PERCURSOS DE DIÁLOGOS COM A HISTÓRIA PÚBLICA NA RELAÇÃO COM OS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA
O
itinerário do movimento dialógico
Este texto nasce do
desejo de compartilhar algumas reflexões do que está sendo tecido a respeito da
presença/ausência das mulheres nos livros didáticos no entrecruzamento com a história
pública. O percurso escolhido dessa escrita foi a apresentação de três
movimentos dialogais. No primeiro, focalizamos os sentidos e percursos da história
pública e, a seguir, discutimos o espaço escolar como possibilidade de fazer a
história pública. No segundo, articulamos reflexões sobre livro didático como
um produto a história pública, visto que é produzido, muitas vezes, por
professores que não são docentes universitários, bem como alcança um público
para além do espaço acadêmico. Ao mesmo tempo, problematizamos de forma sucinta
a circulação do conhecimento histórico a respeito da presença/ausência das
mulheres nos livros didáticos de história. E, por fim, apresentamos um
mapeamento de produções relativas à temática da presença/ausência das mulheres
nos livros didáticos na relação com a história pública, de modo a delinear um
breve balanço do debate acadêmico brasileiro em publicações de eventos, dossiês
e livros que têm como mote a reflexão sobre história pública.
Primeiro
diálogo: sentidos e percursos da história pública
Um galo sozinho não
tece uma manhã:
ele precisará sempre
de outros galos.
De um que apanhe esse
grito que ele
e o lance a outro; de
um outro galo
que apanhe o grito de
um galo antes
e o lance a outro; e
de outros galos
que com muitos outros
galos se cruzem
os fios de sol de seus
gritos de galo,
para que a manhã,
desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre
todos os galos.
E se encorpando em
tela, entre todos,
se erguendo tenda,
onde entrem todos,
se entretendo para
todos, no toldo
(a manhã) que plana
livre de armação.
A manhã, toldo de um
tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva
por si: luz balão.
(João Cabral de Melo
Neto)
Iniciamos este
percurso de diálogo tecendo algumas acepções de história pública, mas sabemos
dos riscos que tal caminho nos oferece, visto que a história pública assume
diferentes sentidos e itinerários entre os historiadores e em vários países que
ela emerge como campo de reflexão e ação. Porém, encontramos na epígrafe do poeta
João Cabral de Melo Neto, possibilidade de dilatar algumas imagens sobre
história pública. A primeira está vinculada à ideia de que o “galo não tece
sozinho uma manhã” e relacionamos com imagem da história pública tecida coletivamente
e de modo interativo. A segunda imagem que a poesia nos instiga a pensar é no
fragmento em que os galos “se encorpando em tela, entre todos, se erguendo
tenda, onde entrem todos, se entretendo para todos, no toldo”. Essa passagem traz
a noção de história pública como acesso irrestrito ao conhecimento, em que
todas as pessoas, a partir das suas experiências podem produzir conhecimento
histórico e educacional por relações dialógicas.
A poesia, além de
abrir brechas reflexivas instigantes com o movimento da história pública,
também foi escolhida porque nos sensibilizou, principalmente pelo fato desse
texto estar sendo produzido no período em que o mundo vive uma grave crise, por
conta de uma pandemia provocada pelo novo vírus Corona, denominado Covid-19 e
para vencermos essa fase crítica de contágio estamos vivendo há trinta dias em
um isolamento social. Nesse sentido é latente a percepção do quanto a relação
com o outro nos constitui e que somente coletivamente podemos vencer esse
período sombrio.
Após a reflexão a
respeito da epígrafe, enveredamos para compreender os sentidos e itinerários da
história pública em diferentes países, já que ela não é exclusividade da
historiografia brasileira. O debate remete aos idos anos 1970, em diferentes
países como Estados Unidos, Canadá, Itália, Austrália e África do Sul.
Na Europa, emergiu
como prática do uso público da história com fins político-ideológico,
preocupados com a busca e manutenção da justiça social. Em cada lugar do mundo
assume especificidades diferentes, na Inglaterra desenvolvem uma prática de
fazer história pública a partir do trabalho com memórias e narrativas,
destacando a preocupação com as identidades coletivas de diferentes regiões do
país (ALMEIDA; ROVAI, 2011; FRISCH, 2016; SANTHIAGO, 2016).
Nos Estados Unidos, também
a partir da década de 1970, o movimento da história pública está ligado a um
período de crise do mercado de trabalho universitário, surgindo para sanar os
problemas de empregabilidade bem como oferecer uma carreira alternativa para
aqueles que não estavam vinculados na
universidade e nem ligados à área do ensino, trazendo outras possibilidades de
espaços de trabalho como os museus,
rádios, arquivos, empresas e outros (SANTHIAGO, 2018).
No Brasil, a história
pública tem assumido significados diferentes, tanto ela pode enveredar pelo
caminho da difusão científica em espaços não universitários e ambientes
virtuais, como também construir projetos com diferentes sujeitos tendo em vista
a produção de conhecimentos históricos, tecidos de modo dialógico, colaborativo
e coletivo, em diferentes lugares, inclusive na escola.
O movimento da
história pública intensifica a partir de 2011 com o surgimento da Rede
Brasileira de História Pública e principalmente pela necessidade de colocar em
diálogo o conhecimento acadêmico, escolar e comunitário na arena pública;
refletir com públicos diversos pelas diferentes mídias; ouvir as experiências
vividas de diferentes sujeitos e seus múltiplos discursos para pensar sobre
questões socialmente vivas no presente.
A historiadora Marta
Rovai (2018) destaca que a “reflexão sobre sua especificidade na academia vem
se expandindo nos últimos anos”. Reitera ainda: “Talvez a principal diferença
entre o que a história pública propõe e o que a academia produz seja a
ampliação do espaço e do seu público, e aos usos do conhecimento” (ALMEIDA;
ROVAI; 2011, p. 8-9).
Um dos precursores do
movimento da história pública no Brasil é Ricardo Santhiago (2016), fundador da
Rede Brasileira de História Pública. O historiador não compreende a história
pública como um campo novo com métodos, objetos e temáticas diferentes do campo
disciplinar da história, embora, reconhece que existem pesquisadores que
defendem essa ideia. No entendimento desse pesquisador estamos alargando os
espaços de diálogos com os públicos, intensificando a produção de conhecimentos
históricos coletivos para além dos muros acadêmicos e divulgando por diferentes
canais de comunicação.
Michael Frisch (2016)
traz contribuições para a História Pública ao apresentar o conceito de
autoridade compartilhada no campo historiográfico. Defende que o conhecimento
pode ser construído pela via de mão dupla, em que pesquisador e públicos são
produtores de conhecimento. Embora desenvolva tal conceito a partir de
trabalhos que envolvem a história oral, acreditamos que tal perspectiva é
promissora para a investigação historiográfica, principalmente, pela
potencialidade de trazer modos de produção de conhecimento histórico tecido por
relações dialógicas, colaborativas e interativas, rompendo com a hierarquização
dos saberes. Tal perspectiva vem ao encontro das contribuições
teórico-metodológicas de Edward Palmer Thompson (1981), ao compreender que o
conhecimento histórico é construído no diálogo entre sujeito e objeto.
Compreendemos que a
História Pública não se encontra separada da operação historiográfica e dos
fundamentos da teoria da história. Ao construir diálogos entre os saberes
acadêmicos e não acadêmicos, ela amplia a “ideia de acesso e publicização de
projetos acadêmicos, e busca a produção e difusão compartilhada do
conhecimento” (ANDRADE; ALMEIDA, 2018).
Para Juniele Almeida e
Marta Rovai “é um novo caminho de conhecimento e prática, de como se fazer
história”, uma possibilidade de “colaborar para a reflexão da comunidade sobre
sua própria história, a relação entre passado e presente. Enfim, como tornar o
passado útil para o presente” (ALMEIDA; ROVAI; 2011; p.8). Nesse modo de fazer
a história pública com o público, o que realmente é significante não é o
resultado, mas sim o processo, as mudanças, as tensões encontradas, e como o
coletivo compreende sobre a sua própria história e as questões socialmente
vivas no presente.
Um dos espaços do
exercício da história pública é a escola, pois é o lugar onde a produção de
conhecimento histórico e educacional pode ser tecida pela via da autoridade
compartilhada (FRISCH, 2016). Nessa perspectiva, alunos e professores são
sujeitos ativos no processo de construção (PAIM, 2005, GALZERANI, 2008; FRANÇA,
2015, CUNHA, 2016) entrecruzando saberes profissionais, experienciais,
pedagógicos, historiográficos, estudantis, tecidos por meio de relações
dialógicas, interativas e coletivas (THOMPSON, 1981; FRISCH, 2016).
A escola é um “lugar
onde as relações entre os saberes (docentes, dos alunos, oriundos da sociedade)
circulam e tencionam frente aos novos saberes, como também, diante da
complexidade dos fenômenos educativos e das incógnitas postas pelo cotidiano”
(MOLINA; FORTUNA, 2015, p. 221). A interlocução de saberes entre estudantes e
professores, a circularidade do conhecimento e a criticidade do saber histórico
são fundamentais para a história
pública. Destacamos ainda a importância de os professores refletirem “com o
estudante sobre nosso papel no processo histórico e das capacidades de atuar no
contexto, em que estamos imersos. Na sala de aula, portanto, se desenvolvem
práticas de história pública com intensa atividade intelectual” (PENNA;
FERREIRA, 2018, p. 114).
Segundo
diálogo: livros didáticos: “produto” da história pública
Os meios de circular o
conhecimento histórico no espaço escolar a partir da renovação historiográfica
vão desde as mídias, jornais, a música, literatura, os filmes, livros didáticos
até outros meios. Dessa possibilidade, interessa-nos compreender a confluência
das temáticas livro didático e história pública, considerando o livro didático
como um produto da história pública, visto que é produzido muitas vezes por
professores que não são docentes universitários e alcança um público além do
espaço acadêmico.
Os materiais didáticos,
inegavelmente, desempenham importante papel no interior das culturas escolares
no Brasil, por se constituírem em uma das principais referências de leituras
para a formação dos estudantes, principalmente em regiões com menor poder
econômico e social. (CHOPPIN, 2004). Apesar das críticas realizadas por vários
pesquisadores como Alain Choppin, entre outros, nos últimos trintas anos, pelo
fato de tais materiais: a) circularem o conhecimento histórico carregado de
valores, ideológicos e culturas, participando ativamente do processo de
socialização e aculturação; b) estarem relacionados com as políticas públicas
educacionais, nesse sentido, evidencia-se a função do Estado nas normatizações,
no controle da produção e circulação do conhecimento. Ainda assim, sabemos que
esse ainda continua sendo o principal veículo de circulação e divulgação do
conhecimento histórico para o público escolar e que leituras plurais podem ser
instigadas no diálogo entre professores, alunos e livros didáticos.
Nos últimos vinte e
cinco anos, o livro didático vem passando pelo sistema de avaliação do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD) contribuindo para a melhoria na qualidade
desses materiais. Outras mudanças também aconteceram no estado do Paraná como a
lei de número 13.381/08, que torna obrigatório, na rede pública estadual, o
ensino do conteúdo de História do Paraná; e a lei número 11.645/08 que torna
obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
Reconhecemos a
importância da legislação e trazemos no bojo das discussões de nosso trabalho,
a preocupação em compreender como as mulheres estão sendo representadas nesses
materiais. É necessário perceber através de pesquisas fomentadas na área, se as
demandas sociais por representação igualitária das mulheres estão presentes nos
livros didáticos. Como é possível o público feminino se reconhecer como sujeito
da história quando o livro didático circula um conhecimento predominantemente portador
de valores patriarcal e masculino?
Simone de Beauvoir (1967),
afirma que a mulher não nasce mulher, mas se torna mulher”, em parte,
conhecendo a sua história, por isso é necessário incluir as mulheres nas
narrativas produzidas pelos materiais didáticos.
No artigo intitulado ‘O
ensino de história e os estudos de gênero na historiografia brasileira’, de
autoria de Ana Maria Colling e Losandro Tedeschi (2015), questiona: quais os
livros de história, usados em salas de aula no Brasil, abordam as histórias
femininas”?
É fundamental que os
livros didáticos rompam com narrativas pautadas na ideologia dominante,
masculina, branca e a do hétero, então sejam construídos com o alicerce das
visões plurais, da diversidade, no reconhecimento das múltiplas identidades dos
sujeitos que (con)vivem no ambiente escolar, promovendo a desconstrução de
estereótipos e rótulos que foram impostos, ao longo do tempo às minorias
sociais. Por isso, na busca de uma educação igualitária, inclusiva e
democrática acreditamos na importância da presença das mulheres de forma
significativa, tanto no passado como no presente nos materiais didáticos.
É tarefa do professor/
historiador despertar no presente as “centelhas da esperança”. Para que essa
história seja arrancada do conformismo, precisamos “escovar a história a
contrapelo” como nos convida o filósofo alemão Walter Benjamin, o que implica olhar
para o passado, não simplesmente para conhecê-lo tal como ele foi, mas para
agir no presente, em busca de um futuro mais significativo para a coletividade.
(BENJAMIN, 1985).
A seguir, mapearemos os
trabalhos relativos à temática da presença/ausência das mulheres nos livros
didáticos na relação com a história pública, de modo a delinear um breve
balanço do debate acadêmico brasileiro.
Terceiro
diálogo: mapeamento dos trabalhos produzidos na área e análise da pesquisa
O desenvolvimento da
pesquisa bibliográfica foi de natureza qualitativa e quantitativa através de coleta
e análises: 1) nos anais decorrentes dos congressos específicos de história
pública; 2) nos artigos científicos publicados em dossiês de história pública;
e, 3) nos livros acadêmicos intitulados como história pública. O recorte temporal para essa investigação foi o
período de 2011, um marco para o movimento da história pública com a criação da
Rede Brasileira de História Pública (RBHP) até 2019. Geralmente o mapeamento das
produções acadêmicas debruça-se, predominantemente, em análises quantitativas,
característica desse tipo de abordagem.
O tema História Pública
no Brasil ganha visibilidade a partir da obra Introdução à História Pública,
das autoras Juniele Rabêlo de Almeida e Marta Rovai, no ano de 2011. Os 14
artigos produzem reflexões que dão o pontapé inicial no campo de reflexão e ação
da história pública. Ao nos debruçarmos sobre os trabalhos disseminados, não
encontramos discussão sobre livros didáticos e nem pelo viés da presença das
mulheres nessas produções.
No ano seguinte após
essa obra, foi lançado outro germe de debate com a realização do 1° Simpósio
Internacional de História Pública na USP com discussões a respeito de questões
teórico-metodológicas em torno da história pública em nosso país no diálogo com
as perspectivas internacionais. O anais do evento foram compostos por 71
artigos publicados. Analisando minuciosamente tais artigos, encontramos um que perpassava
nossa área de investigação, o da autora Erica D. Ezequiel, com o título Esboço
para um concerto: música, história e livro didático. O objetivo era o de
compreender o formato sob o qual a informação músico-histórico-documental era
proposta às estudantes nos exercícios a serem realizados.
Em 2014 a Revista
Estudos Históricos (CPDOC-FGV) e a Revista Resgate organizaram dossiês de História
Pública, totalizando 25 artigos, mas não encontramos temas relacionados à nossa
proposta de investigação, no entanto, são discussões significativas para
ampliarmos o debate na área.
Foi realizado o 3°
Simpósio Internacional de História Pública na Universidade Regional do Cariri, em
2016, porém os artigos dos anais estavam distantes da nossa temática em
questão. Nesse mesmo ano, a Revista Tempo e Argumento organizou um Dossiê de
História Pública com o artigo ‘Representação do passado e a História Pública: a
História das Mulheres na Internet’ de Gabriela Correa que tangenciou o tema que
investigamos, contribuindo para pensar de forma dilatada a presença/ausência
das mulheres em outros espaços como os midiáticos.
Ainda no ano de 2016, mais
uma obra foi publicada, a História Pública no Brasil Sentidos e Itinerários
2016, organizado por Ana Maria Mauad, Juniele Rabêlo de Almeida e Ricardo
Santhiago, com 25 artigos. No eixo específico de debate sobre educação capturamos
o artigo da autora Thais Nívia de Lima e Fonseca intitulado Ensino de História,
Mídia e História Pública que faz uma abordagem relacionada com a divulgação do
conhecimento histórico e perpassa de forma superficial o livro didático, visto
que não é o mote de sua reflexão.
A Revista Observatório
em 2017 publicou o dossiê de História Pública, dali flagramos o artigo História
Pública e Ensino de História: um olhar sobre o filme no livro didático de
autoria do Rodrigo de Almeida Ferreira que reflete as narrativas fílmicas nos
livros didáticos.
O 4° Simpósio
Internacional da Rede Brasileira de História Pública aconteceu em 2018, na USP
e ainda não disponibilizou os artigos dos anais do evento.
Nesse mesmo ano foi
publicado o livro História Pública em Debate: Patrimônio, Educação e Mediações
do Passado, organizado por Juniele Rabêlo de Almeida e Sônia Meneses, com reflexões
sobre os seguintes eixos: a) História Pública e Patrimônio; b) História Pública
e Educação; c) História Pública e Mediações do Passado. Dos 25 artigos que
analisamos, destacamos no último eixo o texto Livros, Leitores e Internautas:
Os Guias da História e os embates pelo passado através da mídia de Sônia
Meneses. A autora analisa os conteúdos disseminados pelos guias sucesso de vendas
em nossa sociedade e os motivos que os públicos estão lendo e comentando tais
obras, para essa reflexão perpassa a discussão da relação dos brasileiros com
os livros e especialmente o livro didático.
Ainda em 2018 tivemos uma
publicação importante na área, organizada por Ana Maria Mauad, Ricardo
Santhiago e Viviane Trindade Borges intitulada Que História Pública Queremos? (What Public History do we Want”?). Ao analisarmos
detidamente sobre os 20 artigos, identificamos que não estavam divididos em eixos
de discussões e com preocupações distintas das nossas, porém trouxeram debates profícuos
a partir de autores internacionais e nacionais para avançarmos no debate sobre
história pública.
Outra produção
relevante foi disseminada pela Revista NUPEM no ano de 2019, no dossiê História
Pública, que acolheu artigos nacionais e internacionais que aprofundaram reflexões
teórico-metodológicas a respeito da temática.
Por fim, a Revista
História Hoje divulgou o dossiê de História Pública em 2019, apesar de não identificarmos
discussões sobre os livros didáticos e história pública, mas, vale destacar que
os artigos que compõem esse dossiê trazem significativas contribuições para a
área do ensino de história na interface com a história pública.
Um
percurso em construção
O mapeamento delineado
foi importante para identificarmos a escassez de investigações sobre a temática
das mulheres nos livros didáticos no diálogo com a História Pública. Tal
levantamento contribuiu para a pesquisa que vem sendo desenvolvida no programa
de mestrado em História Pública da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), pois
percebemos uma lacuna de investigação sobre a presença/ausência de mulheres nos
livros didáticos dentro do debate sobre história pública.
É urgente o fomento a pesquisas
com essa temática, pois o livro didático é um dos materiais que circula o
conhecimento histórico escolar para além dos espaços da academia e é necessário
compreender como esse conhecimento está sendo difundido no público escolar, bem
como é promissora a possibilidade de construirmos com as mulheres (professoras)
pela via da autoridade compartilhada, materiais didáticos que subsidiem
leituras a contrapelo.
Referências
Ana Carolina Prohmann
é mestranda no Programa de Pós-Graduação em História Pública (PPGHP) pela
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). E-mail: prohmann94@hotmail.com
Cyntia Siomioni França
é doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Atualmente é docente no Programas de Pós-Graduação em História Pública (PPGHP)
e Profissional em Ensino de História (ProfHistória) na Universidade Estadual do
Paraná (UNESPAR). E-mail: cyntiasimioni@yahoo.com.br
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História pública e autorreflexividade: da prescrição ao processo. Tempo e
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da teoria ou um planetário de erros. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
Olá Ana, primeiramente, parabéns pela temática. Por muitos anos a história das mulheres foi ocultada e não foi representada nos livros didáticos, vemos que isso está mudando, mas ainda precisamos de mais pesquisa e inclusão. Sendo sua pesquisa partindo das perceptivas da História Pública, como você irá conduzir o diálogo entre as professoras e o livro didático? Além disso, é possível ampliar e divulgar o material produzido para as demais audiências? Haverá participação de outras mulheres ou apenas professoras?
ResponderExcluirObrigada
Jocimara Maciel Correia
Olá Jocimara, muito obrigada pelo apoio e pelas considerações.As oficinas com as professoras de História, vão ser pautadas através das experiências dessas mulheres como professoras trabalhando com livros, que em sua grande parte excluíram as mulheres da história, a partir das práticas de rememoração. Os materiais produzidos nesses encontros serão analisados em conjunto com as professoras, para a produção de um paradidático. A principio a participação das oficinas é apenas com professoras de História.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAlou Ana e Cyntia. Parabéns pela pela proposta de pesquisa e pelo tema abordado, necessário em tempos de ataques aos direitos conquistados pelas mulheres. A partir do texto apresentado no diálogo da História Pública e livros didáticos, vocês consideraram a possibilidade das representações de mulheres em materiais didáticos em outras plataformas, por exemplo, aquelas disponibilizadas em sites de escolas? Grata
ResponderExcluirEsqueci de me identificar. Ana Heloisa Molina. UEL
ExcluirOlá Ana Heloisa, obrigada!
ExcluirA princípio estamos trabalhando apenas com o livro didático, por ser ainda, o material mais utilizado pelos professores e professoras em sala de aula, e pelo fato das professoras relatarem suas experiências com esses livros durante as oficinas. Mas pode ser uma possibilidade futura.
Alou Ana e Cyntia. Parabéns pela pela proposta de pesquisa e pelo tema abordado, necessário em tempos de ataques aos direitos conquistados pelas mulheres. A partir do texto apresentado no diálogo da História Pública e livros didáticos, vocês consideraram a possibilidade das representações de mulheres em materiais didáticos em outras plataformas, por exemplo, aquelas disponibilizadas em sites de escolas? Grata. Ana Heloisa Molina. UEL
ResponderExcluirOlá Ana Heloisa, obrigada!
ResponderExcluirA princípio estamos trabalhando apenas com o livro didático, por ser ainda, o material mais utilizado pelos professores e professoras em sala de aula, e pelo fato das professoras relatarem suas experiências com esses livros durante as oficinas. Mas pode ser uma possibilidade futura.
Grata Ana. Desejo sucesso na pesquisa. Abraços. Ana Heloisa Molina
ExcluirOlá, Ana Carolina e Cyntia! Primeiramente, parabéns pelo artigo e pela temática apresentada. No mais, lendo a proposta de pesquisa, vocês também pretendem englobar as representações femininas já presentes nos livros e, em que medida, elas reforçam esteriótipos? Um abraço
ResponderExcluirAnna Lívia Gomes
Olá Anna Lívia, muito obrigada!
ExcluirSim, nas oficinas com as professoras de História, até pelo fato das mulheres pouco aparecerem nesses livros, mas quando estão presentes, é na figura de uma mulher apenas, e como você escreveu reforçando um esteriótipo. E a participação feminina deve estar presente como parte integral do ensino de história, e não uma história a parte.
Abraços.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Ana e Cyntia. Primeiro parabéns pelo artigo. Sou encantada com a História pública desde que descobri o quanto ela está intimamente ligada a minha atuação enquanto professora. Me agrada muito a ideia de que a sala de aula é o lugar onde diferentes narrativas aparecem nas histórias de meus alunos. Ainda pouco estava assistindo o I Ciclo Virtual de Debates - Profhistória 2020, onde o professor Nilton Mulleti Pereira trazia essa questão da importância do saber ouvir no processo de ensino aprendizagem, e conversando com meu orientador Bruno, ficou um questionamento que vou colocar aqui para vocês. Por que ainda hoje alguns historiadores tendem a não admitir que outras pessoas tem outras relações com a História? Outras relações com o passado, devido suas histórias de vida.O professor Nilton dizia agora pouco que tudo é possível ser historicizado. Como vocês percebem essas questões sob a perspectiva da História pública?
ResponderExcluirAtenciosamente Janaina Piron Branco.
Oi Janaina! muito obrigada!
ExcluirUma das possibilidades dentro do movimento da História Pública é pensar a partir do conceito do Michael Frisch da Autoridade Compartilhada, com as experiências dos sujeitos que vão colaborar com a pesquisa de forma dialógica. Com produção de conhecimento histórico tecido pelo viés colaborativo, com relações dialógicas, de forma interativas e compartilhada.
Nessa perspectiva que a pesquisa vai se desenvolver, considerando as experiências dos sujeitos, entendendo eles como produtores também de conhecimento.
Boa noite Ana e Cyntia. Parabéns por assumirem esse ato político de posicionamento em defesa da presença e valorização das mulheres no livro didático! Como seria desenvolvida esta proposta, no viés da História Pública, para ampliar as vozes do público feminino da e na história apresentada nos livros didáticos e para além das salas de aulas?
ResponderExcluirBoa noite Marli, muito obrigada!
ResponderExcluirPretendemos trabalhar com a autoridade compartilhada, com a produção em conjunto. Buscamos sempre trabalhar com e não "sobre" o outro, por isso a proposta de uma produção em conjunto com as professoras a partir das oficinas realizadas.