Gerlane do Nascimento Mendes


PENSAR A IDENTIDADE E A PLURALIDADE CULTURAL DOS SUJEITOS NO ESTUDO DA HISTÓRIA A PARTIR DA TRANSVERSALIDADE



Quando falamos em educação, no século XXI, e mais especialmente em ensino de história, logo pensamos no processo de rompimento com práticas educativas que desconsideram a participação ativa do aluno na produção do conhecimento. Propor um ensino de história que aproxime o máximo possível do educando a temática abordada, o fazendo perceber que o é visto em sala de aula é passível de conexões com sua vivência e com o tempo presente, o estimulando a ser participativo e a tornar-se protagonista na construção do conhecimento histórico, consiste em um dos maiores desafios para os profissionais da história atualmente. O contato com a diversidade de conteúdos, de temas e de abordagens é um dos primeiros passos para repensar um ensino muitas vezes unilateral, pois contribui para a problematização e a elaboração de questionamentos que incentivam a construção do senso crítico no aluno. No entanto, é crucial considerar que a resposta a esta superação é plural e só pode ser encontrada considerando a realidade de cada educador e de cada educando.

Todas estas questões nos acompanham ao longo de nossa formação, enquanto profissionais de história, e são comuns em discussões que tanto empreendemos e enfatizamos nas disciplinas de educação no decorrer da graduação, sobretudo, na disciplina de Estágio Supervisionado presente na fase final dos cursos de licenciatura, em que temos a oportunidade de colocar em prática o conhecimento teórico adquirido. Porém, nos sentimos na obrigação de frisar que não é tarefa fácil nem tampouco, uma mudança que possa ocorrer repentinamente, mas que requer muito diálogo e engajamento por parte dos profissionais da história, mas também da comunidade escolar. É necessário definir princípios e posturas educativas que irão marcar todas as nossas ações educativas na atuação profissional. Sobre este assunto a educadora Crislane Azevedo destaca que a disciplina de Estágio Supervisionado:

“Em meio às suas atividades, esforça-se para que os licenciandos se conscientizem de que seus princípios teórico-metodológicos enquanto profissionais da docência precisam ser definidos e constantemente aprimorados em meio às dificuldades da profissão” [AZEVEDO, 2010, p.8].

Tais constatações nos colocam em um cenário onde fica evidente que ainda há grandes barreiras a serem superadas no ensino como um todo, e aqui, no caso específico do ensino de história, em selecionar conteúdos que, mais do que tentar explicar o presente pelo passado valorizando demasiadamente o passado, se posicione como salienta o historiador e filósofo brasileiro José Alves de Freitas Neto, de modo que “instigue a reflexão sobre a produção da memória sobre esse passado e a ação do aluno como construtor da História e a necessidade de compreender os processos e intersecções entre sua história e a do seu povo” [FREITAS NETO, 2009, p.60]. Neste sentido, nossa intenção com este texto é pensar a identidade e diversidade cultural dos sujeitos no estudo da história a partir da transversalidade, mostrando como esta última pode contribuir para um ensino de história mais significativo e democrático para o educando, o que só será possível de houver uma renovação nos conteúdos e métodos da história ensinada. Tal tema sugere trabalhar as identidades culturais e como estas são formadas dentro do contexto social no qual o sujeito está inserido destacando sua diversidade estimulando assim, o respeito pelas diferenças. De grande importância ainda é fazer com que este aluno entenda a grande diversidade de identidades histórico-culturais e étnico-raciais inerentes ao meio o qual está inserido

A proposta de um ensino baseado na transversalidade está presente nas orientações da Base Nacional Comum Curricular e tem como umas das maiores contribuições o rompimento com da rigidez disciplinar proporcionando uma educação mais democrática, cidadã e plural. Freitas Neto assinala que: “a transversalidade apresenta uma proposta que ultrapassa a fragmentação dos conteúdos e disciplinas, prevendo um trabalho cujo conhecimento seja construído em função dos temas e propostas apresentados” [FREITAS NETO, 2005, p.9]. É inegável que a transversalidade desempenha no ensino da história papel fundamental na tentativa de romper com essa visão emblemática que distancia o aluno do que é trabalhado e discutido na sala de aula, buscando a aproximação com seu meio social e cultural proporcionando discussões que lhe dizem respeito e que os colocam também como protagonista da história no momento em que propõe uma relação bem mais estreita entre os mais diversos temas e áreas do conhecimento, temas estes que ultrapassam as visões disciplinares, e que trazem consigo concepções e práticas a serem questionadas e eventualmente assimiladas.

A Base Nacional Comum Curricular que define o conjunto de aprendizagens essenciais que devem ser desenvolvidas pelos alunos na Educação Básica, orienta para o uso da transversalidade como elemento que visa enriquecer e diversificar o processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista que no conjunto de aprendizagens nas ciências humanas, a diversidade deve ganhar especial destaque, com vistas ao acolhimento da diferença. No guia prático para usos de temas contemporâneos transversais na BNCC, assinala-se que:

 “A transversalidade é um princípio que desencadeia metodologias modificadoras da prática pedagógica, integrando diversos conhecimentos e ultrapassando uma concepção fragmentada, em direção a uma visão sistêmica. Os Temas Contemporâneos Transversais não são de domínio exclusivo de um componente curricular, mas perpassam a todos de forma transversal e integradora” [GUIA PARA USO DOS TCTs, 2019, p.4].

As propostas de implementações presentes no guia prático de orientações de temas contemporâneos transversais na BNCC, evidencia ainda que os:

“Temas Contemporâneos Transversais [TCTs] têm a condição de explicitar a ligação entre os diferentes componentes curriculares de forma integrada, bem como de fazer sua conexão com situações vivenciadas pelos estudantes em suas realidades, contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade aos objetos do conhecimento descritos na BNCC.  Dentre os vários pesquisadores que investigam e discorrem sobre a relevância e responsabilidade da educação, parece ser consenso que, para atingir seus objetivos e finalidades há que se adotar uma postura que considere o contexto escolar, o contexto social, a diversidade e o diálogo” [GUIA PARA USO DOS TCTs, 2019, p.6].

Os temas transversais difundidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais consideram o homem como um ser social e histórico, envolto em um processo de lutas, rupturas, descontinuidades, avanços e recuos, superando a visão linear e progressista da história, indicando temas geradores que não se configuram disciplinas à parte, pois não foram propostos para serem trabalhados de maneira individualizada, ao contrário, foram pensados para fomentar a transversalidade [PCNs, 1998, p.98].

De acordo com a BNCC [2019] foram eleitos seis temas contemporâneos transversais que atravessam os diferentes campos do conhecimento, definidos baseando-se em analises da realidade brasileira, são eles: cidadania e civismo, multiculturalismo, saúde,  meio ambiente, economia e ciência e tecnologia, onde é proposto que sejam trabalhados em todas as disciplinas estabelecendo relações com a realidade dos alunos, evitando o distanciamento entre o conteúdo estudado e o cotidiano e as necessidades dos educandos. Iremos aqui nos ater a importância do multiculturalismo e da educação para diversidade cultural.

Trabalhar com a transversalidade torna-se assim um caminho necessário e obrigatório para alcançar este objetivo, como nos chama atenção mais uma vez José Alves de Freitas Neto nos indicando que para desenvolver a transversalidade no ensino de História, a didática, a metodologia e os pressupostos teóricos teriam que passar por uma reformulação, sublinhando que “por isso, podemos afirmar que a implantação dos temas transversais não se refere apenas a mudanças didático-pedagógicas, mas também conceituais sobre o ato de educar e a própria História” [FREITAS NETO, 2005, p. 65].

Está presente também nos Paramentos Curriculares Nacionais [1998] a aplicação de conceitos como o de cultura, expande as perspectivas de reflexão sobre o conceito de identidade bem como de identidade cultural, a partir do momento em que passamos a considerar que elementos como, as representações culturais, os modos de comunicação, as formas de organização do cotidiano, valores e ideias incorporados no contato entre diferentes pessoas em diferentes momentos fundam a identidade pessoal e social do indivíduo. A abordagem deste tema torna-se imprescindível tendo em vista a necessidade de se trabalhar e compreender as questões que giram em torno das diferentes identidades culturais dos sujeitos bem como suas construções. Tal tema torna-se extremamente necessário visto a grande diversidade cultural e social encontrada em sala de aula e na sociedade. Construir esse conhecimento em relação ao conceito de cultura e de identidade cultural dos sujeitos contribui para o entendimento em relação a grande pluralidade cultural existente, estimulando assim o reconhecimento e o respeito dessas diferenças.

Com relação a temática aqui traçada, merece notoriedade a importância da introdução na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional da lei n. 9.394 de 1996 que confirmou o estabelecido pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 242, ao determinar que o ensino da História do Brasil deverá considerar e abordar as contribuições das diferentes etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena e africana, para se trabalhar a pluralidade cultural e diversidade étnica na educação. O trabalho com estes temas também se torna possível através da transversalidade no momento em que permite mobilizar diferentes áreas do conhecimento para discutir e problematizar o tema.

Dentro desta perspectiva destacamos a necessidade de problematizar questões relacionadas à identidade cultural dos sujeitos na História, como bem elucida a educadora Crislane Azevedo, ao discorrer acerca das políticas públicas para a Educação Básica com ênfase nas relações entre o ensino de História e a educação para as relações étnico-raciais, evidenciando as possibilidades de ações didáticas promotoras e valorizadoras das identidades dos alunos dos diversos níveis da escolarização básica, diz ela:

“De forma paradoxal, a sociedade brasileira e a sua organização escolar, apesar da forte experiência de passagem por um processo civilizador de origem europeia fruto de longo período de colonização portuguesa, expõe características e requerem tratamento pautado na diversidade étnico-racial. O processo de silenciamento histórico-cultural por que passaram indígenas e africanos e seus descendentes não foi suficiente para apagar costumes, valores, histórias, visões de mundo que estão sendo hoje culturalmente reconhecidos e legalmente instituídos como formadores da história do Brasil e da sociedade brasileira” [AZEVEDO, 2011, p.175].

É partindo desta premissa que ressaltamos a importância de se discutir a identidade cultural dos indivíduos e como estas identidades são construídas, bem como discutir a sua grande diversidade, encarando este tema como um desafio constante no ensino de história hoje.  É preciso esclarecer ainda que este tema é primordial para despertar no aluno reflexões acerca dos fatos e dados históricos que lhes são apresentados, estimulando o senso crítico, e a capacidade de identificar preconceitos em relação a uma determinada cultura, o capacitando para que interfira de forma responsável e justa na realidade em que atua, interferindo de forma a estimular a tolerância em todos os seus aspectos, o que irá resultar na promoção de um sujeito crítico, livre e autônomo, construtor do próprio conhecimento e conhecedor da sua identidade, capaz de lidar e valorizar a grande diversidade cultural que o cerca.

Para além da importância de estudar a identidade cultural dos sujeitos que são trazidos dentro do conteúdo pelo professor a ser trabalhado com os alunos, está a necessidade e a emergência de explicitar que, a construção da identidade cultural de todo sujeito ocorre dentro do contexto social, cultural e histórico o qual ele pertence, isto é, seja dentro da escola, na convivência com os mais diferentes indivíduos do seu meio, no seu dia-a-dia ou seja no seu cotidiano tanto escolar, como extraclasse. Consideramos que, o cotidiano, como categoria historiográfica, vai além do senso comum, porque possibilita captar o que escapa aos sujeitos individuais da história, ao enfocar tanto os pensamentos e gestos coletivos como as singularidades e diversidades dos atores humanos. Nessa perspectiva, destaca Fávero Sobrinho [2010] ao dizer que “a construção da identidade não é concebida como resultante de forças extra-históricas, mas de um processo cumulativo de experiências, saberes e práticas interligadas por meio da relação espaço-temporal e pela dimensão relacional que os mais diversos sujeitos estabelecem entre si” [FÁVERO SOBRINHO, 2010, p.6].

Ainda sobre o debate em torno da cultura e da identidade cultural, os Parâmetros Curriculares Nacionais de história apontam para a emergência do tema dizendo que:

“A aplicação de conceitos como o de cultura expande as perspectivas  de reflexão sobre o conceito de identidade,  a partir do momento em que passamos a considerar que elementos como, as representações culturais, os modos de comunicação, as formas de organização do cotidiano, valores e ideias incorporados no contato entre diferentes pessoas em diferentes momentos fundam a identidade pessoal e social do indivíduo” [PCNs, 1998, p. 112].

Outra questão primordial quando se discute a construção das identidades culturais dos indivíduos é destacar que, os sujeitos pertencem a um tempo histórico característico e especifico e que suas identidades são construídas dentro deste contexto temporal e social. Mostrar estas diferenças de contextos plurais e heterogêneos produtores de identidades que por sua vez também são diversos, constitui-se em mais um dos objetivos do ensino de história que incentive o reconhecimento da pluralidade cultural. A este respeito, Elza Nadai e Circe Maria Fernandes Bittencourt trazem uma questão que precisa ser superada, ao dizerem que ainda é bastante comum entre os professores, a preocupação demasiada quanto a periodização, a relação presente-passado, sendo comum obter respostas de alunos, quando indagados sobre a definição de história, de que esta é “a ciência que estuda o passado para compreender o presente e preparar um futuro melhor”.

As autoras alertam:

“Definições iguais ou semelhantes estão contidas nos manuais didáticos que em sua maioria, possuem um capítulo introdutório o qual define a história, estabelecendo a relação temporal presente-passado e informa sobre o tempo cronológico e as divisões da história. Estes conceitos, portanto, podem acabar diluindo-se no decorrer do curso, sem articulação concreta com o conteúdo transmitido, ocorrendo na prática geral, e para os alunos em particular que ensinar história é, em princípio, e quase exclusivamente, comunicar o conhecimento factual do passado” [BITTENCOURT; NADAI, 1988, p.75].

O que as autoras querem dizer é que trabalhar com periodizações muito cristalizadas, muitas vezes limita as possibilidades de introduzir outros temas e de relacionar com outros assuntos que extrapolem o recorte temporal e espacial estudado por exemplo, é neste sentido que a transversalidade se faz necessária, pois possibilita a flexibilização e ampliação das possibilidades de relacionar o assunto estudado com um aspecto presente no cotidiano do aluno.

Portanto, diante deste desafio, há a necessidade iminente de enfatizar a discussão sobre o tempo histórico e sua relação não apenas como o passado, presente e futuro, mas todas as relações possíveis que recaem sobre um determinando contexto temporal no qual indivíduos diferentes fazem parte, contexto também, onde constroem suas identidades. É preciso compreender este tempo ainda, como extremamente dinâmico e flexível, e não estático e preso a uma perspectiva puramente cronológica e linear sobre os fatos históricos. É crucial ainda enfatizar o papel de cada indivíduo dentro de determinado contexto, ressaltando sua identidade e como a mesma fora construída, e quais suas relações com o que acontece ao seu redor. Cabe a, nós professores, fazer as devidas conexões entre este passado e o presente no qual o aluno está inserido, questionando os mais diversos aspectos possíveis do contexto no qual sua identidade foi construída.

Para enriquecer este debate e propor reflexões é válido mencionar um discurso proferido pela autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie no evento Tecnology, Entertainment and Design [TED] em 2009 e que posteriormente foi transformado em livro, nos alerta sobre “os perigos de uma história única”. A autora menciona que quando criança, sempre leu muitas histórias estrangerias britânicas e americanas, sendo que isto moldou sua visão de mundo comprovando como nós somos vulneráveis face a uma história única que pode ser tomada por nós e contribuir na construção de estereótipos e muitas vezes de preconceitos. Menciona que como consequência, de certa forma inesperada, não imaginava que era possível existir pessoas como ela na literatura.

Chimamanda Adichie chama a atenção para o fato de, como ter contato com uma única história sobre um indivíduo, sobre um povo, ou mesmo sobre uma cultura, desconfigura, desrespeita e retira a complexidade e diversidade das experiências desses povos, provocando muitas vezes a distorção de suas identidades. O contato com outras histórias torna-se primordial para não reproduzir preconceitos e julgamentos baseados em realidades que muitas vezes não correspondem com a verdade. “É assim pois, que se cria uma única história: mostre um povo como uma coisa, como somente uma coisa, repetidamente, e será isso que se tornarão”, afirma. Por isso a importância de se trabalhar a diversidade de culturas, bem como a diversidade de narrativas e esclarecer sobre a complexidade das identidades de um indivíduo ou de um povo é de importância crucial [ADICHIE, 2009].

Toda via, diante do exposto, é imprescindível salientar a necessidade, e diria até a emergência, de considerarmos o trabalho com os temas aqui propostos, visto que não se pode falar em construir uma sociedade mais justa e democrática se não for debatido no ensino de história temas como a pluralidade cultural e a diversidade de identidades.  Estas temáticas são necessárias e indispensáveis para a construção do conhecimento histórico que considere as diferentes realidades e culturas para que não se corra o risco de apresentar “uma história única”. E dentro deste objetivo a transversalidade torna-se uma aliada e indispensável.

Referências
Gerlane do Nascimento Mendes é licenciada em história e mestranda em História e Espaços pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

AZEVEDO, Crislane Barbosa. A renovação dos conteúdos e métodos da história ensinada.  Revista Percursos. Florianópolis, v. 11, n. 02, jul. / dez. 2010.
______________. & STAMATTO Maria Inês Sucupira. Historiografia, processo ensino-aprendizagem e ensino de história. Revista Metáfora Educacional. n. 9, dez./2010.
______________. Educação para as relações étnico-raciais e ensino de história na educação básica. Revista Saberes. Natal. V. 2. jun. 2011.
BITTENCOURT, Circe & NADAI, Elza. Repensando a noção de tempo histórico no ensino. In: PINSKY, Jaime [org.]. O Ensino de História e a Criação do Fato. São Paulo: Contexto, 1988, p. 73-92.
BRASIL. Ministério da Educação. Guia de Implementação da Base Nacional Comum Curricular: Orientações para o processo de implementação da BNCC. MEC, Brasília, DF, 2018. Disponível em
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/04/guia_BNC_2018_online_v7.pdf>.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.
FREITAS NETO, José Alves de. A transversalidade e a renovação no ensino de História IN. KARNAL, Leandro [Org.] História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2005.
SOBRINHO, Antônio Fávero. O aluno não é mais aquele! e agora, professor? A transfiguração histórica dos sujeitos da educação. Faculdade de Educação Universidade de Brasília. Belo Horizonte, 2010.

17 comentários:

  1. Prezada senhorita, Gerlane! Cumprimento-a parabenizando pelo seu texto!
    O assunto transversalidade é realmente bem recorrente e às vezes faltam alternativas práticas para a execução do mesmo. Nesse contexto, discutir possibilidades que venham somar com essa temática e que venham elucidar a realização da mesma. Considerando isso, a Pluralidade Cultural é um dos temas que somam aos outros cinco. Sendo assim, como a Língua Portuguesa pode contribuir através da Pluralidade Cultural (que é uma tema transversal) contribuir com o ensino de História?

    Wagner Pereira de Souza

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    1. Fico muito grata pelo seu comentário Wagner, e fico feliz em saber que gostou da leitura. Como enfatizei no texto, um dos principais objetivos da transversalidade é aproximar ao máximo a realidade do aluno do que é estudado em sala de aula, o fazendo compreender o significado do que aprende na escola, mas acredito que também seja promover uma aproximação entre as diferentes áreas do conhecimento, fomentando suas contribuições para tornar o aprendizado mais efetivo. Neste empreendimento, o ensino de Língua Portuguesa converte-se em grande aliado e de grande contribuição para o ensino de história quando o tema é pluralismo cultural, como por exemplo através do uso literatura e de histórias em quadrinhos, para citar apenas alguns. Na última parte do texto, mencionei uma palestra que também está em formato de livro, “O perigo da uma história única”, de autoria da nigeriana Chimamanda Adichie, no qual menciona questões culturais e étnicas do continente africano, contribuindo para quebrar muitos preconceitos que são pautados em uma visão eurocêntrica e estereotipada da África. Esta discussão pode ser facilmente apropriada pela Língua Portuguesa como pela história para se debater o pluralismo cultural no momento em que se faz uso de um texto literário para se pensar em questões históricas. A autora possui diversos outros livros que podem ser usados em sala de aula para se discutir o tema, bem como muitos outros. O uso de quadrinhos também é outra opção, visto que é um formato muito atrativo para os alunos. Quadrinhos que trazem personagens femininas como protagonistas, que abordam culturas diferentes, como por exemplo Persépolis de autoria de Marjane Satrapi que trata da cultura árabe, é um material riquíssimo para trabalhar o pluralismo cultural, e fomentar o diálogo entre o ensino de língua portuguesa e o ensino de história. São projetos que podem ser desenvolvidos e pensados para se aplicarem em todas as séries. Quanto as alternativas práticas, enfatizo que deve haver diálogo entre os professores da instituição, bem como empenho e dedicação, e também de toda a comunidade escolar, que devem juntos buscar desenvolver projetos que trabalhem com a transversalidade e explorem os mais diversos temas. Sempre há conexões que podem ser exploradas, aliás a história está em tudo. Espero ter respondido a sua pergunta.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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    2. Obrigado, Gerlane, pelo retorno. Ficou claro sim sua resposta. Sua argumentação está pautada em caminhos totalmente exequíveis, isso se configura uma visão muito importante de difundir o ensino. Sucesso na sua carreira Docente!

      Wagner Pereira de Souza

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    3. Fico feliz em ter contemplado sua questão. Muito obrigada, te desejo o mesmo.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  2. Qual seria a nossa contribuição enquanto formandos de História para a renovação dos conteúdos e métodos?

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  6. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais a aplicação de conceitos
    como o de cultura, se expande as perspectivas de reflexão sobre o conceito de Identidade. Deste modo surge um questionamento qual a melhor maneira de se trabalhar Cultura e Identidade de forma Integrada na sala de aula?

    Hannah Karoline Amoedo Moutinho

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    1. Hannan, obrigada pela sua pergunta. Primeiramente, em meu entendimento não há como pensar cultura de forma dissociada de identidade. Ambos dialogam e se complementam, bem como contribuem para uma melhor compreensão da sociedade. São conceitos que se integram por definição, pois toda cultura interfere e ajuda a definir a identidade de um indivíduo, bem como todo indivíduo tem uma identidade cultural, ou seja uma identidade que é definida dentro de uma cultura específica. Outra questão, acredito que só é possível saber a melhor maneira de se trabalhar com um tema quando estamos vivenciando o momento em sala de aula, pois sabemos que a aprendizagem não é homogênea, nem mesmo as abordagens que usamos, e sempre devemos partir da análise do perfil de nossa turma, e isso muitas vezes só pode ser feito na prática. Digo isto pois as turmas são diferentes, os alunos são diferentes, e devemos considerar tudo isto. Mas, uma boa maneira de se trabalhar estes dois conceitos é partindo de um questionamento que pode ser feito aos alunos, como por exemplo, os perguntar “o que vocês entender por cultura africana” ou “o que é cultura para vocês”, ou “o que vocês acham que é identidade e o que forma a identidade de uma pessoa”, são questões bem simples, mas que podem nos indicar como tratar estes temas, daí pode-se começar um debate, trazer documentos, fotos, textos, livros e vídeos para serem problematizados, bem como se pode problematizar o assunto junto ao livro didático utilizado.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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  7. Agradeço pelo conteúdo tratado neste texto sobre a transversalidade, tema este muito importante para ser tratado e desenvolvido principalmente dentro da sala de aula.
    Um pequeno trecho do 4º parágrafo: [...] De grande importância ainda é fazer com que este aluno entenda a grande diversidade de identidades histórico-culturais e étnico-raciais inerentes ao meio o qual está inserido[...]
    Este trecho me fez refletir que a identidade e a história étnica e cultural é um trabalho de construção, no qual o envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro, nada se sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação fornece, por isso que é necessário que se trabalhe esta pluralidade dentro da sala de aula e no ensino da história. Diante disso ouso perguntar: Ensinar a pluralidade ou viver a pluralidade ?

    LUAN DE SOUSA BATISTA

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    1. Prezado Luan, agradeço a sua pergunta, muito pertinente inclusive. Acredito que ensinar a pluralidade a vivenciando, e porque a vivenciamos, é o ideal. Vivemos em uma sociedade diversa e plural por definição, todos nós presenciamos esta pluralidade diariamente, é um fato do qual não podemos fugir, e partindo dessa premissa, não podemos nos esquivar de tratar este tema em sala de aula. É um tema necessário e urgente. O próprio ambiente da escola, e mais especificamente a sala de aula pode ser o ponto de partida para trabalhar o tema da pluralidade, estimulando o respeito pelas diferenças e despertando no aluno que este é um princípio da cidadania que implica viver no mundo de forma a contribuir para que este seja melhor e mais igualitário. E como você bem destacou, “sem o outro, nada se sabe sobre ele”, precisamos assim, reconhecer a identidade e a cultura do outro para reconhecer e definir as nossas. Somos diferentes e devemos respeitar todas as culturas e identidades como bem queremos que assim seja conosco. É isso que queremos despertar no aluno, o que nem sempre – ou quase nunca o é - tarefa fácil. Nesse sentido, o objetivo é fazer com que o aluno entenda a pluralidade porque a esta vivenciando, o que se almeja é que ele desperte a partir da observação de sua vivência, de sua realidade, que a pluralidade o rodeia e é elemento constitutivo da história. É um tema que dá “muito pano pra manga” e que desperta para questões essenciais que devem ser discutidas em sala de aula. Espero que tenha contemplado o seu questionamento.

      Gerlane do Nascimento Mendes

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