A historiografia
paraibana do início do século XX teve influência dos intelectuais do IHGP,
instituto que tinha como premissa escrever a história paraibana e construir a
paraibanidade identitária. Longe de querermos diminuir a importância do Instituto
Histórico e Geográfico da Paraíba, acreditamos que os intelectuais em seu
período e em seu lugar social escreveram a história do estado e contribuíram
para o desenvolvimento da historiografia local. Muitos das próprias obras dos
integrantes do IHGP, se tornaram clássicos paraibanos, utilizados para estudar
e conhecer a história da Paraíba nos ensinos médio, superior e até mesmo para
concursos públicos. As obras de Horácio de Almeida, por exemplo, são
referências quando pensamos na história paraibana e extremamente utilizadas em
sala de aula.
Assim, tal
bibliografia influenciou e se dispersou pelo conhecimento histórico paraibano,
já que, eram clássicos utilizados para conhecer a história da Paraíba. É
inegável a importância e o lugar que essa historiografia têm para o
conhecimento histórico local. Entretanto, isso não quer dizer que lacunas não
poderiam existir na escrita. Assim, não somos juízes, mas como bom historiador,
sabemos que é necessário investigar os rastros do passado que podem ter se perdido
ao longo do tempo.
Atualmente, poucos
historiadores se debruçaram acerca da presença e atuação espanhola no estado da
Paraíba. Normalmente o que pode ser encontrado aparentemente são reflexões
transversais que tocam no assunto, mas não aprofundam o necessário. Talvez por
falta de fontes, talvez por falta de referências bibliográficas, talvez pelo
silenciamento inicial, a temática permanece lacunar na historiografia
paraibana.
Portanto é um campo
que ainda necessita ser descoberto pelos historiadores paraibanos para assim
refletirmos em sala de aula. É necessário trazer à tona a relação entre os
povos portugueses, espanhóis, franceses e indígenas na Paraíba, e sobretudo
suas atuações na conquista do território. A partir do momento que tais reflexões
forem inseridas no ensino de história, o conhecimento histórico paraibano se
tornará ainda mais robusto, pois desmistificará um silenciamento e fechará
brechas lacunares.
Referências
Doutorando em História
pelo programa de Pós-Graduação da Universidade Federal Rural de Pernambuco
[UFRPE] e Mestre em História pela mesma instituição. Possui graduação em
História pela Universidade Estadual da Paraíba [UEPB] e participa do Núcleo de
Pesquisa e Extensão em História Local [NUPEHL] da Universidade Estadual da Paraíba
como pesquisador vinculado a outras instituições na linha de pesquisa: Espaço,
Cultura e Sociabilidades.
CERTEAU, Michel de. A
Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.
MOURA FILHA, Maria
Berthilde de Barros Lima e. De Filipéia à Paraíba: uma cidade na estratégia de
colonização do Brasil séculos XVI-XVIII. Dissertação de Doutorado em História
da Arte. Universidade do Porto. Porto, 2004.
OLIVEIRA, Carla Mary
S. “Imagens e traçados: a Parahyba dos primeiros séculos”. In: ______. O
barroco na Paraíba: arte, religião e conquista. João Pessoa: Editora
Universitária - UFPB/ IESP - Instituto de Educação Superior da Paraíba, 2003
OLIVEIRA, Margarida
Maria Dias de. A produção historiográfica e as histórias da Paraíba na produção
do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. ANPUH – XXII Simpósio Nacional
de História. João Pessoa, 2003.
PATRÍCIO, Viviane Edna
Vieira. “Paraibanidade”: A Identidade Local no Discurso Historiográfico de
Horácio de Almeida. Monografia de História. Universidade Estadual da Paraíba.
Campina Grande, 2016.
RAPOSO, Thiago Acácio;
ARAÚJO, Rafael Nóbrega. Paraibaneidade: olhares sobre a escrita da história da
Paraíba e a construção de uma identidade local. Revista Epígrafe, São Paulo, v.
4, n. 4, pp. 149-166, 2017.
REIS, J. C. Anos 1850:
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histórico e Geográfico Paraibano. Ano I, vol. 1. João Pessoa: Editora Universitária,
UFPB, 1980.
Prezado Glauber, fiquei muito interessada em seu trabalho porque você relata os espanhóis como um povo silenciado na história da Paraíba. Trabalho com educação de surdos e vejo que ainda hoje, com tudo que se fala sobre inclusão, verifico que os educandos surdos ainda são bastante silenciados em sala de aula. Por esse motivo me identifiquei com o seu trabalho, que me suscitou curiosidades. Por exemplo, esta influência dos espanhóis no período colonial foi pouco estudada, mas ainda hoje há algum tipo de influência espanhola na culinária? Nas vestimentas? Ou mesmo na incorporação de vocábulos de origem espanhola? Sintetizando: existem vestígios de influência da cultura espanhola nos costumes e tradições dos paraibanos? Desde já agradeço sua resposta.
ResponderExcluirUm grande abraço,
CELESTE AZULAY KELMAN
Obrigado pela pergunta, Celeste.
ExcluirVisto que o envolvimento espanhol na Paraíba ocorreu, sobretudo no período conhecido como a União Ibérica, a influencia em terras paraibanas não foram tão profundas. Acredito que ela aconteceu principalmente na parte arquitetônica na Parahyba do Norte (atual João Pessoa). O trabalho de Moura Filha (2004) "De Filipéia à Paraíba: uma cidade na estratégia de colonização do Brasil séculos XVI-XVIII", discute um pouco isso. Acho que influencias mais profundas ocorreram durante o domínio holandês, tal como ocorreu em Pernambuco.
Enfim, grato por seu questionamento, e também espero que tais silenciamentos como você cita na educação com surdos, possam aos poucos deixarem de ocorrer.
Glauber Paiva da Silva