PENSAR A IDENTIDADE E A PLURALIDADE CULTURAL DOS SUJEITOS NO ESTUDO DA HISTÓRIA A PARTIR DA TRANSVERSALIDADE
Quando falamos em
educação, no século XXI, e mais especialmente em ensino de história, logo
pensamos no processo de rompimento com práticas educativas que desconsideram a
participação ativa do aluno na produção do conhecimento. Propor um ensino de
história que aproxime o máximo possível do educando a temática abordada, o
fazendo perceber que o é visto em sala de aula é passível de conexões com sua
vivência e com o tempo presente, o estimulando a ser participativo e a
tornar-se protagonista na construção do conhecimento histórico, consiste em um
dos maiores desafios para os profissionais da história atualmente. O contato
com a diversidade de conteúdos, de temas e de abordagens é um dos primeiros
passos para repensar um ensino muitas vezes unilateral, pois contribui para a
problematização e a elaboração de questionamentos que incentivam a construção
do senso crítico no aluno. No entanto, é crucial considerar que a resposta a
esta superação é plural e só pode ser encontrada considerando a realidade de
cada educador e de cada educando.
Todas estas questões
nos acompanham ao longo de nossa formação, enquanto profissionais de história,
e são comuns em discussões que tanto empreendemos e enfatizamos nas disciplinas
de educação no decorrer da graduação, sobretudo, na disciplina de Estágio
Supervisionado presente na fase final dos cursos de licenciatura, em que temos
a oportunidade de colocar em prática o conhecimento teórico adquirido. Porém,
nos sentimos na obrigação de frisar que não é tarefa fácil nem tampouco, uma
mudança que possa ocorrer repentinamente, mas que requer muito diálogo e
engajamento por parte dos profissionais da história, mas também da comunidade
escolar. É necessário definir princípios e posturas educativas que irão marcar
todas as nossas ações educativas na atuação profissional. Sobre este assunto a
educadora Crislane Azevedo destaca que a disciplina de Estágio Supervisionado:
“Em meio às suas
atividades, esforça-se para que os licenciandos se conscientizem de que seus
princípios teórico-metodológicos enquanto profissionais da docência precisam
ser definidos e constantemente aprimorados em meio às dificuldades da
profissão” [AZEVEDO, 2010, p.8].
Tais constatações nos
colocam em um cenário onde fica evidente que ainda há grandes barreiras a serem
superadas no ensino como um todo, e aqui, no caso específico do ensino de
história, em selecionar conteúdos que, mais do que tentar explicar o presente
pelo passado valorizando demasiadamente o passado, se posicione como salienta o
historiador e filósofo brasileiro José Alves de Freitas Neto, de modo que
“instigue a reflexão sobre a produção da memória sobre esse passado e a ação do
aluno como construtor da História e a necessidade de compreender os processos e
intersecções entre sua história e a do seu povo” [FREITAS NETO, 2009, p.60].
Neste sentido, nossa intenção com este texto é pensar a identidade e
diversidade cultural dos sujeitos no estudo da história a partir da
transversalidade, mostrando como esta última pode contribuir para um ensino de
história mais significativo e democrático para o educando, o que só será
possível de houver uma renovação nos conteúdos e métodos da história ensinada.
Tal tema sugere trabalhar as identidades culturais e como estas são formadas
dentro do contexto social no qual o sujeito está inserido destacando sua
diversidade estimulando assim, o respeito pelas diferenças. De grande
importância ainda é fazer com que este aluno entenda a grande diversidade de
identidades histórico-culturais e étnico-raciais inerentes ao meio o qual está
inserido
A proposta de um
ensino baseado na transversalidade está presente nas orientações da Base
Nacional Comum Curricular e tem como umas das maiores contribuições o
rompimento com da rigidez disciplinar proporcionando uma educação mais democrática,
cidadã e plural. Freitas Neto assinala que: “a transversalidade apresenta uma
proposta que ultrapassa a fragmentação dos conteúdos e disciplinas, prevendo um
trabalho cujo conhecimento seja construído em função dos temas e propostas
apresentados” [FREITAS NETO, 2005, p.9]. É inegável que a transversalidade
desempenha no ensino da história papel fundamental na tentativa de romper com
essa visão emblemática que distancia o aluno do que é trabalhado e discutido na
sala de aula, buscando a aproximação com seu meio social e cultural
proporcionando discussões que lhe dizem respeito e que os colocam também como
protagonista da história no momento em que propõe uma relação bem mais estreita
entre os mais diversos temas e áreas do conhecimento, temas estes que ultrapassam
as visões disciplinares, e que trazem consigo concepções e práticas a serem
questionadas e eventualmente assimiladas.
A Base Nacional Comum
Curricular que define o conjunto de aprendizagens essenciais que devem ser
desenvolvidas pelos alunos na Educação Básica, orienta para o uso da
transversalidade como elemento que visa enriquecer e diversificar o processo de
ensino-aprendizagem, tendo em vista que no conjunto de aprendizagens nas
ciências humanas, a diversidade deve ganhar especial destaque, com vistas ao
acolhimento da diferença. No guia prático para usos de temas contemporâneos
transversais na BNCC, assinala-se que:
“A transversalidade é um princípio que
desencadeia metodologias modificadoras da prática pedagógica, integrando
diversos conhecimentos e ultrapassando uma concepção fragmentada, em direção a
uma visão sistêmica. Os Temas Contemporâneos Transversais não são de domínio
exclusivo de um componente curricular, mas perpassam a todos de forma
transversal e integradora” [GUIA PARA USO DOS TCTs, 2019, p.4].
As propostas de
implementações presentes no guia prático de orientações de temas contemporâneos
transversais na BNCC, evidencia ainda que os:
“Temas Contemporâneos
Transversais [TCTs] têm a condição de explicitar a ligação entre os diferentes
componentes curriculares de forma integrada, bem como de fazer sua conexão com
situações vivenciadas pelos estudantes em suas realidades, contribuindo para
trazer contexto e contemporaneidade aos objetos do conhecimento descritos na
BNCC. Dentre os vários pesquisadores que
investigam e discorrem sobre a relevância e responsabilidade da educação,
parece ser consenso que, para atingir seus objetivos e finalidades há que se
adotar uma postura que considere o contexto escolar, o contexto social, a diversidade
e o diálogo” [GUIA PARA USO DOS TCTs, 2019, p.6].
Os temas transversais
difundidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais consideram o homem como um ser
social e histórico, envolto em um processo de lutas, rupturas,
descontinuidades, avanços e recuos, superando a visão linear e progressista da
história, indicando temas geradores que não se configuram disciplinas à parte,
pois não foram propostos para serem trabalhados de maneira individualizada, ao
contrário, foram pensados para fomentar a transversalidade [PCNs, 1998, p.98].
De acordo com a BNCC
[2019] foram eleitos seis temas contemporâneos transversais que atravessam os
diferentes campos do conhecimento, definidos baseando-se em analises da
realidade brasileira, são eles: cidadania e civismo, multiculturalismo,
saúde, meio ambiente, economia e ciência
e tecnologia, onde é proposto que sejam trabalhados em todas as disciplinas
estabelecendo relações com a realidade dos alunos, evitando o distanciamento entre
o conteúdo estudado e o cotidiano e as necessidades dos educandos. Iremos aqui
nos ater a importância do multiculturalismo e da educação para diversidade
cultural.
Trabalhar com a
transversalidade torna-se assim um caminho necessário e obrigatório para
alcançar este objetivo, como nos chama atenção mais uma vez José Alves de
Freitas Neto nos indicando que para desenvolver a transversalidade no ensino de
História, a didática, a metodologia e os pressupostos teóricos teriam que
passar por uma reformulação, sublinhando que “por isso, podemos afirmar que a
implantação dos temas transversais não se refere apenas a mudanças
didático-pedagógicas, mas também conceituais sobre o ato de educar e a própria
História” [FREITAS NETO, 2005, p. 65].
Está presente também
nos Paramentos Curriculares Nacionais [1998] a aplicação de conceitos como o de
cultura, expande as perspectivas de reflexão sobre o conceito de identidade bem
como de identidade cultural, a partir do momento em que passamos a considerar
que elementos como, as representações culturais, os modos de comunicação, as
formas de organização do cotidiano, valores e ideias incorporados no contato
entre diferentes pessoas em diferentes momentos fundam a identidade pessoal e
social do indivíduo. A abordagem deste tema torna-se imprescindível tendo em
vista a necessidade de se trabalhar e compreender as questões que giram em
torno das diferentes identidades culturais dos sujeitos bem como suas
construções. Tal tema torna-se extremamente necessário visto a grande
diversidade cultural e social encontrada em sala de aula e na sociedade.
Construir esse conhecimento em relação ao conceito de cultura e de identidade
cultural dos sujeitos contribui para o entendimento em relação a grande
pluralidade cultural existente, estimulando assim o reconhecimento e o respeito
dessas diferenças.
Com relação a temática
aqui traçada, merece notoriedade a importância da introdução na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional da lei n. 9.394 de 1996 que confirmou o
estabelecido pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 242, ao determinar
que o ensino da História do Brasil deverá considerar e abordar as contribuições
das diferentes etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das
matrizes indígena e africana, para se trabalhar a pluralidade cultural e
diversidade étnica na educação. O trabalho com estes temas também se torna
possível através da transversalidade no momento em que permite mobilizar
diferentes áreas do conhecimento para discutir e problematizar o tema.
Dentro desta
perspectiva destacamos a necessidade de problematizar questões relacionadas à
identidade cultural dos sujeitos na História, como bem elucida a educadora
Crislane Azevedo, ao discorrer acerca das políticas públicas para a Educação
Básica com ênfase nas relações entre o ensino de História e a educação para as
relações étnico-raciais, evidenciando as possibilidades de ações didáticas
promotoras e valorizadoras das identidades dos alunos dos diversos níveis da
escolarização básica, diz ela:
“De forma paradoxal, a
sociedade brasileira e a sua organização escolar, apesar da forte experiência
de passagem por um processo civilizador de origem europeia fruto de longo
período de colonização portuguesa, expõe características e requerem tratamento
pautado na diversidade étnico-racial. O processo de silenciamento
histórico-cultural por que passaram indígenas e africanos e seus descendentes
não foi suficiente para apagar costumes, valores, histórias, visões de mundo
que estão sendo hoje culturalmente reconhecidos e legalmente instituídos como
formadores da história do Brasil e da sociedade brasileira” [AZEVEDO, 2011,
p.175].
É partindo desta
premissa que ressaltamos a importância de se discutir a identidade cultural dos
indivíduos e como estas identidades são construídas, bem como discutir a sua
grande diversidade, encarando este tema como um desafio constante no ensino de
história hoje. É preciso esclarecer
ainda que este tema é primordial para despertar no aluno reflexões acerca dos
fatos e dados históricos que lhes são apresentados, estimulando o senso
crítico, e a capacidade de identificar preconceitos em relação a uma
determinada cultura, o capacitando para que interfira de forma responsável e
justa na realidade em que atua, interferindo de forma a estimular a tolerância
em todos os seus aspectos, o que irá resultar na promoção de um sujeito
crítico, livre e autônomo, construtor do próprio conhecimento e conhecedor da
sua identidade, capaz de lidar e valorizar a grande diversidade cultural que o
cerca.
Para além da
importância de estudar a identidade cultural dos sujeitos que são trazidos
dentro do conteúdo pelo professor a ser trabalhado com os alunos, está a
necessidade e a emergência de explicitar que, a construção da identidade
cultural de todo sujeito ocorre dentro do contexto social, cultural e histórico
o qual ele pertence, isto é, seja dentro da escola, na convivência com os mais
diferentes indivíduos do seu meio, no seu dia-a-dia ou seja no seu cotidiano
tanto escolar, como extraclasse. Consideramos que, o cotidiano, como categoria
historiográfica, vai além do senso comum, porque possibilita captar o que
escapa aos sujeitos individuais da história, ao enfocar tanto os pensamentos e
gestos coletivos como as singularidades e diversidades dos atores humanos.
Nessa perspectiva, destaca Fávero Sobrinho [2010] ao dizer que “a construção da
identidade não é concebida como resultante de forças extra-históricas, mas de
um processo cumulativo de experiências, saberes e práticas interligadas por
meio da relação espaço-temporal e pela dimensão relacional que os mais diversos
sujeitos estabelecem entre si” [FÁVERO SOBRINHO, 2010, p.6].
Ainda sobre o debate
em torno da cultura e da identidade cultural, os Parâmetros Curriculares
Nacionais de história apontam para a emergência do tema dizendo que:
“A aplicação de
conceitos como o de cultura expande as perspectivas de reflexão sobre o conceito de
identidade, a partir do momento em que
passamos a considerar que elementos como, as representações culturais, os modos
de comunicação, as formas de organização do cotidiano, valores e ideias
incorporados no contato entre diferentes pessoas em diferentes momentos fundam
a identidade pessoal e social do indivíduo” [PCNs, 1998, p. 112].
Outra questão primordial
quando se discute a construção das identidades culturais dos indivíduos é
destacar que, os sujeitos pertencem a um tempo histórico característico e
especifico e que suas identidades são construídas dentro deste contexto
temporal e social. Mostrar estas diferenças de contextos plurais e heterogêneos
produtores de identidades que por sua vez também são diversos, constitui-se em
mais um dos objetivos do ensino de história que incentive o reconhecimento da
pluralidade cultural. A este respeito, Elza Nadai e Circe Maria Fernandes
Bittencourt trazem uma questão que precisa ser superada, ao dizerem que ainda é
bastante comum entre os professores, a preocupação demasiada quanto a
periodização, a relação presente-passado, sendo comum obter respostas de
alunos, quando indagados sobre a definição de história, de que esta é “a
ciência que estuda o passado para compreender o presente e preparar um futuro
melhor”.
As autoras alertam:
“Definições iguais ou
semelhantes estão contidas nos manuais didáticos que em sua maioria, possuem um
capítulo introdutório o qual define a história, estabelecendo a relação
temporal presente-passado e informa sobre o tempo cronológico e as divisões da
história. Estes conceitos, portanto, podem acabar diluindo-se no decorrer do
curso, sem articulação concreta com o conteúdo transmitido, ocorrendo na
prática geral, e para os alunos em particular que ensinar história é, em
princípio, e quase exclusivamente, comunicar o conhecimento factual do passado”
[BITTENCOURT; NADAI, 1988, p.75].
O que as autoras
querem dizer é que trabalhar com periodizações muito cristalizadas, muitas
vezes limita as possibilidades de introduzir outros temas e de relacionar com
outros assuntos que extrapolem o recorte temporal e espacial estudado por
exemplo, é neste sentido que a transversalidade se faz necessária, pois
possibilita a flexibilização e ampliação das possibilidades de relacionar o
assunto estudado com um aspecto presente no cotidiano do aluno.
Portanto, diante deste
desafio, há a necessidade iminente de enfatizar a discussão sobre o tempo
histórico e sua relação não apenas como o passado, presente e futuro, mas todas
as relações possíveis que recaem sobre um determinando contexto temporal no
qual indivíduos diferentes fazem parte, contexto também, onde constroem suas
identidades. É preciso compreender este tempo ainda, como extremamente dinâmico
e flexível, e não estático e preso a uma perspectiva puramente cronológica e
linear sobre os fatos históricos. É crucial ainda enfatizar o papel de cada
indivíduo dentro de determinado contexto, ressaltando sua identidade e como a
mesma fora construída, e quais suas relações com o que acontece ao seu redor.
Cabe a, nós professores, fazer as devidas conexões entre este passado e o
presente no qual o aluno está inserido, questionando os mais diversos aspectos
possíveis do contexto no qual sua identidade foi construída.
Para enriquecer este
debate e propor reflexões é válido mencionar um discurso proferido pela autora
nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie no evento Tecnology, Entertainment and
Design [TED] em 2009 e que posteriormente foi transformado em livro, nos alerta
sobre “os perigos de uma história única”. A autora menciona que quando criança,
sempre leu muitas histórias estrangerias britânicas e americanas, sendo que
isto moldou sua visão de mundo comprovando como nós somos vulneráveis face a
uma história única que pode ser tomada por nós e contribuir na construção de
estereótipos e muitas vezes de preconceitos. Menciona que como consequência, de
certa forma inesperada, não imaginava que era possível existir pessoas como ela
na literatura.
Chimamanda Adichie
chama a atenção para o fato de, como ter contato com uma única história sobre
um indivíduo, sobre um povo, ou mesmo sobre uma cultura, desconfigura,
desrespeita e retira a complexidade e diversidade das experiências desses
povos, provocando muitas vezes a distorção de suas identidades. O contato com
outras histórias torna-se primordial para não reproduzir preconceitos e
julgamentos baseados em realidades que muitas vezes não correspondem com a
verdade. “É assim pois, que se cria uma única história: mostre um povo como uma
coisa, como somente uma coisa, repetidamente, e será isso que se tornarão”,
afirma. Por isso a importância de se trabalhar a diversidade de culturas, bem
como a diversidade de narrativas e esclarecer sobre a complexidade das
identidades de um indivíduo ou de um povo é de importância crucial [ADICHIE,
2009].
Toda via, diante do
exposto, é imprescindível salientar a necessidade, e diria até a emergência, de
considerarmos o trabalho com os temas aqui propostos, visto que não se pode
falar em construir uma sociedade mais justa e democrática se não for debatido
no ensino de história temas como a pluralidade cultural e a diversidade de
identidades. Estas temáticas são
necessárias e indispensáveis para a construção do conhecimento histórico que
considere as diferentes realidades e culturas para que não se corra o risco de
apresentar “uma história única”. E dentro deste objetivo a transversalidade
torna-se uma aliada e indispensável.
Referências
Gerlane do Nascimento
Mendes é licenciada em história e mestranda em História e Espaços pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
AZEVEDO, Crislane
Barbosa. A renovação dos conteúdos e métodos da história ensinada. Revista Percursos. Florianópolis, v. 11, n.
02, jul. / dez. 2010.
______________. &
STAMATTO Maria Inês Sucupira. Historiografia, processo ensino-aprendizagem e
ensino de história. Revista Metáfora Educacional. n. 9, dez./2010.
______________.
Educação para as relações étnico-raciais e ensino de história na educação básica.
Revista Saberes. Natal. V. 2. jun. 2011.
BITTENCOURT, Circe
& NADAI, Elza. Repensando a noção de tempo histórico no ensino. In: PINSKY,
Jaime [org.]. O Ensino de História e a Criação do Fato. São Paulo: Contexto,
1988, p. 73-92.
BRASIL. Ministério da
Educação. Guia de Implementação da Base Nacional Comum Curricular: Orientações
para o processo de implementação da BNCC. MEC, Brasília, DF, 2018. Disponível
em
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/04/guia_BNC_2018_online_v7.pdf>.
BRASIL, Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.
FREITAS NETO, José
Alves de. A transversalidade e a renovação no ensino de História IN. KARNAL,
Leandro [Org.] História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São
Paulo: Contexto, 2005.
SOBRINHO, Antônio
Fávero. O aluno não é mais aquele! e agora, professor? A transfiguração
histórica dos sujeitos da educação. Faculdade de Educação Universidade de
Brasília. Belo Horizonte, 2010.
Prezada senhorita, Gerlane! Cumprimento-a parabenizando pelo seu texto!
ResponderExcluirO assunto transversalidade é realmente bem recorrente e às vezes faltam alternativas práticas para a execução do mesmo. Nesse contexto, discutir possibilidades que venham somar com essa temática e que venham elucidar a realização da mesma. Considerando isso, a Pluralidade Cultural é um dos temas que somam aos outros cinco. Sendo assim, como a Língua Portuguesa pode contribuir através da Pluralidade Cultural (que é uma tema transversal) contribuir com o ensino de História?
Wagner Pereira de Souza
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirFico muito grata pelo seu comentário Wagner, e fico feliz em saber que gostou da leitura. Como enfatizei no texto, um dos principais objetivos da transversalidade é aproximar ao máximo a realidade do aluno do que é estudado em sala de aula, o fazendo compreender o significado do que aprende na escola, mas acredito que também seja promover uma aproximação entre as diferentes áreas do conhecimento, fomentando suas contribuições para tornar o aprendizado mais efetivo. Neste empreendimento, o ensino de Língua Portuguesa converte-se em grande aliado e de grande contribuição para o ensino de história quando o tema é pluralismo cultural, como por exemplo através do uso literatura e de histórias em quadrinhos, para citar apenas alguns. Na última parte do texto, mencionei uma palestra que também está em formato de livro, “O perigo da uma história única”, de autoria da nigeriana Chimamanda Adichie, no qual menciona questões culturais e étnicas do continente africano, contribuindo para quebrar muitos preconceitos que são pautados em uma visão eurocêntrica e estereotipada da África. Esta discussão pode ser facilmente apropriada pela Língua Portuguesa como pela história para se debater o pluralismo cultural no momento em que se faz uso de um texto literário para se pensar em questões históricas. A autora possui diversos outros livros que podem ser usados em sala de aula para se discutir o tema, bem como muitos outros. O uso de quadrinhos também é outra opção, visto que é um formato muito atrativo para os alunos. Quadrinhos que trazem personagens femininas como protagonistas, que abordam culturas diferentes, como por exemplo Persépolis de autoria de Marjane Satrapi que trata da cultura árabe, é um material riquíssimo para trabalhar o pluralismo cultural, e fomentar o diálogo entre o ensino de língua portuguesa e o ensino de história. São projetos que podem ser desenvolvidos e pensados para se aplicarem em todas as séries. Quanto as alternativas práticas, enfatizo que deve haver diálogo entre os professores da instituição, bem como empenho e dedicação, e também de toda a comunidade escolar, que devem juntos buscar desenvolver projetos que trabalhem com a transversalidade e explorem os mais diversos temas. Sempre há conexões que podem ser exploradas, aliás a história está em tudo. Espero ter respondido a sua pergunta.
ExcluirGerlane do Nascimento Mendes
Obrigado, Gerlane, pelo retorno. Ficou claro sim sua resposta. Sua argumentação está pautada em caminhos totalmente exequíveis, isso se configura uma visão muito importante de difundir o ensino. Sucesso na sua carreira Docente!
ExcluirWagner Pereira de Souza
Fico feliz em ter contemplado sua questão. Muito obrigada, te desejo o mesmo.
ExcluirGerlane do Nascimento Mendes
Qual seria a nossa contribuição enquanto formandos de História para a renovação dos conteúdos e métodos?
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ResponderExcluirDe acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais a aplicação de conceitos
ResponderExcluircomo o de cultura, se expande as perspectivas de reflexão sobre o conceito de Identidade. Deste modo surge um questionamento qual a melhor maneira de se trabalhar Cultura e Identidade de forma Integrada na sala de aula?
Hannah Karoline Amoedo Moutinho
Hannan, obrigada pela sua pergunta. Primeiramente, em meu entendimento não há como pensar cultura de forma dissociada de identidade. Ambos dialogam e se complementam, bem como contribuem para uma melhor compreensão da sociedade. São conceitos que se integram por definição, pois toda cultura interfere e ajuda a definir a identidade de um indivíduo, bem como todo indivíduo tem uma identidade cultural, ou seja uma identidade que é definida dentro de uma cultura específica. Outra questão, acredito que só é possível saber a melhor maneira de se trabalhar com um tema quando estamos vivenciando o momento em sala de aula, pois sabemos que a aprendizagem não é homogênea, nem mesmo as abordagens que usamos, e sempre devemos partir da análise do perfil de nossa turma, e isso muitas vezes só pode ser feito na prática. Digo isto pois as turmas são diferentes, os alunos são diferentes, e devemos considerar tudo isto. Mas, uma boa maneira de se trabalhar estes dois conceitos é partindo de um questionamento que pode ser feito aos alunos, como por exemplo, os perguntar “o que vocês entender por cultura africana” ou “o que é cultura para vocês”, ou “o que vocês acham que é identidade e o que forma a identidade de uma pessoa”, são questões bem simples, mas que podem nos indicar como tratar estes temas, daí pode-se começar um debate, trazer documentos, fotos, textos, livros e vídeos para serem problematizados, bem como se pode problematizar o assunto junto ao livro didático utilizado.
ExcluirGerlane do Nascimento Mendes
Muito obrigado
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ResponderExcluirAgradeço pelo conteúdo tratado neste texto sobre a transversalidade, tema este muito importante para ser tratado e desenvolvido principalmente dentro da sala de aula.
ResponderExcluirUm pequeno trecho do 4º parágrafo: [...] De grande importância ainda é fazer com que este aluno entenda a grande diversidade de identidades histórico-culturais e étnico-raciais inerentes ao meio o qual está inserido[...]
Este trecho me fez refletir que a identidade e a história étnica e cultural é um trabalho de construção, no qual o envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro, nada se sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação fornece, por isso que é necessário que se trabalhe esta pluralidade dentro da sala de aula e no ensino da história. Diante disso ouso perguntar: Ensinar a pluralidade ou viver a pluralidade ?
LUAN DE SOUSA BATISTA
Prezado Luan, agradeço a sua pergunta, muito pertinente inclusive. Acredito que ensinar a pluralidade a vivenciando, e porque a vivenciamos, é o ideal. Vivemos em uma sociedade diversa e plural por definição, todos nós presenciamos esta pluralidade diariamente, é um fato do qual não podemos fugir, e partindo dessa premissa, não podemos nos esquivar de tratar este tema em sala de aula. É um tema necessário e urgente. O próprio ambiente da escola, e mais especificamente a sala de aula pode ser o ponto de partida para trabalhar o tema da pluralidade, estimulando o respeito pelas diferenças e despertando no aluno que este é um princípio da cidadania que implica viver no mundo de forma a contribuir para que este seja melhor e mais igualitário. E como você bem destacou, “sem o outro, nada se sabe sobre ele”, precisamos assim, reconhecer a identidade e a cultura do outro para reconhecer e definir as nossas. Somos diferentes e devemos respeitar todas as culturas e identidades como bem queremos que assim seja conosco. É isso que queremos despertar no aluno, o que nem sempre – ou quase nunca o é - tarefa fácil. Nesse sentido, o objetivo é fazer com que o aluno entenda a pluralidade porque a esta vivenciando, o que se almeja é que ele desperte a partir da observação de sua vivência, de sua realidade, que a pluralidade o rodeia e é elemento constitutivo da história. É um tema que dá “muito pano pra manga” e que desperta para questões essenciais que devem ser discutidas em sala de aula. Espero que tenha contemplado o seu questionamento.
ExcluirGerlane do Nascimento Mendes